Deixai-Lo ver, deixai-Lo falar, deixai-Lo explorar-vos
A oração certamente que necessita da nossa motivação e esforço, mas Jacques Philippe dizia: «O que importa na oração não é o que nós dizemos ou fazemos, mas o que Deus faz em nós durante esses momentos. No fundo a acção essencial na oração é colocarmo-nos na presença de Deus e aí ficarmos. Essa presença, que é a do Deus Vivo, é activa, vivificante. Cura-nos e santifica-nos. Não podemos ficar perto do fogo sem nos sentirmos aquecidos» (Tempo para Deus).
Assim, durante a oração, devemos deixar o Senhor olhar para nós e falar connosco.
Deixai-Lo olhar
O Papa Francisco perguntou: «Vós deixai-vos ser vistos pelo Senhor? Deixemo-nos ser vistos pelo senhor. Ele olha para nós e isso já é, em si, uma forma de oração. Sois vós vistos pelo Senhor? Esse facto aquece-nos o coração, acendendo o fogo da amizade com o Senhor, fazendo-nos sentir que ele realmente nos vê, que ele está perto de nós e que nos ama. Deixemo-nos ser vistos por Deus! Compreendo que para muitos de vós isto não deve ser muito fácil, especialmente para aqueles que são casados e têm crianças é difícil arranjar um longo período de tempo, sossegado. E, graças a Deus, não é necessário que todos o façam da mesma forma. Na Igreja existe uma variedade de vocações e uma vasta gama de espiritualidades. O que na realidade é importante é encontrar a melhor forma de estar com Deus, e isso todos podem fazer; é possível em qualquer condição de vida» (Papa Francisco, 27 de Setembro de 2013).
Com as palavras do Salmo 139 (versículos 23-24) podemos dizer “Examina-me, SENHOR, e vê o meu coração; põe-me à prova para saber os meus pensamentos. Vê se estou errado no meu caminho e guia-me pelo caminho da eternidade”.
Não precisamos de temer. Ele é o nosso Criador e conhece-nos muito bem. Ele conhece as nossas fraquezas, mas também conhece o nosso desejo de sermos santos como Ele É Santo
Deixai-Lo Falar
O profeta Elias viu-se subitamente numa montanha, e disseram-lhe: «“Sai e mantém-te neste monte, na presença do SENHOR; eis que o SENHOR vai passar”. Nesse momento passou diante do SENHOR um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos diante do SENHOR; mas o SENHOR não se encontrava no vento. Depois do vento, tremeu a terra. Passou o tremor de terra e ateou-se um fogo; mas nem no fogo se encontrava o SENHOR. Depois do fogo ouviu-se o murmúrio de uma brisa suave. Ao ouvi-lo, Elias cobriu o rosto com um manto» (1.º Reis 19:11-13).
Deus não estava no vento, nem no tremor de terra, ou no fogo, mas na voz murmurada. É por isso que devemos amar o silêncio, porque apenas em silêncio podemos ouvir a voz de Deus. «Fala para os ouvidos dos teus servos» (I Samuel 3:10).
Pe. José Mario Mandía
(Tradução: António R. Martins)