Frei Armindo Carvalho, novo Superior dos Franciscanos Portugueses

Abracemos os “leprosos” do nosso tempo.

A Província Portuguesa dos Santos Mártires de Marrocos, da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), elegeu, a 1 de Abril de 2016, como novo ministro provincial até 2021, o sacerdote Armindo Carvalho, de 76 anos. Missionário em Moçambique durante boa parte da sua vida, abraça agora este novo múnus, o de guiar os Franciscanos Portugueses na caminhada do Evangelho no século XXI. Fomos conhecer o frade, o sacerdote, o provincial, um homem que luta por viver o Evangelho em cada momento. Simples, discreto, humilde e de palavras suaves, levou-nos até ao Poço da Samaritana, a beber a água viva do Evangelho, falando do passado, do presente e com os olhos no futuro, na fé e na vida. Nesta época de crise e erosão da fé e do sentimento religioso, de secularização da sociedade, ouvimos o superior de uma das mais antigas e importantes ordens religiosas em Portugal e no Mundo, a mais popular ou próxima do povo, do sofrimento e do rosto humano de Cristo. É um testemunho da perspectiva e da visão de um franciscano, acima de tudo.

O CLARIMMuitas pessoas perguntam o que é ser hoje em dia um frade franciscano. Na sua perspectiva, o que é o espírito de São Francisco de Assis, em Portugal e no Mundo?

FrEI Armindo Carvalho – Agradeço esta oportunidade, mas creio que nada de novo poderei dizer sobre o que é o Franciscanismo hoje, como ontem e no futuro. Penso que toda a instituição religiosa, em concreto a minha Ordem, é obra do Espírito, de Deus. Que quando, como e com quem entende, suscita renovação, até no que foi ficando envelhecido, para que o objectivo que Deus teve em renovar a Humanidade enviando o seu filho Jesus não ficasse no esquecimento. Ou seja, a inspiração que veio a Francisco é essencialmente a vivência da verdade evangélica. O Evangelho é que é a Boa Nova. E essa vivência passa por conhecer o Evangelho, por criar uma relação pessoal muito forte e muito íntima com o seu Autor, que é Jesus Cristo, que trouxe a Boa Nova do Pai. Passa por sentir como um colaborador desta nova vivência que veio por Cristo e o legou à Igreja, para se viver. Não é apenas contar uma história, que vem de há dois mil anos, já sem actualidade, que agora a tecnologia substitui com vantagens, etc., mas sim a verdade única para a qual o homem é criado: viver exactamente o Evangelho de Cristo.

CLComo viveu Francisco de Assis?

F.A.C. – Francisco era um líder juvenil, de grandes qualidades humanas, mas ambicioso por ser cavaleiro. Com imensas frustrações porém. Achava que ser cavaleiro era pisar os outros para sua própria vaidade. Ele sabia que o Evangelho era para as pessoas simples, humildes. Olhou então para o exemplo do seu pai e reflectiu. Francisco era cada vez mais um jovem inquieto, a meditar sobre a efemeridade de tudo. Quis então encontrar o plano de Deus para ele. Errou depois dois anos, um “noviciado solitário”, pelos montes, rezando, trabalhando nos campos, vivendo pobremente, tentando discernir o que é que Deus queria dele.

CLE deu-se o clique…

F.A.C. – Sim, no encontro com o “leproso”, “o seu irmão cristão”. Ele encheu-se de enorme emoção quando o viu: numa coragem evangélica, desmontou o cavalo e foi abraçar e beijar o leproso. Sentiu ali o seu primeiro encontro com o Deus que procurava, que apareceu naquele leproso. A sua vida começou a mudar: “eu estava em pecado, mas um dia o Senhor conduziu-me ao meio deles [leprosos] e com eles usei de Misericórdia, e o que antes para mim parecia amargo se tornou em doçura de alma e de corpo. Então deixei o mundo e comecei a viver o Evangelho”, escreveria.

CLDepois, o segundo encontro com Cristo…

F.A.C. – Nessa procura, sim, foi grande a sua surpresa ao encontrar a igreja de São Damião, em ruínas. Entrou para falar com Deus. É o episódio do Cristo de São Damião, com a história da sua Incarnação, aparecendo como Cristo ressuscitado. “Senhor, que queres que eu faça”, perguntou (pergunta fundamental do Franciscanismo). “Francisco, vai e repara a minha Igreja, que como vês está em ruínas”. Primeiro viu e depois ouviu Deus, ficando encantado e motivado para começar a restaurar a igreja, a de São Damião e a Igreja, com a ajuda de pobres e dos que a ele se foram juntando.

