Liberdade de Deus
Toda a gente conhece a palavra “liberdade” e quase todos a ligam a estar livres de limitações ou coacções, de acordo com os princípios éticos e legais de uma sociedade.
O Ser Humano é um ser social e precisa de viver socialmente; as suas atitudes entrelaçam-se com a vida de outros homens. Para viver construtivamente, criou regras e leis. Foram estas leis que deram origem ao Direito. E muitos problemas são resolvidos com recurso ao Direito.
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, dotados que são de razão e consciência, devem comportar-se fraternalmente uns com os outros” (Declaração Universal dos Direitos Humanos).
A liberdade, muitas vezes, sobrepõe-se de um modo decisivo à inteligência. Ela implica uma capacidade de escolha, poder, querer, amor e vontade: quando escolho, sou livre. No entanto, esta explicação é demasiado genérica, é preciso ir mais longe.
“Livre é originalmente um atributo da pessoa, não de certos actos (como querer) nem do indivíduo. As acções de um homem nunca podem ser mais livres do que ele próprio” (Max Scheller). Em “Pessoa e Acção”, Karol Wojtyla (São João Paulo II) salientou: “A liberdade é sobretudo, fundamentalmente, autodeterminação através das acções”.
A pessoa tem de ser dona de si, autónoma e independente; não pode estar à disposição de outra nem ser influenciável. Há, no entanto, um ponto a considerar: a capacidade de autodeterminação humana não é modificável; por exemplo, eu não posso ser pássaro nem voar, não posso viver trezentos anos, etc.
Se atentarmos no que diz a Bíblia sobre este assunto, abrem-se novos horizontes: verificamos que Deus criou Adão e Eva livres, e que eles geriram mal a sua liberdade e pecaram. A sua acção foi influenciada pela serpente; a sua escolha, que foi uma rebeldia contra Deus, fê-los pecar, o que lhes limitou a capacidade de viverem a sua liberdade em plenitude. Todas as escolhas têm consequências.
Deus deu-nos a possibilidade de escolher e de ser livres, deu-nos a possibilidade de nos orientarmos inteiramente para Ele, não pecando: «O pecado não vos dominará, porque vós não estais sob o domínio da lei, mas sob o domínio da graça», declara São Paulo aos cristãos de Roma (6, 14).
Podemos dizer não ao pecado, que nos escraviza, somos livres de o fazer, não precisamos de viver cheios de culpa. Jesus libertou-nos da condenação, somos filhos de Deus e podemos ter um lugar no Céu.
A escolha é nossa.
Ele oferece-nos a possibilidade de fazermos o bem, vencendo as tentações e tornando este mundo num lugar melhor. É realmente extraordinário! Não temos de ter medo, porque Ele está connosco.
Durante quase toda a minha vida passei por problemas graves; mas, quando agarrei a sua mão e Lhe entreguei tudo, a sua graça protegeu-me e libertou-me. «Se o Filho vos libertar, sereis realmente livres», declarou Jesus em conversa com os fariseus (Jo., 8, 36).
A liberdade engloba todas as dimensões da pessoa – o corpo, a alma e o espírito (1Tess., 5, 23). Agarra esta liberdade, segura a mão de Deus e nunca estarás só!
Ana Maria Figueiredo
Pintora
LEGENDA: Papa João Paulo II