O regresso à Casa do Pai
As igrejas de Macau vão voltar a abrir as portas e a receber fiéis aos Domingos, ainda que sob o signo da cautela e da precaução. A partir do dia 16 de Maio, a Missa Dominical volta a ser celebrada com a participação de devotos nas nove igrejas paroquiais do território, sendo que os responsáveis pelas paróquias terão que limitar o número de fiéis que assistem à Eucaristia.
De acordo com as indicações emanadas no início da semana pela diocese de Macau, o número de fiéis que participam na Missa Dominical tem que ser limitado, para que a “distância social de um metro entre as pessoas” possa ser cumprida. A Cúria Diocesana sugere que assim que a capacidade máxima das igrejas for atingida, os fiéis que não conseguirem lugar na Assembleia sejam conduzidos “para salas contíguas, espaços de recreio ou outros espaços abertos” onde lhes possa ser concedida a possibilidade de assistirem à transmissão da Eucaristia.
A exemplo do que já acontece nas missas celebradas durante a semana nos templos católicos do território, a entrada nas igrejas estará dependente do uso de máscara e da submissão voluntária dos fiéis a procedimentos de averiguação da temperatura corporal.
A decisão de reabrir as igrejas ao sábado à tarde e ao Domingo coloca termo a um período de mais de três meses em que a vivência da fé por parte dos católicos se viu privada das missas dominicais. «O único aspecto que ainda tinha sido recuperado, que não estava a acontecer até agora era a Missa Dominical com a presença dos fiéis, mas vai voltar a acontecer no dia 17 de Maio. A única questão que se coloca é de como vai ser a participação das pessoas», indaga o padre Daniel Ribeiro. «Já há cerca de três meses que os fiéis não tinham a oportunidade de participar na Missa Dominical. O que é verdadeiramente importante é que as actividades normais da Igreja estão a recomeçar e a última delas regressa no dia 17 de Maio», acrescenta o vigário paroquial da igreja da Sé Catedral para a comunidade de língua portuguesa.
APOSTA NA REDE, APOSTA GANHA
A 7 de Março – e ao fim de um mês em que os espaços de culto estiveram de portas fechadas – a diocese de Macau já tinha decidido reabrir parcialmente as igrejas paroquiais e autorizar a celebração de missas durante a semana para pequenos grupos. Durante as longas semanas em que o surto epidémico decorrente da propagação do novo coronavírus obrigou os católicos locais a reequacionarem a forma como vivem a sua fé, o Paço Episcopal mobilizou-se no sentido de assegurar que o “Rebanho de Cristo” continuasse a ser ungido com alimento espiritual e garantiu a transmissão de missas, novenas e outras celebrações por meio da Internet. A aposta acabou por se afigurar ganha, defende o padre Daniel Ribeiro. «No início, julguei que este tipo de solução podia vir a criar alguma indisposição, a gerar algumas críticas ou interrogações por parte das pessoas, mas ao contrário do que aconteceu noutros países, em Macau as pessoas acataram muito bem esta proposta; respeitaram as indicações», assume o sacerdote. «Esta iniciativa teve uma aceitação muito boa por parte dos fiéis. Aumentou muito o número de pessoas que participam nas celebrações através da Internet. A Diocese já antes transmitia a missa de Domingo e é bom notar que a participação das pessoas nesta Eucaristia “online” aumentou bastante», refere.
A estratégia levada a cabo pelo Paço Episcopal garantiu outros ganhos, uma vez que foram muitos os fiéis que criaram o hábito de assistir à missa durante a semana. «A participação nas missas semanais aumentou muito. Acho que aumentou em torno de trinta, quarenta por cento. São muitos os católicos que começaram a procurar marcar presença nas celebrações durante a semana, nas missas durante a semana e depois vêm receber a Comunhão no Domingo», adianta o padre Daniel Ribeiro.
Com a reabertura, a 16 de Maio, das igrejas aos fiéis para a Eucaristia Dominical, a actividade litúrgica e pastoral da Igreja é reatada em toda a sua plenitude. Sacramentos como a Confissão, a Unção dos Enfermos ou a Comunhão já tinham sido gradualmente reactivados, após um breve período em que deixaram de ser ministrados. A única excepção diz respeito a rituais com uma natureza vincadamente comunitária, como é o caso dos casamentos. «Para pequenos grupos, este tipo de sacramentos – como os baptizados, por exemplo – já estão a ser celebrados na igreja. Quem queira ser baptizado ou baptizar um filho já pode procurar a Igreja. Os casamentos, aos poucos, também vão voltar a ser disponibilizados», assegura o vigário paroquial. «Os outros sacramentos deixaram de ser impostos durante um período muito pequeno, de cerca de duas semanas, no máximo. A Unção dos Enfermos continua a ser garantida, os padres continuam a ir aos hospitais, a visitar os doentes nas suas próprias casas. A Confissão também é garantida. Há Confissões todos os dias na Sé. Graças a Deus não fomos muito afectados nesse sentido», admite o sacerdote brasileiro.
Das actividades pastorais regulares da Igreja, apenas a Catequese não havia sido reatada, mas até essa já tem regresso anunciado. As sessões de catequese para os jovens que vão receber, a 31 de Maio – dia de Pentecostes – o sacramento da Confirmação (Crisma) arrancam já no próximo Domingo. A meio do mês, esclarece o padre Daniel Ribeiro, haverá mais novidades. «A catequese para o Crisma volta já neste Domingo, 3 de Maio. Depois, quando forem reatadas as eucaristias dominicais, vão voltar as turmas do sétimo e do oitavo ano da catequese. As outras turmas vão voltar em breve, assim que as escolas reabrirem para os mais novos», conclui.
Marco Carvalho