Olhando em Redor

Vendedores de promessas

O acto eleitoral que se aproxima, a passos largos, é revestido de especial significado, por estarmos a viver um momento crucial na vida da RAEM. Olhando para as plataformas eleitorais das listas concorrentes, pelas vias directa e indirecta, dá para entender quanta demagogia é destilada para convencer o eleitorado a votar em candidatos que nada mais desejam do que um lugar na Assembleia Legislativa, sem depois cumprirem com o que prometeram; ou lutar minimamente pelos interesses da população em geral.

Nuns casos, por clara inaptidão; noutros casos, por serem reféns de interesses instalados e, noutros ainda – cumulativamente ou não – por nada mais quererem do que obter estatuto social e proveito próprio. Em suma: muitas das plataforma eleitorais evidenciam a perversidade da natureza humana.

A corrupção eleitoral, entre outras manobras de bastidores à margem da lei, também mostram o tipo de gente que os eleitores se prestam a escolher. Obviamente, tais comportamentos reprováveis não atingem todas as listas, mas se tivermos em conta que nem todos os que foram eleitos num passado recente adoptaram comportamentos dentro da legalidade para conseguirem um assento na AL…

É por isso que vemos nascer uma entidade “policial”, a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, vulgo CAEAL, que se tem escudado de legislação aprovada na AL para ferir alguns valores da Lei Básica da RAEM, como é o caso da liberdade de expressão e de Imprensa. A culpa nem é da CAEAL, mas desses incorrigíveis que sem ética nenhuma procuram um lugar ao Sol.

 

A grande incógnita

Num outro registo, é para mim ponto assente que as legislativas de 2017 marcam o início de uma nova era na curta história da RAEM. As primeiras novidades aconteceram pouco antes do início da campanha eleitoral, com alguns históricos, como são os casos de Chan Meng Kam, Leonel Alves (via indirecta) e Kwan Tsui Hang, a pretenderem dar o lugar aos mais novos, conforme as versões oficiais apresentadas.

No primeiro caso – o que verdadeiramente importa – poderá ser uma jogada de antecipação, dado que após o Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, agendado para Novembro, ficando Xi Jinping com o poder reforçado, algumas “reformas” poderão acontecer pelo País, dando azo a que o líder da comunidade local de Fujian se “antecipe” ao cargo de Chefe do Executivo já no próximo ano.

A ideia foi-me revelada por algumas figuras importantes da política local, visto estarem convencidas que a (alegada) proximidade de Chan Meng Kam a Xi Jinping poderá dar frutos em termos políticos. Pode até ser… No entanto, também se percebe que o percurso político de Chan Meng Kam não está isento de erros, por vezes grosseiros, e que nem todos os que são próximos do Presidente chinês terão a sua graça eterna.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

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