CLEsses dois momentos continuam a fazer sentido hoje? São a chave da procura do Evangelho ou o carisma franciscano? São o elemento que define o Franciscanismo?

F.A.C. – Eu arrisco a dizer que sim. Não há Franciscanismo sem Cristo e sem Cristo total! E o Cristo total passa pelo leproso: “Aquilo que fizeres ao mais pequenino dos meus é a mim que o fazes”. E o mais pequeno naquele tempo era o leproso, um pária. Passa também pelo Cristo de São Damião. Porque esta atitude de depender de Deus para se sentir realizado na vida é uma atitude evangélica, que nunca envelhece e está sempre viçosa. O Evangelho nunca envelhece, está sempre vivo, o Evangelho que o nosso querido Papa Francisco tem lutado por reassumir na sua vida e despertar para a humanidade.

CLConsidera que hoje em dia os religiosos dão testemunho ou são capazes de ter ou conseguir essa vivência do Evangelho, seja na vida contemplativa, na vida activa, na missão, na educação, assistência, etc… Hoje em dia é possível os cristãos passarem esse testemunho vivo do Evangelho?

F.A.C. – A resposta não está na teoria, ou na doutrina, mas sim na vida, na opção pessoal que cada um faz. Para a Igreja e para o Povo de Deus o Evangelho continua a ser o único ponto de referência para uma vida feliz. Bem-aventurados os pobres em espírito, os mansos, os puros. Não há outro Evangelho, só há um, o verdadeiro Evangelho está aqui, no mundo. Quem assune essa forma de viver, a do Evangelho, é que encontra a verdadeira felicidade. Já neste mundo até, pois sentem-se livres, podem cantar a alegria, como São Francisco, que cantava a Criação, o Irmão Sol, etc. Não é só poesia, mas vivência profunda de um amor incrível a Deus. Não vou assim dizer se é possível ou não. Mas é possível, sim, pois Deus não ia pregar um Evangelho impossível. Entregou uma forma de viver realista que é o Evangelho, a única que pode dar ao homem a verdadeira dimensão do divino e do humano.

CLMas, e se o homem está a dispensar Deus?

F.A.C. – Se o homem pode dizer que pode dispensar o divino porque tem tecnologia e todas as capacidades e riquezas, etc., para quê Deus então? Para estorvar a sua felicidade pessoal? Mas não, não pode dispensar o divino. Porque quando assumo o Evangelho como forma de vida então eu posso ser feliz, alegre, não tenho buracos nas contas, não tenho problemas nas relações sociais e humanas, pois são “bem-aventurados os que perdoam, os pacíficos, os que vivem com fé, esperança e alegria a sua vida”. De outra forma, é muito complexo dizer assim: “eu sou feliz porque não preciso de Deus para nada!”. É uma invenção que infelizmente a nossa Europa está querendo assumir, mas não vai lá! Então fica sempre para um grupo de pequeninos, para pessoas humildes, simples, a opção por uma felicidade verdadeira que é a vivência do Evangelho.

CLMas será possível essa felicidade?

F.A.C. – Possível é. Não foi possível a Charles de Foucauld nos dias de hoje? ou a Madre Teresa de Calcutá? – que eu tive o privilégio de conhecer em Moçambique, uma mulher valente que nos intervalos ia para a lixeira de Maputo, carregar aquelas crianças ao colo, abandonadas, com um carinho enorme! E que criou lá uma espécie de clínica para casos de reabilitação notável e que subsiste num espectáculo de amizade e amor, nas Irmãs da Caridade. Como tantos outros casos que hoje em dia vivem, talvez escondidos, pois a Comunicação Social não gosta muito de falar deles, desses “leprosos” do mundo de hoje. Mas na realidade existe este projecto de vida e nós, franciscanos, não digo que o saibamos viver na sua plenitude, ou profundidade, no seu compromisso, mas que tentamos fazê-lo, tentamos. Não digo já andar por aí a abraçar leprosos, literalmente, mas a abraçar os “leprosos” do nosso tempo, os “leprosos de espírito”, os “leprosos” enfim de tantas outras condições que nos compete ajudar a viver dignamente.

