Mosteiro de Ruteng comemora 25 anos
No Mosteiro da Adoração da Santíssima Trindade, estrategicamente erguido na encosta do Monte Kuwu, nas imediações da cidade de Ruteng, na ilha indonésia das Flores, é permanente a celebração eucarística, e dia e noite sucedem-se constantes e diversas orações. No mês passado – como seria de esperar – todas as preces se direccionaram em torno da visita do Santo Padre ao arquipélago, felizmente coroada de êxito. Destacaram-se em tão nobre tarefa as Irmãs do Espírito Santo da Adoração Perpétua, uma congregação internacional «missionária-contemplativa», como elas próprias se auto-designam.
No seio da sociedade em geral, estas religiosas são mais conhecidas como “Irmãs Cor-de-Rosa”, devido à cor oficial das suas vestes. O cor-de-rosa foi escolhido pelo fundador da congregação, Santo Arnold Janssen (1837-1909), um padre missionário alemão, que anteriormente fundara a Sociedade do Verbo Divino (os missionários Verbitas), e que no processo contaria com a preciosa colaboração da madre Maria Micaela (1862-1934) para estabelecer e consolidar a nova instituição religiosa feminina. O cor-de-rosa simboliza «o amor e a alegria do Espírito Santo», e hoje em dia as irmãs marcam presença na Europa, nas Américas, na Ásia e em África. Chegaram à Indonésia a partir do vizinho arquipélago das Filipinas, estando o Mosteiro de Ruteng – digamos, a casa-mãe da congregação – a celebrar no corrente ano «o seu 25.º aniversário», como lembra a irmã Maria Benardi, filipina de nacionalidade, em declarações à agência noticiosa FIDES.
Em 1997, o bispo de Ruteng convidou as irmãs a estabelecerem-se naquela cidade, tendo em vista uma maior eficiência e dinâmica na acção missionária da igreja local. Hoje em dia, habitam o mencionado mosteiro três freiras filipinas e 21 indonésias. «Definitivamente, fomos abençoadas com o dom das vocações para a vida monástica», acentua a irmã Benardi.
As freiras asiáticas responderam de imediato ao apelo lançado pelos prelados indonésios, no sentido de acompanharem, «com orações contínuas e perpétua adoração», a visita do Papa Francisco à Indonésia (que decorreu de 2 a 6 de Setembro), aquela que seria a primeira etapa de uma histórica jornada apostólica na Ásia e Oceânia.
A irmã evoca o Santo Arnold Janseen, que dizia que quando adoramos entramos numa íntima relação com a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), uma verdadeira relação de amor, e «é essa» – acrescenta a irmã Benardi – «a nossa vocação e definitiva missão. Nessa comunhão de amor colocamos acima de tudo o Santo Padre e os seus objectivos de missão pelo Mundo». A irmã fala ainda daquele que é «um dia normal de oração», com início às 4 horas e 45 da manhã, terminando apenas às 7 horas e 30 da noite. Durante este período de tempo, estão «em permanente adoração», ajoelhadas e em profunda concentração, como manda a regra monástica, «em frente ao Santíssimo Sacramento», que esteve exposto durante toda a visita do Papa.
«Os objectivos do Santo Padre» – é ainda a irmã Benardi que fala – «são confiados à Virgem Maria que, na sua condição de discípula de Cristo, é intitulada pelas Irmãs Cor-de-Rosa de Imaculada Esposa do Espírito Santo».
As irmãs do Mosteiro da Adoração da Santíssima Trindade levam uma vida feliz imersas em trabalho e oração, demonstrando com essa sua postura que o mundo está nos nossos corações. É este o seu lema: “em oração e através da oração, somos missionárias em qualquer parte do mundo”.
Em muitos outros mosteiros, diferentes freiras dedicaram-se também de corpo e alma à oração durante esses dias tão significativos para as cristandades do arquipélago indonésio. Foi o caso das Carmelitas de Lembah Karmel, na colina de Cikanyere, na regência de Cianjur, no Oeste de Java. Nessa localidade existe uma comunidade de frades carmelitas e outra de freiras dessa mesma ordem. Uns e outros, devido à distância geográfica, não puderam estar presentes nas cerimónias religiosas que decorreram em Jacarta; ou seja, «não pudemos ver de perto o Santo Padre». A mera contemplação das imagens televisivas a que tiveram acesso, fizeram-lhes sentir que estavam próximos do Papa em comunhão espiritual – «e isso é que foi o mais importante» – e aproveitaram para agradecer a Deus a presença do Sumo Pontífice na terra onde nasceram e cresceram e onde optaram pela vida religiosa.
Também as freiras do mosteiro beneditino de Santa Maria de Gracia, na parte ocidental da ilha de Timor, pertencente à diocese de Kupang, responderam com o maior fervor à impossibilidade de estarem fisicamente perto de Francisco. Este mosteiro – «um oásis de espiritualidade» – oferece aos crentes uma extraordinária experiência de intensa oração e retiro espiritual. As mulheres consagradas que ali residem e os fiéis juntaram-se em vigília durante todo o tempo em que durou a visita papal, «de modo a que a mensagem do Evangelho e o dom da fraternidade que ele comporta floresça ainda mais e traga novos frutos a todo o arquipélago indonésio».
Joaquim Magalhães de Castro