«Rezemos pela paz no mundo e pelo fim da pandemia»
Depois de celebrada a Missa Crismal e cumprido o Tríduo Pascal, a diocese de Macau uniu-se à Igreja universal para celebrar o Domingo de Pascoa ou da Ressurreição do Senhor.
A igreja da Sé Catedral, a paróquia do Bispo, foi palco das cerimónias com maior significado entre os dias 13 e 17 de Abril, tendo inclusivamente centrado as celebrações em Português. Já as restantes oito paróquias que dão corpo à diocese de Macau assinalaram igualmente os episódios bíblicos ocorridos desde a entrada de Jesus em Jerusalém até à Sua morte e ressurreição.
Pouco antes das onze horas da manhã do passado Domingo, O CLARIMencontrou o padre Cyril Law no adro da Sé Catedral, à conversa com os fiéis que haviam participado na Missa do Domingo de Páscoa das 9 horas e 15, em Chinês. «– Uma feliz Páscoa!», exclamou de pronto quando saudado pelo nosso jornal, ao mesmo tempo que algumas pessoas tocavam no braço do sacerdote para também lhe desejarem uma “boa Páscoa”.
No interior da igreja largas dezenas de fiéis ocupavam os bancos corridos, mesmo os mais próximos do altar, que na maioria das vezes apenas são preenchidos depois do celebrante convidar os fiéis a ali se sentarem.
Ao som do coro, o cortejo solene saiu da sacristia em direcção à porta da igreja, para depois percorrer a nave central até ao altar.
Presidida pelo bispo D. Stephen Lee, a Missa do Domingo de Páscoa, em Português, foi concelebrada pelos padres Daniel Ribeiro e Luís Sequeira. Durante a cerimónia, o padre Andrzej Blazkiewicz permaneceu no confessionário, tendo-se juntado ao bispo e restantes sacerdotes por ocasião do Ofertório e da Comunhão.
Na homilia, o padre Daniel Ribeiro teceu algumas considerações sobre o significado da Páscoa, o qual vai muito para além dos acontecimentos bíblicos em torno da morte e ressurreição de Jesus. «Páscoa quer dizer “passagem”. É um período em que também nós nos renovamos para Deus. A vida terrena, essa, é passageira. É apenas um caminho para algo superior. A Páscoa faz-nos reflectir no que é realmente importante para as nossas vidas. Pensamos muitas vezes em como termos mais; mais dinheiro, mais bens materiais, mais posição social. Mas, na realidade, o mais importante é termos sempre Jesus Cristo presente nas nossas vidas», disse, acrescentando que «depois da Ressurreição, Jesus não mais vive num corpo igual ao nosso, limitado a um local. Hoje, Jesus está cada um de nós. Ele está em Macau, em Portugal, no Brasil, na Ucrânia, na Rússia…». No cômputo geral, as palavras do padre Daniel Ribeiro foram ao encontro da mensagem de Páscoa do nosso bispo, publicada na edição d’O CLARIMdo passado dia 14 de Abril.
Por sua vez, D. Stephen Lee pediu aos fiéis que rezem pela «paz no mundo e pelo fim da pandemia», não esquecendo os seus familiares.
As leituras, em especial o Evangelho, abordaram o episódio da Ressurreição e o reencontro do Salvador com os Apóstolos, ou seja, o momento em que as profecias se realizaram, desaparecendo os receios e medos de quem com Jesus privou nos últimos anos da Sua vida.
Ao contrário do que vem sendo habitual, antes do final da Missa não foi rezada a Oração da São Roque, nem divulgados quaisquer comunicados.
Ao longo da Eucaristia foram muitos os fiéis que se juntaram à Assembleia, pois não quiseram deixar de marcar presença, mesmo que por poucos minutos.
À semelhança do Domingo de Ramos, após a Missa em Português não houve Catequese das crianças, sendo retomada este Domingo (24 de Abril).
PAPA FRANCISCO: UCRÂNIA… E O RESTO!?
Algumas horas mais tarde, foi a vez do Papa Francisco presidir à Missa do Domingo de Páscoa no Vaticano, voltando a referir a necessidade de o mundo encarar outros conflitos, que não apenas a guerra na Ucrânia. Segundo a agência ECCLESIA, o Papa afirmou: «Que o conflito na Europa nos torne mais solícitos também perante outras situações de tensão, sofrimento e angústia, que tocam demasiadas regiões do mundo e que não podemos nem queremos esquecer».
Como já vem sendo hábito nestas ocasiões, Francisco direccionou parte do discurso para o Médio Oriente: «Possam os israelitas, palestinianos e todos os habitantes da Cidade Santa, juntamente com os peregrinos, experimentar a beleza da paz, viver em fraternidade e gozar de livre acesso aos Lugares Santos no mútuo respeito pelos direitos de cada um». De seguida, falou de África: «Haja paz para todo o continente africano, a fim de que cessem a exploração de que é vítima e a hemorragia causada pelos ataques terroristas – particularmente na região do Sahel – e encontre apoio concreto na fraternidade dos povos».
As últimas palavras do Santo Padre foram de esperança, após dois anos de uma pandemia que começa a dar sinais de abrandar: «Hoje, mais do que nunca, precisamos dEle [Jesus Cristo], no termo duma Quaresma que parece não querer acabar. Temos atrás de nós dois anos de pandemia, que deixaram marcas pesadas. É o momento de sairmos do túnel juntos, de mãos dadas, juntando as forças e os recursos».
José Miguel Encarnação com ECCLESIA