Josemaría Escrivá, o caminho que não se esquece

Convite à Santidade, um desafio divino

O Papa Francisco na sua recente exortação apostólica sobre a chamada à santidade no mundo actual – GAUDETE ET EXSULTATE (ALEGRAI-VOS E EXULTAI) – recorda-nos que “Deus nos quer santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa” e impele-nos a “fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto actual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós «para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor»”. (…)

“Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus”. (…)

“Tudo isto é importante. Mas, o que quero recordar com esta exortação é sobretudo a chamada à santidade que o Senhor faz a cada um de nós, a chamada que dirige também a ti: sede santos, porque Eu sou santo”. (…)

“Para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na terra, sem a conceber como um caminho de santidade, porque «esta é, na verdade, a vontade de Deus: a [nossa] santificação». Cada santo é uma missão; é um projecto do Pai que visa reflectir e encarnar, num momento determinado da história, um aspecto do Evangelho”. (…)

“Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo. Não tenhas medo de apontar para mais alto, de te deixares amar e libertar por Deus. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito Santo. A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça”.

No dia 26 de Junho, a Igreja celebrou São Josemaría Escrivá, a quem João Paulo II chamou o “santo do quotidiano”. Em 1928, Deus fez-lhe ver que deveria fundar o Opus Dei para que o trabalho profissional e os deveres do cristão pudessem ser o caminho para a santidade.

Caminho amplo que a todos acolhe para, no espaço vital do seu labor, com alegria e simplicidade, conduzir o homem a Deus e iluminar os caminhos da terra com a luz da fé e do amor.

Trabalho, família e filiação divina é o cerne do segredo e o fundamento do espírito destes cristãos que, livremente, o são por paixão e vocação.

Porém, esta perspectiva está longe de ser uma novidade ou algo de estranho no seio da Igreja, pois o Cristianismo, desde sempre, assentou neste tríplice alicerce.

Coerência entre vida de oração, sociedade e profissão, amor ao mundo e à Igreja é um apanágio dos cristãos desde os tempos mais remotos, onde se encontra o princípio desta religião.

A partir do Concílio Vaticano II acentuou-se a tendência da possibilidade de todos os fiéis leigos poderem ser chamados à missão da procura e da concretização da sua santidade através da vida comum do ser humano.

Sagrado e profano coabitam no coração do homem, mas poder transformar em divino o humano, reconhecer a presença de Deus amando-O e, por Ele, a todas as coisas, amar apaixonadamente o mundo sem ser mundano, é um apelo que a Igreja dirige a todos sem excepção.

Esta verdade tão simples, reiterada pelo Santo Padre, só por si torna os nossos dias mais felizes, facilita a vida e poderá ser um caminho alegre e simples de salvação.

SUSANA MEXIA 

Professora

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