João Garcia Bires, Embaixador cessante de Angola na RPC

Macau alarga os interesses de Angola.

O embaixador cessante de Angola na República Popular da China, João Garcia Bires, em jeito de balanço do seu mandato, destacou a importância que Macau tem para as relações entre o gigante asiático e os Países de Língua Portuguesa (PLP).

«Por razões históricas, Macau tem uma importância singular. A primeira está no factor língua. A segunda, por ser a plataforma por onde giram os nossos interesses comuns», sublinhou João Garcia Bires.

«Com a facilidade de Macau em receber produtos angolanos, alarga-se o leque dos interesses de Angola, que tem no programa económico a diversificação da sua economia, podendo neste contexto encontrar-se em Macau a porta segura para apresentar e comercializar os seus produtos, não somente no território, mas também na região [do Delta], se assim for o interesse das partes», referiu.

Para o diplomata em fim de carreira, o Fórum Macau «é um meio» onde os «interesses» e a «cooperação económica e comercial» com a China se «cruzam» com o dos PLP. «Desde a criação do Fórum Macau, até à presente data, os países participantes já constituíram a sua própria identidade. Basta ver o volume das visitas de trabalho, o volume de negócios, a cooperação sempre activa e os trabalhos em prol do desenvolvimento técnico e científico», sustentou.

Questionado sobre a actual situação política de Angola, disse que «o Presidente João Lourenço tomou posse numa altura em que o País está a atravessar um dos mais difíceis momentos», dado que «a crise económica e financeira reflecte-se na vida do cidadão comum». Nesse sentido, «o lema da sua campanha “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal” está sendo aplicado para que o País possa encontrar, o mais rapidamente, o caminho certo».

Já sobre a possível desindexação do kwanza ao dólar americano, frisou que «pode ser considerada como reajustamento». «O Banco Nacional de Angola e o Banco Popular da China estão em vias de entabular discussões e nos próximos tempos saberemos os resultados. Uma coisa é certa: Angola está interessada na assinatura de um acordo para a conversão monetária com a República Popular da China», vincou.

A concluir, afirmou ser «difícil» fazer um juízo do seu trabalho e, consequentemente, uma «avaliação isenta e equilibrada». «Julgo ter cumprido cabalmente a missão que me foi incumbida. Paralelamente, na minha carreira sinto-me privilegiado por ter representado o meu país na República Popular da China».

João Garcia Bires iniciou funções na capital chinesa em Dezembro de 2011. Em Dezembro de 2017 foi informado pelo Ministério das Relações Exteriores de Angola que, no quadro da rotação dos embaixadores extraordinários e plenipotenciários, cessaria a comissão de serviço na RPC. «Tendo em conta o tempo de serviço prestado ao Estado, vou reformar-me», acentuou.

Entretanto, segundo noticiou recentemente a agência LUSA, o Governo angolano está a estudar a possibilidade de encerrar nove embaixadas e dezoito consulados-gerais, nomeadamente em Lisboa, Faro e Macau, além de dez representações comerciais, incluindo Lisboa e Macau, com o objectivo de poupar cerca de 66 milhões de dólares americanos.

PEDRO DANIEL OLIVEIRA

pedrodanielhk@hotmail.com

 

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