Papa Francisco homenageou dois padres do século XX

«É preciso devolver a palavra aos pobres»

O Papa afirmou, na passada terça-feira, que é preciso «devolver a palavra» e respeitar a dignidade dos mais pobres, numa visita à localidade italiana de Barbiana, onde homenageou o padre Lorenzo Milani (1923-1967).

«É preciso devolver a palavra aos pobres, porque sem a palavra não há dignidade e, portanto, não há liberdade nem justiça», defendeu Francisco nesta localidade, território da arquidiocese de Florença.

O Papa esteve no norte da Itália para uma homenagem pessoal a dois sacerdotes católicos do século XX, Primo Mazzolari (1890-1959) e, mais tarde, o padre Lorenzo Milani, por ocasião do 50º aniversário da sua morte.

Na sua última intervenção, Francisco sublinhou que a palavra que «pode abrir caminho para a plena cidadania na sociedade, através do trabalho, e para a plena pertença à Igreja, com uma fé consciente».

«No nosso tempo, só a possibilidade de ter a palavra pode permitir o discernimento de tantas e, muitas vezes, confusas mensagens que chovem agora», prosseguiu.

O Papa apelou a uma «plena humanização» para cada pessoa nesta terra, defendendo o direito «ao pão, à casa, ao trabalho, à família» e à «possa da palavra, como instrumento de liberdade e de fraternidade».

Francisco chegou a Barbiana vindo de Bozzolo, de helicóptero, e recolheu-se de imediato em oração junto do túmulo do padre Milani.

Já na praça junto à igreja paroquial, o Papa dirigiu-se aos presentes para pedir amor pela Igreja e atenção aos «mais pobres e frágeis, seja na vida social como na vida pessoal e religiosa».

A intervenção evocou o padre Lorenzo Milani como um sacerdote que «testemunhou como no dom de si a Cristo se encontram os irmãos nas suas necessidades».

A visita contou com a presença de antigos discípulos e alunos do sacerdote florentino, que o Papa citou: «Aprendi que os problemas dos outros são iguais aos meus. Sair deles juntos é política. Sair sozinho deles é mesquinhez».

Francisco falou depois aos padres presentes, aos quais pediu que tenham «sede de Absoluto» e vivam com a força da fé e da caridade.

Antes de fechar o seu discurso, o Papa quis sublinhar que a sua visita quis ser um reconhecimento da «fidelidade ao Evangelho e retidão da acção pastoral» do padre Lorenzo Milani, que nem sempre terá sido compreendida.

«A Igreja reconhece nesta vida um modo exemplar de servir o Evangelho, os pobres e a própria Igreja», insistiu.

Após este encontro, o Papa regressou ao Vaticano, concluindo assim uma viagem que partiu da sua própria iniciativa.

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