Caminho árduo rumo ao Reino de Deus

MENSAGEM PARA A QUARESMA: PAPA INVOCA IMPORTÂNCIA DO SÍNODO EM CURSO

Caminho árduo rumo ao Reino de Deus

O Papa Francisco invoca o processo sinodal em curso na tradicional mensagem do Santo Padre para a Quaresma. Nas quase mil e 300 palavras que dirige aos fiéis católicos, Francisco debruça-se sobre a importância de os leigos serem testemunhas da graça de Deus, tendo para tal que seguir o exemplo deixado por Jesus Cristo aos homens.

Com o título “Ascese quaresmal, itinerário sinodal”, a mensagem do Papa explica que “a ascese quaresmal é um empenho, sempre animado pela graça, no sentido de superar as nossas faltas de fé e as resistências em seguir Jesus pelo caminho da cruz. Aquilo precisamente de que Pedro e os outros discípulos tinham necessidade”, acrescentando que “para aprofundar o nosso conhecimento do Mestre, para compreender e acolher profundamente o mistério da salvação divina, realizada no dom total de si mesmo por amor, é preciso deixar-se conduzir por Ele à parte e ao alto, rompendo com a mediocridade e as vaidades”. Segundo Francisco, “estes requisitos são importantes também para o caminho sinodal, que nos comprometemos, como Igreja, a realizar. Far-nos-á bem reflectir sobre esta relação que existe entre a ascese quaresmal e a experiência sinodal”.

Se é verdade que “o caminho quaresmal é sinodal, porque o percorremos juntos pelo mesmo caminho”, à semelhança de outros momentos do Calendário Litúrgico, também não é menos verdade que “o processo sinodal se apresenta árduo e por vezes podemos até desanimar, mas aquilo que nos espera no final é algo, sem dúvida, maravilhoso e surpreendente, que nos ajudará a compreender melhor a vontade de Deus e a nossa missão ao serviço do seu Reino”.

Recorde-se que o actual Sínodo teve início em 2021, estando a conclusão dos trabalhos agendada para este ano. É o mais próximo das comunidades católicas alguma vez realizado, tendo todos os fiéis podido dar o seu contributo junto das suas paróquias e dioceses – daí o lema escolhido: “Comunhão, Participação, Missão”. Na mesma missiva, o Papa lembra que “o caminho sinodal está radicado na tradição da Igreja e, ao mesmo tempo, aberto para a novidade. A tradição é fonte de inspiração para procurar estradas novas, evitando as contrapostas tentações do imobilismo e da experimentação improvisada”.

A ideia de uma maior proximidade entre a cúpula da Igreja Católica e os fiéis é realçada pelo Sumo Pontífice ao afirmar que “a escuta de Cristo passa também através da escuta dos irmãos e irmãs na Igreja”, sendo que “nalgumas fases [do processo sinodal] esta escuta recíproca é o objectivo principal”. Uma escuta recíproca que é sinónimo de humildade: “Desçamos à planície e que a graça experimentada nos sustente para sermos artesãos de sinodalidade na vida ordinária das nossas comunidades”. Isto é, desça-se da montanha, do alto, e ao nível do solo escute-se o povo de Deus.

J.M.E.

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