QUE O TRIÉNIO «ANO DA JUVENTUDE»SE TORNE UMA OPORTUNIDADE PARA OS JOVENS
Caros irmãos e irmãs em Cristo!
Recordando a minha viagem a Roma para a visita «Ad limina», no passado mês de Junho, lembro-me vividamente do encontro com o Papa Francisco e como, ansiosamente, ele me perguntou sobre a situação e as preocupações dos jovens em Macau. O Papa compreende profundamente que os jovens precisam de visão para abraçar os seus sonhos e realizá-los. A preocupação de Sua Santidade trouxe-me à mente a Palavra de Deus citada no Documento Final do recém-concluído Sínodo dos Bispos (doravante referido como o Documento): «Derramarei o Meu Espírito sobre todas as pessoas. Os vossos filhos e filhas vão profetizar, os jovens terão visões e os anciãos terão sonhos». (Actos 2:17)
O Sínodo dos Bispos deste ano adoptou o Documento a 27 de Outubro, no qual se expressa o forte desejo da Igreja em criar uma relação de confiança com a juventude. Eu gostaria de partilhar a passagem do Evangelho de São Lucas usada no Documento. No relato de Lucas, no encontro entre os discípulos de Emaús e Jesus, provavelmente podemos entender a orientação do trabalho pastoral da Igreja com os jovens (cf. Lc 24, 13-35). As três partes principais do Documento são extraídas da estrutura desta cena (veja o Prefácio ao Documento Final), a saber: «Caminhava com eles» (v. 15); «Os seus olhos abriram-se» (v. 31); «Partiram sem demora» (v. 33).
A introdução do Documentocomeça com uma declaração clara: «O Documentoapresenta-se como um mapa para orientar os próximos passos que a Igreja é chamada a dar». Portanto, compreender as três partes do Evangelho mencionadas acima é muito importante para o trabalho da Igreja com os jovens. Simplificando, o primeiro passo de «caminhava com eles» é manter a comunicação e o contacto com os jovens. Sei que os jovens estão extremamente ansiosos para que suas vozes sejam ouvidas, especialmente entre os pobres, os explorados e entre os adultos (ver Capítulo 1 do Documento: «Uma Igreja que escuta»). A maneira como a Igreja pensa e oferece oportunidades para a geração mais jovem ouvir e fazer com que ela se sinta valorizada é um aspecto que precisamos de constantemente interiorizar e actualizar.
O segundo passo, «os seus olhos abriram-se», envolve a forma como a Igreja tem a missão de fornecer uma formação apropriada e cativante para que os jovens possam permanecer firmes neste século XXI em rápida mudança, cultivem uma consciência de santificação, assumam a sua capacidade de liderar e exercer o seu «múnus profético», lançar as bases para a próxima geração da Igreja e da sociedade de Macau e «identificar e aceitar a vontade de Deus em circunstâncias específicas» (vide Instrumentum Laboris: «Discernimento»).
O terceiro passo, «partiram sem demora», mostra como podemos fazer com que os jovens ajam, iluminados pelo Espírito Santo, encontrem respostas às suas inquietações e os traga à nossa Igreja e à nossa sociedade. Este será, portanto, um evento externo, tangível, rico e variado que pode ser monotorizado. As formas e a diversidade devem ser decididas pelos próprios jovens e podem brilhar em diferentes níveis, desde as paróquias, escolas e pequenos grupos. O conceito de «vocação» no Documentotambém tem um importante destaque: «não estamos a pedir que a pastoral vocacional seja reforçada como um sector separado e independente, mas que anime toda a actividade pastoral da Igreja apresentando efectivamente a multiplicidade de vocações». (ver Documenton. 139). O Documento conclui que este é o único caminho para «que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à medida completa da plenitude de Cristo» (Efésios 4:13).
Com base nas observações acima referidas, nos próximos três anos de trabalho pastoral na Diocese, declaro que observaremos o Ano da Juventudea partir da Festa de SANTA MARIA, MÃE DE DEUS, (1º de janeiro 2019) até à véspera da mesma Festa em 31 de Dezembro 2021. Trabalharei com grupos pastorais e instituições da nossa Diocese, incluindo paróquias, comissões diocesanas, associações de caridade, centros pastorais, ordens religiosas e congregações, etc., para construir uma plataforma onde os jovens tenham um espaço mais amplo para exprimirem os seus pensamentos e anseios. Vamos deixar que planeiem e implementem as suas actividades favoritas e coloquem em práctica as suas ideias.
Para esse fim, o clero da Diocese já identificou alguns dos jovens e, especificamente, estabeleceu «A Comissão de Preparação do Ano da Juventude» e o «Grupo Consultivo do Ano da Juventude». O grupo reuniu-se pela primeira vez em Novembro passado e já começou a definir algumas orientações e metas. Também marcou um fórum de jovens para o meio-dia do dia 30 de Dezembro deste ano, onde todos os jovens são convidados a participar. Acompanharei este grupo preparatório no seu crescimento, fazendo com que a Diocese dê espaço à vitalidade dos jovens, com a esperança de estabelecer uma Comissão Pastoral Diocesana para a Juventude e assim continuar a consolidar e aprofundar o trabalho com os jovens.
Queridos irmãos e irmãs: «Devemos ser santos para convidar os jovens a serem santos. Os jovens clamam por uma Igreja autêntica, luminosa, transparente e alegre: somente uma Igreja dos santos pode responder a estes pedidos» (ver Documento n. 166). Esta é a melhor oportunidade «através da santidade dos jovens, a Igreja pode renovar seu ardor espiritual e seu vigor apostólico» (ver Documenton.167). Encorajo-vos a orar pelos jovens e pela pastoral juvenil, especialmente nestes próximos três anos. Espero que todos vós presteis mais atenção as vossos filhos e jovens na vossa família, e no vosso dia a dia os acompanheis e ajudeis a crescer. Vamos, juntos, renovar a pastoral juvenil!
Finalmente, peço ardentemente a intercessão de Nossa Senhora, Mãe de Deus, que ore para que a alegria, a paz e a bênção de Nosso Senhor Jesus Cristo desçam sobre vós neste Natal e no Ano Novo de 2019.
D. Stephen Lee Bun Sang
Diocese de Macau