Mónaco: jackpot da Mercedes ou contra-ataque da Ferrari
A 76ª edição do Grande Prémio de Fórmula 1 do Mónaco – nascido em 1929 como Grande Prémio Automóvel do Mónaco – será disputada este fim de semana, entre hoje e Domingo, nas ruas estreitas e sinuosas do Principado do Mónaco.
O Grande Prémio de Formula 1 do Mónaco continua a ser um dos maiores polos de atracção de pilotos, esquipas, jornalistas e, mais especialmente, de elementos da “dolce vita” ou do “jet-set” internacional. Dizem as más línguas que pelo menos trinta por cento das pessoas que se vão acotovelar no Principado durante o fim de semana não tem nada a ver com as corridas que se irão disputar. O Circuito do Mónaco é único, e mesmo que outros circuitos de cidade tenham aparecido – e desaparecido – ao longo dos anos, o Mónaco sempre foi e será “aquele” circuito! O seu apelo e “glamour” únicos nasceram com a primeira “Corrida de Carros de Grande Prémio” muito devido ao seu famoso casino, na época ponto de encontro de ricos e famosos. Lendas foram aparecendo, cresceram e foram “cantadas” em livros, tais como “O Céu Não Tem Favoritos”, de Erich Maria Remarque, que relata as aventuras e desventuras de um piloto e respectiva amante, editado pela primeira vez em 1929, se bem que com um nome diferente.
Ayrton Senna, considerado um verdadeiro artista dos circuitos sinuosos, venceu no Mónaco por seis vezes; Juan Manuel Fangio e Michael Schumacher subiram ao lugar mais alto do pódio no Principado em cinco ocasiões, e Alain Prost em quatro.
O circuito monegasco põe à prova os pilotos, os carros e os comissários de pista em todas as corridas do fim de semana alargado. É aqui que o ditado “se algo pode correr mal, vai mesmo correr mal” mais se justifica, pelo que não há qualquer lugar para erros.
No ano passado os dois Ferrari de Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen impuseram-se ao Mercedes de Lewis Hamilton. Raikkonen estabeleceu um novo recorde – não oficial, por ter sido efectuado durante as provas de qualificação – para a volta mais rápida, com 1 minuto, 12 segundos e 178 milésimos de segundo. Veremos quem será o mais rápido este ano.
No último Grande Prémio, o de Espanha, nada foi muito suave ou simples. Desde carros partidos ao meio até a um espectacular erro dos comissário, houve de tudo um pouco. E ainda houve alguém que decidiu impor uma penalização de três lugares de despromoção para o Grande Prémio do Mónaco. O visado foi Romain Grosjean da Haas. O piloto francês fez um pião no meio do pelotão e arrastou com ele mais dois carros. Ora, voltem a ver com cuidado o vídeo do “incidente”. Na segunda curva do Circuito da Catalunha, quando os carros ainda estavam todos muito juntos, Kevin Magnussen, também da equipa americana, desacelerou subitamente, levando a que Grosjean se chegasse para o lado esquerdo e também reduzisse a velocidade. Nesse momento, o pneu traseiro esquerdo pisou ervas que bordejam a pista e areia, e o piloto – ao tentar voltar para a pista – acelerou, mas com a tracção em apenas um pneu traseiro entrou em pião no meio do pelotão. O resultado foram três carros muito danificados. Os comissários espanhóis acharam por bem punir o piloto francês da Haas. Porquê? Qual a razão invocada? O que aconteceu foi uma “situação de corrida”, sem premeditação, erro de julgamento ou manobra perigosa, mas que foi punida com três lugares do “grid” de largada. Gunther Steiner, chefe de equipa da Haas, disse que a punição é um soco na cara do piloto e da equipa. Talvez os comissários desejem que cada piloto deixe de lutar por uma posição, afastando-se cortesmente para dar passagem a um adversário. Se assim for, e a atitude dos comissários se repetir, estaremos a desvirtuar o próprio desporto automóvel. Querem duelos roda com roda, mas penalizar os pilotos por incidentes naturais quando se conduz carros de corrida em circuitos não vai ajudar muito.
A Liberty Media deseja realizar mais corridas nos Estados Unidos, como se ouviu no passado dia 13 em Espanha. Falou-se muito na possibilidade de se efectuar, já no próximo ano, um Grande Prémio em Miami (Estados Unidos), e em alterar o formato das provas, a curto prazo.
Depois do Grande Prémio de Espanha os bólides ficaram no circuito catalão, para a segunda ronda de testes oficiais da FISA. No primeiro dia, Max Verstappen foi o mais rápido em Red Bull. As equipas recorreram a muitos jovens da GP2 (o nome oficial da actual Fórmula 2) e a pilotos de reserva. Também no primeiro dia, Nicholas Latifi (Force India) foi o melhor dos “novatos”, acabando os testes imediatamente atrás de Grosjean. Antonio Giovinazzi (piloto de reserva da Ferrari) foi 7º, Oliver Rowland (Williams) 9º, Lando Norris (McLaren) 10º, George Russell (Force India) 11º, Sean Gelael (Toro Rosso) 12º, e Oliver Turvey (McLaren) 13º. Os seis “jovens lobos” rodaram na casa do minuto e 20 no primeiro contacto com um carro de Fórmula 1.
Já no segundo dia de testes, Giovinazzi, o mais experiente de todos estes, andou na casa do minuto, 16 segundos e 90 centésimos, onde apenas Valtteri Bottas, em Mercedes, havia chegado. Este tempo daria para se posicionar na segunda linha do “grid” no Grande Prémio de Espanha. Norris melhorou para 1,18. Todos os outros também melhoraram os tentos alcançados na véspera. Robert Kubica (Williams), aparentemente recuperado do seu horroroso acidente de há seis anos, foi 8º com um tempo de 1,19. Muitos destes jovens estarão em breve no lugar das “velhas raposas” que agora ocupam os melhores carros de corrida da Fórmula 1. São nomes a não esquecer!
Todos gostariam de vencer no Grande Prémio do Mónaco, mas só os melhores dos melhores sobem ao degrau mais alto do pódio. A agenda está assim escalonada (horário de Macau): Os treinos livres 1 e 2 realizaram-se ontem. Treinos livres 3, sábado, 18 horas – 19 horas. Provas de qualificação: Sábado, 21 horas – 22 horas. Corrida: Domingo, 21 horas e 10.
Manuel dos Santos