Olhando em Redor

Táxis pouco regulados

A revisão do Regulamento Relativo ao Transporte de Passageiros em Automóveis Ligeiros de Aluguer (Táxis) constitui uma soberana oportunidade para o Governo ter mão firme e colocar grandes entraves às práticas que ainda não há muito tempo manchavam sobremaneira a reputação do sector.

Pelo que transpareceu na passada terça-feira, após mais uma reunião do Conselho Consultivo do Trânsito, depreendo que o Governo está a ser levado pelo conservadorismo que caracteriza a sociedade de Macau. Faz mal, porque por vezes há que tomar decisões firmes, traduzindo-se isso num claro sinal de liderança.

É certo que muito pode ainda mudar até a proposta de lei ser submetida à Assembleia Legislativa. No entanto, espero que até lá a intenção governativa obrigue ao uso de gravações áudio em todos os táxis, e que as punições tenham lugar ao fim de três ou quatro sanções, ao invés das oito sugeridas pelo Executivo.

Como ainda paira no ar uma certa desconfiança no sector, as gravações áudio vão “separar o trigo do joio”. Em segundo lugar, porque vai sempre haver quem consiga cometer muito mais do que oito infracções por mês sem cair uma única vez nas malhas da fiscalização.

Havendo regras bem explícitas através da revisão do Regulamento, que não deverá ser feito de remendos e retalhos, sabendo ambos os intervenientes – taxistas e utentes – com que “linhas se cozem”, aos olhos da população e de quem nos visita será Macau quem fica a ganhar.

O sector dos táxis tem que dar uma imagem de excelência, mas estando mais do que provado que nunca conseguiu tal desiderato por iniciativa própria, não restará ao Governo fazer o que lhe compete de forma exemplar.

Seguindo esta linha de ideias, o que se passar depois na Assembleia Legislativa serão “contas de outro rosário” – antevejo um grande Carnaval, com os costumeiros chorrilhos de críticas “sem pés nem cabeça” de alguns deputados.

 

Desporto

A deputada Wong Kit Cheng acusou o Governo de falta de planeamento da rede de instalações desportivas públicas. Aconteceu no plenário da Assembleia Legislativa realizado na passada quarta-feira.

Na resposta, o secretário da tutela, Alexis Tam, revelou estarem em curso negociações com a Universidade de Macau e com a Escola Luso-Chinesa Sir Robert Ho Tung para a expansão daquela rede para a prática desportiva.

Percebe-se a preocupação da deputada Wong Kit Cheng, pois Macau carece de infra-estruturas desportivas que sirvam a população e, essencialmente, o desporto de competição. Por outro lado, embora seja de louvar a intenção de Alexis Tam, temo que não será por aqui que irá “ver a luz ao fundo do túnel”.

Uma boa ideia seria que uma considerável parte dos terrenos revertidos a favor do domínio público, por terem sido ocupados ilegalmente ou porque o prazo de aproveitamento expirou, fosse destinada à construção de instalações desportivas, o que a acontecer debelaria muitas dificuldades dos clubes, quer ao nível do treino, quer da formação de atletas. Já para não falar do seu uso pela população.

Pedro Daniel Oliveira

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