América Latina dá vitalidade à Igreja.
O padre Arturo Sosa, da Venezuela, é o novo superior geral da Companhia de Jesus (Jesuítas), anunciou a instituição religiosa, na passada sexta-feira, após a eleição que decorreu em Roma.
O sacerdote de 67 anos foi eleito como responsável mundial dos jesuítas pelos participantes na 36ª Congregação Geral, a reunião magna que se iniciou a 3 de Outubro.
O 30.º sucessor de Santo Inácio de Loiola, fundador da Companhia de Jesus em 1540, trabalhava atualmente em Roma, como membro do Conselho do anterior superior geral, e é doutorado em Ciências Políticas; nasceu a 12 de Novembro de 1948, em Caracas.
Em declarações à Rádio Vaticano, o padre Arturo Sosa falou num «grande desafio» que «não é trabalho de uma pessoa, mas do corpo da Companhia».
Após a eleição, o nome do novo superior geral foi comunicado ao Papa. Recorde-se que Francisco é o primeiro pontífice jesuíta na história da Igreja Católica.
A 36.ª Congregação Geral reuniu 215 jesuítas de 62 países. As Congregações Gerais realizam-se quando é preciso eleger um novo superior geral ou quando o actual responsável mundial precisa de tomar decisões.
A reunião foi convocada pelo padre Adolfo Nicolás, anterior superior geral, que em 2014 anunciou a decisão de renunciar ao cargo.
A ordem religiosa é a maior em número de sacerdotes e irmãos da Igreja Católica.
Macau alegre
com a eleição
«Esta eleição surge em resultado da resignação do padre Adolfo Nicolás, uma situação que já havia acontecido antes: primeiro com o padre Pedro Arrupe – o Papa João Paulo II não aceitou a resignação, mas acabaria por ser substituído por razões de saúde – e depois com o padre Peter Hans Kolvenbach, que esteve no cargo 25 anos», começou por referir a’O CLARIM o padre Luís Sequeira.
O antigo superior dos jesuítas em Macau revelou sentir «uma enorme alegria» pela escolha do padre Arturo Sosa, pela forma «dócil e humilde» como decorreu o processo de eleição e pela capacidade «intelectual, de recolha e oração» dos intervenientes no processo.
Para o padre Sequeira, esta eleição é exemplo da «juventude e dinâmica da Igreja Católica na América Latina», também «fruto da acção da Companhia de Jesus» no continente sul-americano.
Em contraste, o sacerdote lamentou a actual evolução da Igreja Católica no Velho Continente: «O mundo europeu está em certo sentido mais vazio em termos espirituais. Veja-se o que tem acontecido na União Europeia em que o Parlamento tem vindo a recusar a tradição cristã da Europa», disse, acrescentando: «Já na América Latina estamos perante uma Igreja nova que começa a dar frutos, que começa a dar novos homens numa perspectiva universal».
Estando ligado às Ciências Políticas e Sociais e à Igreja na América Latina, o padre Arturo Sosa personifica a «sensibilidade da Igreja para com a comunidade e os aspectos sociais». Daí que, no entender do padre Sequeira, haja dois conceitos a reter com esta eleição: «Estamos perante uma visão de futuro, num tempo que se quer contemplativo e de oração».
J.M.E. com ECCLESIA