Conforto e força para os mais necessitados
Durante este mês, o tradicional “Mês Mariano”, um pouco por todo o lado nas Filipinas têm lugar peregrinações a Nossa Senhora da Consolação, devoção com particular expressão no Santuário de Santo Agostinho, localizado no bairro histórico de Intramuros, em Manila. Foi recentemente aí apresentada e abençoada, no decorrer da Missa que assinalou o Primeiro Congresso Principal da Arquidiocese dos Santuários de Manila, a primeira imagem peregrina de Nossa Senhora da Consolação.
A propósito, o reitor do Santuário, padre Edwin Hari, lembrou que a iniciativa tinha em vista “promover ainda mais” a devoção a Nossa Senhora, não só na arquidiocese de Manila como também noutros locais do País. “Queremos que os peregrinos se familiarizem cada vez mais com a devoção histórica a Nossa Senhora da Consolação, que há séculos sustenta a Fé dos devotos aqui em Intramuros. Queremos popularizar a prática da ‘coronilha’, um método de oração na qual a Virgem é invocada de modo especial”, disse o padre Hari à agência noticiosa CBCP News.
Inicialmente, a imagem circulará entre as paróquias do País onde existem unidades activas da Confraria de Nossa Senhora da Consolação, associações leigas sob a orientação dos frades agostinianos. De acordo com a Associação de Santuários e Peregrinações Católicas das Filipinas (ACSP, na sigla inglesa), a igreja de Santo Agostinho é uma das mais populares, acolhendo no seu seio milhares de fiéis e devotos todos os anos. Designado pelo então arcebispo de Manila, cardeal D. Jaime Sin, como santuário arquidiocesano em 2000, foi também aí, durante o Grande Jubileu, que a imagem original de Nossa Senhora da Consolação recebeu uma coroação pontifícia.
Entre as figuras mais veneradas da Virgem Maria nas Filipinas, país predominantemente católico, como se sabe, estão a Virgem de Antipolo (na província de Rizal), a Virgem de Peñafrancia (na região de Bicol), a Nossa Senhora da Visitação (na província de Cagayan) e a Virgem da Regra nas Ilhas Visayas.
A origem do culto a Nossa Senhora da Consolação deriva dos frades agostinianos pois eles, a par com Santo Agostinho e Santa Mónica, têm-na como padroeira. O título Consolatrix Afflictorum(Consoladora dos Aflitos) faz parte da Ladainha de Loreto e, pelo menos desde o início do Século XVIII, tornou-se habitual invocar a sua bênção junto dos moribundos.
Entre os devotos de Nossa Senhora da Consolação contam-se sobretudo os mais humildes e necessitados, e, nem de propósito, criou a arquidiocese de Manila muito recentemente um novo serviço de apostolado que pretende “atender os fiéis mais pobres da região e capacitá-los a serem auto-suficientes” através da criação e gestão de cooperativas sociais para acompanhar grupos e comunidades que vivem em extrema pobreza “no caminho da segurança alimentar e do desenvolvimento”. O arcebispo de Manila, cardeal D. José Advincula, confiou liderança da iniciativa ao sacerdote Anton Pascual, que à agência FIDES explicou o projecto: “Pretendemos promover e fortalecer cooperativas sociais que permitam aos mais necessitados um caminho de desenvolvimento sustentável e inclusivo”. O padre Pascual enfatiza que as cooperativas sociais permitem, por um lado, o lucro, ou seja, as pessoas podem sustentar as suas famílias; e por outro lado, “se correctamente orientadas para os serviços socialmente úteis”, contribuem para a sustentabilidade, “cuidando do bem-estar das pessoas e do Meio Ambiente”, razão pela qual a Igreja em Manila está disposta a envolver-se directamente nesse campo, “obedecendo ao espírito e indicações da Encíclica Laudato Si”.
Como parte do projecto, todas as cooperativas sociais de inspiração católica, ou de algum modo ligadas aos valores da Doutrina Social da Igreja, serão registadas na região de Manila. Serão também oferecidas oportunidades educacionais e serviços de assistência jurídica que permitam a criação de novas cooperativas e ajudem as já existentes a melhorar as oportunidades de emprego.
A nova instituição eclesiástica da arquidiocese de Manila está convencida de que as cooperativas desempenham um papel fundamental no bem-estar dos mais pobres: o caminho percorrido visa fortalecer os empreendimentos cooperativos também através de financiamentos e parcerias. O novo serviço analisará projectos para a criação de novas cooperativas, tanto no sector primário (agricultura e pecuária) como também para sectores específicos relacionados com a vida urbana, como é o caso da reciclagem de materiais e a comercialização de produtos feitos por pequenas empresas do sector têxtil ou artesanal.
Segundo dados da Agência do Governo das Filipinas para o Desenvolvimento, existem dezoito mil cooperativas em todo o País, com um total de onze milhões de membros, e encontram-se divididas em categorias: cooperativas primárias, secundárias e terciárias, dependendo da sua natureza jurídica.
Joaquim Magalhães de Castro