CLA Teologia, o seu ensino, a cultura e a ciência religiosas conseguem passar essa mensagem do Evangelho, em vida e exemplo? Ou divulgá-lo? Compagina-se com o ideal de missão do Papa Francisco, de alteridade, de descoberta do rosto de Cristo em cada um de nós, da dádiva gratuita?

F.A.C. – É também difícil de responder porque cada sector de ensino tem os seus programas, os seus valores, mas digo que temos obrigação de o viver, não porque o Papa Francisco manda, mas porque é a nossa opção, a nossa condição. Se o Papa nos recorda, ainda bem, porque nós podemos adormecer. Ele o diz: “como é que vocês que são profetas querem acordar o mundo se afinal estão a dormir nas vossas cómodas almofadas?” Essa é que é a interpelação mais forte que ele nos faz, porque afirma que “o crente é uma pessoa alegre, é uma pessoa de esperança, é um profeta”. E esse profeta tem que despertar o mundo. Não apenas com sermões, mas com testemunho de vida, a nossa passagem, o nosso silêncio, com uma palavra, uma palmadinha as costas, enfim, já se pode despertar o mundo. E podem-nos interpelar: “mas este homem não está bom da cabeça!?” Pois, está a viver de maneira diferente dos demais. É essa profecia que o Evangelho nos propõe e que o Papa nos quer lembrar. Ser profeta mas para isso a conversão permanente tem que existir, porque facilmente escorregamos para o comodismo, muitas vezes talvez. E posso também dizer que como membro da sociedade posso viver como ela vive, do que ela tem. Como dizia alguém: “aquele padre é um ‘porreiro’, vem para as cervejas connosco, para o whisky, faz tudo como nós, é mesmo ‘porreiro’”. Eu não sei se isto é um elogio ou se é uma bênção à malandrice. É bom porque faz como os outros fazem? Ora, a profecia não pode passar por muitas situações assim. Pode-se dizer “meu caro amigo, goza a tua vida, mas não te esqueças que esta vida são dois dias, não esqueças que tens a vida eterna para viver e tens que a preparar aqui com o teu trabalho, com a tua renúncia, com a tua alegria, enfim, com os teus valores”. Agora se o franciscano cumpre ou não essa missão, só cada um poderá responder.

CLA Teologia, suporta, apoia ou dá algum contributo para essa missão e essa vivência evangélica?

F.A.C. – Acredito que sim, que a Teologia, que como refere a palavra, é o tratado, o estudo de Deus. Na formação do sacerdote este tem uma componente académica, para ser capaz por si próprio de conhecer a vida. E a vida, com o seu crescimento, a sua tecnologia, é necessário enfrentá-la com o seu conhecimento académico. Mas também há a formação espiritual, pois esta dá-lhe os valores com os quais poderá ser um homem do mundo, mas tem que ter raízes para isso. As raízes fora do terreno exacto não crescem. Mas se estas estiverem no terreno exacto, que é a nossa relação com Deus, com a verdade, com a justiça, enfim, com os valores fundamentais, aí podem crescer. Mas se eu quero apenas viver os valores superficiais, não sei até onde vou chegar. Pelo menos, não serei profeta.

CLO Franciscanismo foi sempre um alfobre de grandes teólogos, desde Santo António de Lisboa, São Boaventura, entre outros. Quando Francisco disse a António: “tu és o meu Doutor”, mostrou logo ali que o Franciscanismo tinha, na dimensão espiritual, alicerces na Teologia, na exegese bíblica também…

F.A.C. – Eu não me nego a dizer que terá existido e que poderá ainda hoje existir em alguém um certo conflito entre a ciência e a vida evangélica. São Francisco via como mais urgente o valor evangélico e quando a Teologia vinha “lavar a cabeça” e enaltecer a pessoa, então ele dizia logo: “meus caros amigos, primeiro o Evangelho”. E por isso proibia os frades de estudarem muito. Mas quando encontrou António, homem sábio mas santo, mandou-o logo ensinar Teologia aos irmãos, à maneira dele, desde que não perdessem o espírito de oração e devoção ao qual todas as demais coisas devem servir.

