MISERICÓRDIA RECEBEU A VISITA DO PRESIDENTE DE PORTUGAL

MISERICÓRDIA RECEBEU A VISITA DO PRESIDENTE DE PORTUGAL

«A Santa Casa encarna a maneira portuguesa de estar no mundo»

No ano em que comemora 450 anos de existência, a Santa Casa da Misericórdia foi honrada com a visita do Presidente da República Portuguesa. Marcelo Rebelo de Sousa encerrou em Macau a visita de Estado de três dias que efectuou à República Popular da China e iniciou um breve, mas intenso, périplo pela RAEM com uma deslocação às instalações da mais antiga instituição de matriz portuguesa do território, no Largo do Senado.

Numa intervenção de pouco mais de dez minutos, em que se dirigiu directamente aos membros da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, o chefe de Estado português destacou a manutenção, por parte da instituição, do «espírito fundador» do movimento das Misericórdias, numa missão alicerçada em três preceitos que Marcelo Rebelo de Sousa considerou fundamentais: o significado da história, o serviço à comunidade e a visão de futuro.

O Presidente da República Portuguesa evocou a secular história da Santa Casa da Misericórdia e defendeu que a entidade encarna na perfeição «a maneira portuguesa de estar no mundo».

«Entramos neste edifício, património da Humanidade, e sentimos que aqui se fez história, aqui se faz história há 450 anos. 450 anos que traduzem muito a maneira portuguesa de estar no mundo. Nós somos assim. Partimos, atravessámos e chegámos. Chegámos e incluímo-nos. Chegámos e servimos», disse Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando: «A Santa Casa permanece. E permanece porque o espírito fundador permanece e se renova geração após geração. Esta é a riqueza de uma nação de quase nove séculos».

Depois de ser recebido pelo provedor António José de Freitas, o Presidente enalteceu «a história singular» da Santa Casa, tanto em Macau, como no continente asiático, «onde nasceu tanta civilização e de onde se projecta para o futuro tanta civilização» e perspectivou o futuro da instituição «no quadro da excelência das relações entre Portugal e a China».

Marcelo Rebelo de Sousa entende que o desafio que se coloca à Santa Casa da Misericórdia é o da «fidelidade às raízes», mas também à missão social da mais provecta entidade de solidariedade do território. «O serviço à comunidade é um desafio nunca esgotado e a Santa Casa tem sabido estar à altura desse desafio. Desengane-se quem pensa que a sucessão de gerações esmorece ou rouba vigor ao espírito de entrega e de trabalho em prol dos outros», referiu o governante português.

Na breve intervenção em que deu as boas-vindas ao Presidente de Portugal, António José de Freitas fez questão de realçar que a história da instituição é indissociável da presença da comunidade portuguesa da costa meridional da China. O provedor, que guiou pouco depois Marcelo Rebelo de Sousa pelas valências da sede histórica da Santa Casa, manifestou a vontade da Misericórdia em «continuar a dignificar o bom nome de Portugal e da comunidade portuguesa» que permanece em Macau.

Já depois da comitiva presidencial ter dado por encerrado o primeiro capítulo da estadia na RAEM, António José de Freitas destacou, em declarações a’O CLARIM, o significado da visita do Presidente e reiterou a intenção, por parte da Santa Casa, de manter viva a missão histórica herdada pela instituição. «Esta visita tem um significado muitíssimo elevado, como sabe. Macau completa vinte anos do estabelecimento da RAEM e esta visita é muito importante, sobretudo nesta fase em que as relações de amizade entre Portugal e a República Popular da China estão no seu auge. Esta visita vem consolidar a nossa presença aqui em Macau e também a nossa ligação, digamos assim, com as outras Misericórdias espalhadas por outros continentes», disse, tendo ainda sublinhado: «A Santa Casa é a mais antiga instituição de solidariedade social e vamos continuar a trabalhar, naturalmente, para honrar a obra dos nossos antepassados e cumprir a missão histórica que herdámos. Estou convencido que a Misericórdia de Macau tem todas as condições para dar continuidade ao trabalho que desenvolve desde há 450 anos».

 

Provedor «emocionado» com condecoração

O provedor da Santa Casa da Misericórdia foi uma das duas personalidades do território distinguidas por Marcelo Rebelo de Sousa durante a breve visita que efectuou ao território na passada quarta-feira.

António José de Freitas e Lei Heong Iok, antigo presidente do Instituto Politécnico de Macau, foram condecorados pelo Presidente da República Portuguesa durante a recepção à comunidade oferecida na residência consular.

A distinção deixou António José de Freitas «emocionado», conforme confessou a’O CLARIM. «Naturalmente que fico muito emocionado. Tenho de dedicar esta distinção a todos os irmãos, aos trabalhadores da Santa Casa, porque o trabalho desenvolvido pela Santa Casa é um trabalho colectivo, é um trabalho de equipa, a favor da colectividade. Vamos continuar», afirmou, tendo assegurado: «Esta medalha, esta distinção, dá-nos ainda mais forças, um novo alento para prosseguirmos a nossa missão».

 

Congresso Internacional das Misericórdias tem lugar em Macau no mês de Maio

A visita de Marcelo Rebelo de Sousa à Santa Casa da Misericórdia, na passada quarta-feira, pauta o início de um mês frenético para a mais antiga instituição de solidariedade social do território.

Fundada em 1569, antes ainda de ser formalmente criada a diocese de Macau ou de ser instituído o Leal Senado, a Santa Casa celebra este ano quatro séculos e meio de uma existência pautada pelo serviço e pela entrega. O ponte alto das celebrações decorre entre 13 e 15 de Maio, com a RAEM a receber a 12ª edição do Congresso Internacional das Misericórdias.

«Este Congresso que se vai realizar tem a duração de três dias. É a primeira vez que Macau acolhe congressistas de Misericórdias provenientes de países como Portugal, Brasil, Itália, França ou Moçambique, e é uma boa oportunidade também para que, em conjunto, possamos debater alguns temas sobre os trabalhos dinamizados pelas Misericórdias, como a protecção à velhice ou outros domínios da assistência social», explicou o provedor da Santa Casa da Misericórdia, que completa no próximo ano o décimo mandato à frente dos destinos da instituição.

O certame, que reúne no território duas centenas de delegados, deverá constituir uma oportunidade para que as Misericórdias de todo o mundo discutam aspectos como o reforço da cooperação e do intercâmbio de experiências.

«É algo que vai ser debatido e que vai ser feito. Vão estar presentes no congresso cerca de duzentas pessoas, entre as quais estarão provedores de várias Misericórdias. Os participantes deslocam-se a Macau com o propósito de comemorar com a Santa Casa os seus 450 anos. Aproveitamos esta ocasião para celebrar o aniversário e também promover este congresso», rematou António José de Freitas.

Marco Carvalho

 

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