A minha missão como missionário dominicano – 2

NA PRIMEIRA PESSOA

A minha missão como missionário dominicano – 2

Depois de ter terminado os estudos – com um bacharelato e uma licenciatura em Teologia, como os meus colegas da Casa de Estudos Dominicana, em Washington DC –, os meus Superiores enviaram-me para o Convento de Santo Domingo, em Quezon City, Metro Manila (Filipinas). Ali comecei a ensinar Teologia Moral no então estudantado dominicano da Província (a minha primeira missão: assistente de pároco, de um sacerdote maravilhoso, o padre Damian Villegas), onde passei dois anos magníficos e onde conheci e amei a milagrosa Nossa Senhora do Rosário de La Naval, a bela imagem que viu os nossos missionários dela despedirem-se antes de partirem para terras de missão: Japão, Vietname, China, Hong Kong, Taiwan, etc.

Depois disso, os nossos Superiores enviaram-me para a Universidade de Santo Tomás (UST), a Universidade Católica, Pontifícia e Real das Filipinas, fundada em 1611 pelo arcebispo D. Miguel de Benavides, OP, e pelos nossos pais. Ali completei 45 anos de idade e continuei a ensinar na UST (durante mais dez anos) Teologia Moral, Teologia Espiritual, Ética Social e Bioética. Na Universidade, fui nomeado para trabalhar em diferentes gabinetes, incluindo os gabinetes do secretário-geral, da Faculdade de Ciências da Reabilitação e do Centro de Ética. Três gabinetes em particular ajudaram-me a estar ao serviço e a crescer intelectualmente, eticamente e espiritualmente: na Faculdade de Sagrada Teologia, na Faculdade de Medicina e Cirurgia, e no Centro de Investigação Social. O que mais gostei durante todos esses anos na UST foi a minha pregação e o meu ensino/escrita de Teologia, Ética Social e Bioética, e o meu apostolado pastoral-espiritual. Enquanto ensinava bioética na Faculdade de Medicina e Cirurgia, fui nomeado membro da Pontifícia Academia para a Vida (PAV) no Vaticano (2000-2015), o que me ajudou a empenhar-me mais na Bioética e nas questões e preocupações da vida. Envolvi-me muito com a Aliança contra a Pena de Morte, que lutou pacificamente pela abolição da pena de morte – foi abolida no ano de 2005. Fui também membro do movimento “Pro-life”, que lutou, em oração, contra o aborto.

Em Setembro de 2009, fui destinado ao nosso Priorado de São Domingos em Macau, onde se encontra o estudantado e o Centro de Estudos da nossa Província dominicana e missionária. Em Janeiro de 2010 comecei a leccionar Teologia Moral e Doutrina Social da Igreja, na actualmente denominada Faculdade de Estudos Religiosos e Filosofia da Universidade (Católica) de São José (USJ), onde também leccionei, mais tarde, Teologia Espiritual e Matrimónio Cristão e Família (2009 -2019).

Aquando da chegada a Macau, senti dificuldades em adaptar-me ao novo ambiente e às novas actividades: não é fácil ser desenraizado quando se é um pouco “velho”! (Eu já tinha 72 anos!). Hoje, em Macau, gosto do meu ensino e da minha vida comunitária, e também do ambiente mais sereno e tranquilo, em comparação a muitos outros locais. (Tornei-me mais “um pássaro solitário” no telhado da vida). Porém, tenho saudades da minha vida pastoral alegre e plena em Metro Manila. Em Macau, a minha vida pastoral é bastante limitada: algumas missas dominicais com o povo, uma aula de Inglês aqui e ali. Gosto e enriqueci-me muito com a Missa semanal que celebro junto das Missionárias da Caridade.

Uma actividade pastoral em que estou empenhado, desde 2015, é a de colunista deste nosso jornal, O CLARIM, o Semanário Católico da (Diocese) de Macau. Comecei por escrever uma simples coluna de forma intermitente (ao início, apenas duas vezes por mês), com o título geral de “Notas de um Peregrino”. Fiquei mais feliz ainda quando os editores começaram a traduzir algumas das colunas para Cantonense e, mais tarde, também para Português. Desde 2022, graças à generosidade dos editores, todas as colunas são traduzidas de Inglês para Cantonense e Português. As colunas em Cantonense dão-me uma alegria especial, pois é o meu pequeno apostolado junto dos nossos irmãos e irmãs chineses.

Desde que cheguei a Macau tenho estado muito envolvido com outros formadores na formação inicial e permanente da nossa Província Dominicana – a formação inicial em Macau, com os nossos irmãos estudantes. A formação permanente, com as visitas que vou efectuando às nossas missões na Ásia. Um projecto de que gostei muito foi ter visitado todas as nossas missões na Ásia. Ministrei pequenos cursos de formação permanente, muitas vezes acompanhados de retiros espirituais. Tive a grande alegria de visitar e partilhar a Missa e a mesa com os nossos irmãos das Filipinas, Coreia, Mianmar, Timor-Leste, Taiwan e Hong Kong – e também de Roma. O cerne da formação integral inicial e permanente (humana, espiritual, teológica e pastoral) é este: ajudar os nossos irmãos a adquirir e aperfeiçoar uma forma (formação), a forma de Cristo, que implica o seguimento e a imitação e a transfiguração em Cristo, Deus e homem: seguir o Senhor pelo caminho do nosso Pai e Fundador São Domingos: através do tripé “vida comunitária, oração e estudo ordenados à pregação, e pregação dirigida à salvação da humanidade”. Uma graça maravilhosa – como todas as outras vocações!

Pe. Fausto Gomez, OP

LEGENDA: Nossa Senhora do Rosário de La Naval

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