Opinião

Ponhamos os olhos no Benfica de Macau

Há alguns anos perguntei a um deputado, também membro do Conselho do Desporto, por que razão não se investia forte na formação de atletas locais e no desporto em geral.

A resposta que obtive foi bastante elucidativa, referindo ele, em traços gerais, que o desporto local não gerava lucros avultados para os homens de negócios, sendo por essa razão que despertava pouco interesse o investimento na profissionalização, por exemplo, do futebol.

Coincidência, ou talvez não, por essa altura percebi que a “não profissionalização” também era a postura assumida pelo Governo da RAEM, expressa por um ou outro responsável do Instituto do Desporto, com eco em certa Imprensa escrita.

Sabemos todos que o futebol de Macau tem ainda um longo caminho a percorrer, pese embora o esforço de alguns clubes que na última década têm remado contra a maré. Monte Carlo, Ka I e Benfica em Macau (é esta a designação correcta) são alguns desses emblemas, sem esquecer a aposta efémera do Porto de Macau e o contínuo esforço do Sporting de Macau.

A prestação do Benfica em Macau na presente edição da Taça AFC – duas surpreendentes vitórias contra o Hang Yuen FC, de Taiwan, por 3-2, e o Hwaebul, da Coreia do Norte, por 2-3; e uma derrota contra o 25 de Abril, da Coreia do Norte, por 0-8 – levam-me a pensar o quanto errado estava esse deputado, assim como todos aqueles poderosos que olham para o desporto competitivo de Macau como um “filho menor” da nossa sociedade ou como um aborrecido fardo para as políticas governativas.

Está de parabéns toda a estrutura do Benfica em Macau – Leonel Alves, Duarte Alves, Bernardo Tavares, jogadores e demais responsáveis – sem esquecer o trabalho de duas épocas efectuado pelo ex-técnico das águias, Henrique Nunes, a quem também se deve parte do sucesso agora obtido.

Pedro Daniel Oliveira

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