Já vi este filme
O Chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, manifestou «determinação em lutar contra as acções ilegais de ocupação» promovidas pela organização “Occupy Central”. Se a intenção for por diante poderá significar o fim precoce do seu mandato à frente do Executivo da RAEHK.
A margem de manobra também não é muito grande, porque CY Leung não pode assistir impávido e sereno ao desenrolar dos acontecimentos, como se fosse um mero espectador da desobediência civil em defesa da democracia que tem marcado a actualidade na ex-colónia britânica.
Caso haja escalada da desobediência civil a única forma de acabar com a concentração de dezenas de milhares de pessoas nas ruas nunca será através da acção policial, mas sim com a entrada em cena do Exercito Popular de Libertação. Aliás, não foi à toa que pelo menos quatro veículos de transporte de tropas chinesas foram vistos há uma semana a circular pelas principais artérias do distrito de Kowloon.
Confesso que já vi este filme em algum lado. Não há muito tempo, Banguecoque também foi o centro de uma gigantesca desobediência civil que durou cerca de seis meses, com militantes ou simpatizantes do campo democrata nas ruas todos os dias a promover a desordem, seja com a ocupação ou cortes das principais artérias da cidade, seja com manifestações que impediram o normal funcionamento dos serviços públicos.
Como objectivo tinham a demissão da então Primeira-Ministra, Yingluck Shinawatra, por forma a implementar um roteiro que permitisse uma reforma política. Na Tailândia, numa monarquia constitucional, onde a democracia já tem décadas de existência, justificou-se perfeitamente a intervenção dos militares, através de um Golpe de Estado sem derrame de sangue.
Já em Hong Kong, a possível intervenção do EPL, ainda que para estancar uma completa anarquia que possa existir nas ruas, vai sempre ser condenada pela Comunidade Internacional, que não deixará de exercer as devidas pressões nos meios diplomáticos e, até mesmo, em organizações como a ONU. Tal facto só vai beneficiar os interesses americanos e britânicos, que ao insistirem num modelo democrático idêntico ao que existe no Ocidente nada mais estão a pedir do que o desmembramento territorial da segunda maior economia mundial, a República Popular da China. Compreendo, pois, por que razão o Poder Central pretende introduzir no seu território nacional (duas RAE incluídas) um modelo à sua medida.
PEDRO DANIEL OLIVEIRA