Não é uma pintura, nem são marcas de queimadura, nem uma fotografia

Quem é este Homem?

«Então Pedro chegou com outro discípulo, e dirigiram-se para o túmulo. Vieram ambos a correr, mas um outro discípulo, que não Pedro, tinha chegado ao túmulo primeiro; inclinou-se para a frente para ver, e viu os lençóis de linho caídos por ali, mas não entrou. Então chegou Simão Pedro, logo a seguir, e entrou no túmulo; ele viu os lençóis de linho caídos, mas o lenço que tinha estado na Sua cabeça não se encontrava junto com os lençóis de linho, pois tinha caído por si, num lugar diferente. Então, o outro discípulo que tinha chegado primeiro, também entrou, e ele viu, e acreditou» (João 20:3-8)

O que viu João?

Repararam quantas vezes esta passagem se refere aos “lençóis de linho”? Eu nunca tinha reparado, até que o padre Andrew Dalton, LC, me chamou a atenção para esse facto, no passado dia 31 de Março, no Clube Lusitano de Hong Kong, durante uma palestra a convite da Sociedade de S. Thomas More. O padre Andrew Dalton, LC, estuda actualmente Teologia Bíblica na Universidade Pontifícia da Sagrada Cruz e ensina Hebreu Bíblico no Pontifical Athenaeum Regina Apostolorum.

Os lençóis de linho (em Grego “othonia”) devem ter sido importantes para João e para os primeiros apóstolos. «Ele viu e acreditou». E o que viu João? Não foi Jesus. Mesmo assim acreditou. O que estava nos lençóis de linho que fez com que João acreditasse?

Peritos sobre as Escrituras chamam a atenção que no original em Grego o verbo “ver” pode ser definido de três diferentes formas. No versículo 5, João «viu (em Grego “blepei”) os lençóis de linho caídos, mas não entrou». No versículo 6, Pedro «viu (em Grego “theorei”) os lençóis de linho caídos por ali». No versículo 8, João «viu (em Grego “eiden”) e acreditou».

“Blepei” corresponde a um olhar casual; “theorei” (relacionado com o Inglês teoria) já implica uma observação e um olhar mais cuidado; e “eiden” implica percepção e julgamento mais profundo, vendo e entendendo algo para além do que parece óbvio.

Enquanto João contemplava os lençóis de linho, deve ter visto neles algo que fez com que acreditasse. O que viu ele?

 

Este é o mesmo lençol?

Mudamos rapidamente para o século XXI. Agora temos «um lençol dobrado, que cobriu o corpo de um homem, que foi crucificado, correspondendo em tudo ao que o Evangelho diz sobre Jesus, que foi crucificado perto do meio dia e morreu cerca das 3 horas da tarde (Papa Bento XVI, 2 de Maio de 2010)». Este lençol de 4,4m X 1,1m, que o Papa Bento XVI venerou em 2010, encontra-se agora guardado em Turim, na Itália. O Papa Francisco irá a Turim a 21 de Junho deste ano para também ele venerar o pedaço de tecido (para além da comemoração do 200º aniversário do Nascimento de São João Bosco), que não foi exposto ao público desde que o Papa emérito o visitou.

A pergunta na mente de todos: Poderá ser este o mesmo lençol mortuário que João viu? Provavelmente nenhum objecto foi submetido a tantos testes científicos, nem levantou tanta celeuma como este.

Quando São João Paulo II foi ver o Sudário de Turim, a 24 de Maio de 1998, realçou: «Como isto não é uma questão de fé, a Igreja não tem competência para se pronunciar sobre estas matérias. A Igreja confiou aos cientistas a tarefa de investigar continuamente, de forma a que possam ser encontradas respostas satisfatórias para estas questões relacionadas com este lençol, em que, de acordo com a tradição, o corpo do nosso Redentor foi envolvido, depois de ter sito retirado da Cruz. A Igreja advoga que este Sudário seja estudado sem ideias pré-concebidas, que tenham como certo resultados que não são o que aparentam ser; a Igreja convida-os a trabalharem com liberdade interior e atento respeito, tanto pelos métodos científicos, como para com as sensibilidades inerentes dos Crentes».

Um dos testes efectuados foi o da definição da data, por Carbono 14. O teste foi efectuado em 1988 pelos cientistas britânicos Edward Hall, Michael Tite e Robert Hedges. A 13 de Outubro desse ano declararam, em conferência de Imprensa, realizada no British Museum, que o Sudário era uma falsificação; que deveria ter sido elaborado entre 1260 e 1390…

Este facto, aparentemente, parecia ter resolvido a questão, mas outros cientistas vierem apontar falhas graves nos testes realizados. Para além de que o veredicto de 1988 trouxera novas perguntas pertinentes: Como fora possível – durante a Idade Média – criar a imagem que não é uma pintura, nem uma marca de queimadura, nem, obviamente, uma fotografia, e que a ciência moderna ainda não foi capaz de reproduzir?

De facto, o Sudário tem algumas características muito peculiares. Uma delas é ser possível criar uma imagem tridimensional com base nos dados que se encontram “pré-determinados” no Sudário. Incrível, não?

 

«Conhecê-los-ás pelos seus frutos» (Mateus 7:16)

Barrie Schwortz é uma das pessoas que pensava que o Sudário era uma fraude. Jim Graves, do jornal Catholic World Report, entrevistou Schwortz recentemente. Escreveu entretanto: «Em 1978, Schwortz, um técnico de fotografia, foi convidado a participar no primeiro teste científico profundo ao tecido, conhecido como Shroud Turin Research Project (STRUP). Na altura era um judeu não praticante e aceitou com relutância fazer parte da equipa do STRUP, esperando firmemente que a equipa iria provar que o Sudário era uma imagem pintada durante a Idade Média. Mas, depois de muitos anos de estudo e reflexão, começou a acreditar na sua autenticidade».

Schwortz aceitara participar no estudo, convencido que era uma pintura. «Mas apenas dez minutos depois de começar a estudá-lo reconheceu que não [era uma pintura]. “Sendo um fotógrafo profissional, fui à procura das marcas dos pincéis. Mas essas marcas não existiam”, disse ele».

Schwortz verificou que muitas pessoas ignoravam factos referentes ao Sudário, e assim estabeleceu um sítio na Internet que contêm todas as últimas informações disponíveis (www.shroud.com), para quem quiser saber mais sobre esta peça de roupa. Se o leitor for daqueles que ficam tontos com a leitura de relatórios científicos, pode procurar documentários sobre o Sudário no YouTube, produzidos pelo Discovery Channel e pela BBC de Londres.

O Sudário ajudou Schwortz a descobrir a sua própria fé. Numa entrevista ao jornal Zenit, a 22 de Março de 2012, Schwortz admitiu: «Tudo se resume a isto: durante metade da minha vida de adulto ignorei-o virtualmente, e agora, aos 50 anos, subitamente fui colocado cara a cara com Deus no meu coração».

 Pe. José Mario Mandía

(Tradução: António R. Martins)

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *