A Educação na Idade Média
A Igreja, desde o começo, sempre fez da educação uma prioridade. O Catolicismo é uma religião intelectual, embora o Império Romano proibisse ou mandasse fechar as escolas cristãs, sempre se manteve viva a preocupação pela educação.
Após a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, intensificaram-se as invasões dos bárbaros na Europa, as quais foram inúmeras e muito devastadores. Porém, a Igreja Católica e o clero foram o grande baluarte de protecção dos povos, cuja vida e cultura se desintegraram e desmoronaram, salvando-se alguns manuscritos que os monges conseguiam guardar e recuperar nos mosteiros. Assim se deu o início das bibliotecas.
Os mosteiros e conventos foram os primeiros serviços do que se poderia chamar enfermagem, pois a eles recorria o povo em aflição com doenças, sofrimentos e pestes. Nos jardins dos mosteiros eram cultivadas ervas medicinais e foram os monges que começaram a ensinar as pessoas a cultivar a terra e aprender um ofício. Também tiveram de abrigar forasteiros, viajantes ou outros que passavam e necessitavam de repouso ou tratamentos. O facto de terem começado a aparecer bebés recém-nascidos abandonados às suas portas, levou-os a criar orfanatos e creches. Os garotos que habitavam em áreas rurais circundantes aos mosteiros podiam ali frequentar as escolas.
Com o fim das invasões estrangeiras deu-se o renascer da economia, desenvolveram-se as cidades europeias e novas escolas foram sendo construídas. As escolas no período medieval eram dirigidas por um cónego, ao qual se dava o nome de scholariusou scholasticus. Os professores eram clérigos de ordens menores e lecionavam as chamadas sete artes liberais: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geografia, Astronomia e Música, que mais tarde constituíram o curriculumde muitas Universidades. As Universidades eram compostas por quatro divisões ou faculdades. A faculdade de Artes e as faculdades de Direito, Medicina e Teologia que se dedicavam ao conhecimento de uma forma mais específica. Os directores das faculdades eram chamados decanos, sendo eleitos pelos professores.
Os cursos eram ministrados em Latim, o que exigia do estudante muito empenho e dedicação. O estudo das sete artes liberais era dividido em dois ciclos: o triviume o quadrivium. O primeiro compreendia a Gramática, a Retórica e a Lógica; o segundo compunha-se do estudo da Aritmética, Geografia, Astronomia e Música.
A metodologia de ensino baseava-se na leitura de textos e na exposição de ideias pelos professores. As aulas muitas vezes eram animadas com debates entre mestres e alunos que discutiam sobre um tema determinado, essas aulas foram denominadas de scholastica disputattio. Para cada matéria existiam determinadas obras fundamentais com recurso aos clássicos gregos e romanos. O programa incluía ainda a leitura da Bíblia acompanhada com os comentários dos Padres, particularmente de Gregório Magno.
Podemos assim concluir que Igreja foi um meio essencial e único no processo da educação e cultura na Idade Média, o seu papel foi deveras preponderante para o nosso legado educacional contemporâneo.
Repor a Verdade, retirando a óptica depreciativa que foi criada, é o imperativo ético que subjaz a estas crónicas.
Enrique Villanueva
Historiador e investigador