Paulino de Nola:

PAIS DA IGREJA (40)

Paulino de Nola: difundir a verdade na caridade e na beleza

Passamos agora para o Sul de Itália, onde nos encontramos com São Paulino de Nola. Na verdade, este nasceu em Bordéus, no seio de uma família ilustre, em 354 d.C. Aí recebeu uma excelente educação literária do poeta Ausónio.

Começou por seguir uma carreira política. Tendo emigrado para Itália, tornou-se, ainda jovem, governador da Campânia, sendo admirado pela sua sabedoria e delicadeza. “Foi neste período que a graça fez germinar no seu coração a semente da conversão. O estímulo veio da fé simples e intensa com que o povo honrava o túmulo de um Santo, o mártir Félix, no Santuário da actual Cimitile. Como responsável da vida pública, Paulino interessou-se por este Santuário e fez construir um hospício para os pobres e uma estrada para facilitar o acesso aos numerosos peregrinos” (Bento XVI, Audiência Geral de 12 de Dezembro de 2007).

A vida pública, porém, não o fez feliz. Perdeu o favor das autoridades políticas, o que o levou a aperceber-se da vaidade do poder e da posse terrenos. Mais tarde, escreverá: “O homem sem Cristo é pó e sombra” (Carme X, 289).

A procura de um sentido para a vida leva-o a Milão, onde frequenta a escola de Santo Ambrósio. Regressa a Bordéus e termina a preparação para o Baptismo, que é administrado pelo bispo Delfino de Bordéus. O seu tutor Ausónio não gostou da decisão, mas tal não significa que Paulino tenha abandonado a poesia. Em vez disso, concentra os seus temas em ideais mais elevados. “Para mim, a única arte é a fé, e Cristo é a minha poesia” (Carme XX, 32).

Casou-se então com uma devota espanhola, Therasia (Terasia), tendo vivido na propriedade da mulher, em Espanha. Tiveram um filho que morreu poucos dias depois de nascer. Isto levou-o a pensar que Deus queria que seguisse um caminho diferente. Falou então com a esposa e decidiram vender os seus bens e usá-los para ajudar os pobres. Deixaram Aquitânia e estabeleceram-se em Nola, onde marido e mulher viveram em casta companhia, o que levou outras pessoas a eles se juntarem em comunidade.

A sua vida edificante foi provavelmente o que levou Lampius, bispo de Barcelona, a ordená-lo no dia de Natal de 393 ou 394, apesar da resistência de Paulino. A vida em comunidade não o impediu de se ocupar dos peregrinos. A preocupação com as pessoas a seu cargo levou-o a ser eleito bispo de Nola em 409. Intensificou a sua actividade pastoral, cuidando especialmente dos necessitados e abrindo-lhes espaço no mosteiro. Foi “um Bispo de grande coração, que soube estar próximo do seu povo nas tristes situações das invasões bárbaras” (Bento XVI, Audiência Geral de 12 de Dezembro de 2007).

A sua prática da virtude era tão marcante e atraente que os Santos Agostinho, Jerónimo, Melânia, Martinho, Gregório e Ambrósio o elogiaram nas cartas que com ele trocaram.

São Paulino não só compreendeu a importância de uma vida exemplar. Sabia também que a beleza era um importante instrumento de evangelização. Isso levou-o a empreender obras de construção em 402 e 403. “Ele quis expressar este mesmo conceito ampliando o espaço do Santuário com uma nova basílica, que fez decorar de modo que as pinturas, ilustradas com as respectivas didascálias, constituíssem para os peregrinos uma catequese viva. Assim ele explicava o seu projecto numa poesia dedicada a outro grande catequista, São Nicetas de Remesiana, enquanto o acompanhava nas visitas às suas Basílicas: ‘Agora desejo que tu contemples as pinturas que se desenrolam em grande série nas paredes dos pórticos pintados… Pareceu-nos ser uma acção útil representar com a pintura temas sagrados em toda a casa de Félix, na esperança de que, à vista destas imagens, a figura pintada suscite o interesse das mentes admiradas dos camponeses’ (Carme XXVII, vv. 511.580-583). Ainda hoje se podem admirar os vestígios destas realizações, que situam justamente o santo de Nola entre as figuras de referência da arqueologia cristã” (Bento XVI, Audiência Geral de 12 de Dezembro de 2007).

São Paulino morreu em Nola, a 22 de Junho de 431.

Pe. José Mario Mandía

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