Paroquianos do Carmo lançam recolha de donativos

Paroquianos do Carmo lançam recolha de donativos

SITUAÇÃO DE TRABALHADORES NÃO-RESIDENTES PREOCUPA CATÓLICOS DA TAIPA

Dezenas de pessoas associaram-se no passado Domingo a uma campanha de recolha de donativos e de alimentos lançada por um grupo de leigos da paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na Taipa. Os donativos foram canalizados para trabalhadores não-residentes que perderam o emprego e se encontram num limbo devido à pandemia de Covid-19 e às novas regras de contratação de mão-de-obra estrangeira.

Arroz, massa, óleo, enlatados, mas sobretudo donativos em dinheiro. Dezenas de pessoas responderam afirmativamente a um apelo colocado a circular nas redes sociais por um grupo de paroquianos da igreja de Nossa Senhora do Carmo, na Taipa. Na origem da iniciativa esteve um sermão feito recentemente pelo padre Eduardo Emílio Aguero, em que sacerdote argentino chamava a atenção para as dificuldades com que se deparam muitos trabalhadores não-residentes a quem a pandemia de Covid-19 trocou as voltas.

O apelo não caiu em saco roto e no Domingo, após a missa em língua portuguesa, os paroquianos que impulsionaram a iniciativa recolheram dezenas de sacos com alimentos e outros donativos para entregar no Centro Pastoral Católico para os Migrantes Filipinos, uma das organizações que vão fazer chegar os donativos aos que deles necessitam.

Actual responsável pela comunidade católica de língua portuguesa na Taipa, o padre Eduardo Emílio Aguero mostrou-se surpreendido com a resposta dos paroquianos, mas recusou qualquer protagonismo pela iniciativa, até porque não cabe aos sacerdotes desenvolver o trabalho de cariz social que compete aos leigos. «Fiquei surpreendido. Não estava à espera desta resposta. Os paroquianos reagiram (…)A nossa missão, enquanto sacerdotes, é consciencializar. Os leigos são quem tem que se mover. A missão do trabalho de cariz político e social é dos leigos, não é dos sacerdotes», defendeu o também missionário da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus, que já trabalhou nas Indonésia. «Esta é uma acção dos leigos. Eu prego aqui. Preguei uma vez, eles ouviram e reagiram. O que posso fazer? Vou dar alento ao que eles fazem, porque é muito bom», reiterou o padre Aguero, em declarações a’O CLARIM.

Entre os beneficiários da campanha informal de angariação de donativos estão sobretudo trabalhadores não-residentes de nacionalidade filipina, mas também cidadãos vietnamitas e até africanos que se encontram em situação difícil depois de terem perdido o emprego, explicou o sacerdote: «Também estamos a ajudar na paróquia de Nossa Senhora de Fátima, onde há filipinos, vietnamitas e algumas famílias africanas em dificuldades. Eles solicitaram apoio, ao nível de alimentos e de dinheiro».

A culpa da situação em que se encontram dezenas de trabalhadores não-residentes em Macau é da pandemia de Covid-19, mas também da nova Lei de Contratação de Trabalhadores Não-Residentes, que entrou em vigor em Outubro último e que empurrou todos quantos perderam o emprego desde então para um limbo jurídico. «O problema é que há algumas leis que não ajudam a quem está a trabalhar em Macau. Aqueles que foram despedidos não podem ser reempregados. Têm que sair da Macau, voltar ao seu país e é a partir de lá que podem procurar um novo emprego. Mas o que é que podem fazer se neste momento não há voos? É uma situação muito difícil», sublinhou o padre Eduardo Emilio Aguero.

Marco Carvalho

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