PAPA FRANCISCO E OS MEDIA

PAPA FRANCISCO E OS MEDIA

Comunicação é «uma missão» para a Igreja Católica

O Papa Francisco sustentou, na passada segunda-feira, no Vaticano, que a comunicação é uma «missão» para a Igreja Católica, que exige investimento e «coragem».

«Para a Igreja, a comunicação é uma missão. Nenhum investimento é demasiado alto para espalhar a Palavra de Deus. Ao mesmo tempo, todo o talento deve ser bem empregue, feito para dar frutos», referiu no discurso que entregou aos responsáveis da Secretaria para a Comunicação (da Santa Sé), incluindo D. Nuno Brás, bispo do Funchal (ilha da Madeira, Portugal).

Francisco deixou de lado o texto que tinha preparado, confiando-o a Paolo Ruffini, o primeiro leigo a desempenhar o papel de prefeito de um Dicastério da Santa Sé.

Já na sua intervenção improvisada, o Papa pediu uma comunicação «austera, mas bonita», que transmita a mensagem como «testemunho» e através de «substantivos», sem adjectivar as pessoas. «Comunicação como mártires, isto é, como testemunhas de Cristo: como mártires», precisou.

O Papa observou que, na Igreja Católica, comunicar não é um trabalho de «publicidade», mas uma imitação do «ser de Deus», que não pode ficar sozinho, pelo que se deve transmitir «o verdadeiro, o certo, o bom e o belo».

A intervenção alertou para a tentação de «resignação» perante a falta de meios, observando que os «poucos» têm a missa de ser como o «fermento, como o sal».

A Assembleia Plenária da Secretaria para a Comunicação decorreu até à passada quarta-feira.

No mesmo dia, o Papa recebeu uma delegação da União Católica de Imprensa Italiana, a quem pediu que sejam «a voz da consciência de um jornalismo capaz de distinguir o bem do mal, as escolhas humanas das desumanas».

«O jornalista – que é o cronista da história – é chamado a reconstruir a memória dos factos, a trabalhar pela coesão social, a dizer a verdade a todo o custo: também há uma parrésia, isto é, uma coragem do jornalista, mas sempre respeitoso, nunca arrogante», apontou.

Francisco assinalou que a comunicação tem necessidade de palavras «verdadeiras» no meio de palavras «vazias», criticando o «alambique» dos interesses financeiros que limitam opções editorais.

«Na era da “web”, a tarefa do jornalista é identificar fontes fiáveis, contextualizar, interpretar e hierarquizar. Eu dou sempre este exemplo: uma pessoa morre congelada na rua e isso não é notícia; a bolsa cai dois pontos e todas as agências falam sobre isso», ilustrou.

Em conclusão, o Papa desafiou os jornalistas a «inverter a ordem das notícias» para «dar voz àqueles que não as têm».

In ECCLESIA

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