CLA Teologia subordinada ao espiritual…

F.A.C. – Sim, ao espiritual. Porque só assim tem raízes, só assim tem bases. Porque hoje um teólogo propõe um ambiente de teologia, umas teses novas, etc… amanhã haverá outros, mas a Teologia que nunca passa e que nunca envelhece é a teologia evangélica. E é aí que se têm que basear todas as outras “teologias”. Há muitas congregações religiosas, muitas ordens, muitos movimentos religiosos, mas a raiz é e tem que ser sempre o Evangelho. Vão todos beber ao Poço da Samaritana, que é a água viva do Evangelho. Se não for aí, podemos dizer como nos Actos dos Apóstolos, se a obra é de Deus, ela vencerá, se não é, desaparecerá. É assim que vejo o Evangelho. Todas as sedes de vivência pessoais ou comunitárias, todas as sedes vão-se dessedentar ao Evangelho, o Evangelho vivo de Jesus Cristo.

CLA Palavra, o Evangelho, é a principal forma de fortalecer a fé, de conhecer Deus, de O procurar?

F.A.C. – É o Evangelho do Poço da Samaritana, que é sempre a Boa Nova, a boa notícia que me alegra porque gera alegria não só numa dimensão do tempo mas lançando-me já numa dimensão de eternidade, essa dimensão evangélica que motiva muitas vezes o meu sacrifício, a minha abnegação, até a minha humilhação. Eu tinha o direito de me vingar, mas para quê? Zangar, infelicidade? O melhor é perdoar porque o perdão liberta. E isto é Evangelho vivo, que o Papa nos recorda intensamente na sua última encíclica. É por isso que o Franciscanismo hoje em dia pode ser um sinal despertador para um mundo que precisa realmente de não perder as raízes, a identidade, a sua própria história. Porque quer queiramos quer não, a Europa, por exemplo, tem raízes cristãs, é a nossa terra. É uma Europa cristã, que gradualmente ganhou outros valores, talvez mais urgentes ou aliciantes, mais imediatos, mas que precisará de repensar.

CLEssa matriz cristã vincada na vivência do Evangelho vivo, da “sequela Christi” (seguir Cristo), é o meio para se combater a erosão de fé, a dúvida. A fé está muito atacada hoje em dia, em várias áreas do globo, em descrença. Muitos dizem que temos dogmas e sacramentos demais, muitos mistérios, muita liturgia, afinal onde é que então o Evangelho se encaixa para fortalecer a fé, para atrair o regresso a Cristo?

F.A.C. – É toda uma opção de fé. A fé é um dom, uma dádiva de Deus. Que eu aceito ou rejeito. Ou aceito e valorizo, faço crescer, experimentando a coragem que a fé me dá; ou então desisto, porque se calhar é muito complicado ter fé, não permite tanta coisa como quando não a temos, implica sacrifícios e se calhar mete-me num buraco onde não posso conviver com ninguém. Mas a fé é a coisa mais bela que pode existir, até para a convivência social. Até quando aquele irmão, pessoa ou grupo com quem estou convivendo, não tem a mesma ideologia ou a mesma fé, nos enriquece com as diferenças. “Tu não tens fé, eu tenho mas eu posso enriquecer com alguns valores que tu tens, mesmo sem fé, pois todos os valores vêm de Deus”. Não há valores que não venham de Deus. O homem não inventa valores nenhuns, recebe-os de Deus. Na sua fé ou na sua não fé, na sua vida. É aí que eu vejo sempre um lugar actual e inultrapassável do Evangelho, e sem vaidade, também do Franciscanismo, pois o Evangelho é a regra que São Francisco impôs aos frades. “A Regra dos Frades Menores é esta meus irmãos: viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem nada próprio e em castidade”. O resto são acrescentos, adaptações à vida prática, interpretações, etc., mas o essencial é o Evangelho, a única Boa Nova, não há outra. O Franciscanismo não é boa notícia sem o Evangelho, que será sempre a boa notícia para todos que queiram viver a dinâmica da sua fé, comprometida e alegre.

CLEstamos em Maio, mês da Virgem Maria. Maria continua a ser importante na afirmação e na vida do Franciscanismo?

F.A.C. – Não esqueço que foi nas mãos de Maria que os franciscanos nasceram, na capelinha de Nossa Senhora dos Anjos, em Assis, na Porciúncula (“pequena porção”), que foi doada a Francisco, ali nascendo a primeira comunidade. “Vocês podem ter todas as riquezas do mundo ou não as ter, mas a maior riqueza do mundo é esta capelinha, guardem-na sempre”, pediu Francisco. É uma referência muito forte a Nossa Senhora. Depois, toda a nossa história franciscana está muito ligada à Virgem: Santo António, Escoto, São Boaventura, defensores acérrimos do dogma da Imaculada Conceição e de outras prerrogativas de Maria. Toda esta vivência e temática marianas passaram pelos pregadores franciscanos e pela sua lectio (ensino) nas universidades. Duns Escoto, por exemplo, foi expulso de três universidades por ter defendido a Imaculada Conceição, em plena Cristandade medieval. Hoje é santo, o Doutor Subtil, figura importante da teologia mariana. Maio é uma tradição mais recente, principalmente depois das Aparições de Fátima, que tornaram Maria caminho para Cristo, não uma paragem. Aproxima de Cristo, que é Deus, portanto Maria é também mediadora, na sua acção maternal junto do Pai, do Espírito, do Filho e junto de nós. Como nas Bodas de Cana, quando diz ao Filho que não se preocupasse, que iria haver vinho. A família franciscana preserva e venera esta tradição mariana, sempre, louvando e cantando as suas bem-aventuranças. O Evangelho vive-se também com Maria.

CLMaria e o Evangelho vivo. Fale-nos um pouco dessa relação.

F.A.C. – O Evangelho, afinal, começa onde? No ventre de Maria! Quando aceitou a Incarnação, na Anunciação de Gabriel, deu começo ao Evangelho, à Boa Nova, crescendo aí a dinâmica da relação de Deus com a Humanidade, aproximando-se tanto do homem na Incarnação da Palavra no seio de Maria. O céu e a terra estão aí, no Evangelho vivo. Deus é autor da terra, dos céus, o apaixonado que tanto ama a obra das Suas mãos.

CLComo está o Franciscanismo em Portugal e também no Mundo?

F.A.C. – Os franciscanos em Portugal estão numa situação muito bonita, como sempre, pois para mim não há situações feias, somos o que somos e não somos nem mais nem mais feios que outros ou que os antepassados. Somos o que somos hoje e acredito que a Província Portuguesa dos Santos Mártires de Marrocos está bem. E, já agora, a primeira coisa que digo, quando visito as comunidades enquanto Provincial, é: “nós somos realmente um grupo de irmãos que tem muitos bons irmãos”. Conheço-os, ouço-os e digo, nós temos muito bons irmãos. Estamos a trabalhar desde há uns anos na possibilidade de abrir uma fundação em Timor Lorosae, estando sete estudante timorenses actualmente a preparar-se em Braga para se ordenarem sacerdotes em Díli (depois de concluírem a Teologia). A Província está a facilitar esta caminhada, como já fez antes em Moçambique, onde já quase existe uma província franciscana. Em Portugal, no nosso rectangulozinho, como na Madeira e nos Açores, além de Cabo Verde, estamos a apostar na formação e nas vocações. Temos duas prioridades definidas para os Franciscanos Portugueses. A primeira prioridade é o reforço da relação pessoal com Deus. Eu não sou nada sem Deus. Se Deus não existisse, eu não existia. Se sou franciscano, é porque Deus me chamou e me colocou na senda do Seu plano. Reacender, reorganizar a nossa vida de oração num compromisso e projecto de vida pessoal e depois vivê-lo também em comunidade (oração e projecto de vida comunitários). Ou seja, o sentido de uma colmeia. A segunda prioridade é reorganizar a formação, que está interrompida. Estamos a trabalhar nesse sentido, na formação inicial e noviciado como na formação permanente. Actualizar e renovar, para o “aggiornamento” do Franciscanismo.

CLE Macau e os franciscanos?

F.A.C. – Nunca estive em Macau, sei que existem marcas e um “cheirinho” do Franciscanismo em Macau, mas através do nosso querido irmão João Lourenço, que viveu no território, e de outras referências, sinto que o legado de Francisco ainda não se apagou por completo. Mas quem sabe, se a chama franciscana não se reacende em Macau.

Vítor Teixeira

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