Fórmula 1 – Época de 2018

Paul Ricard, uma corrida “a sério”

Muitos dos fãs mais novos, e mesmo alguns mais entrados nos anos, perguntar-se-ão onde fica o Circuito de Paul Ricard-Le Castellet, onde se irá disputar o Grande Prémio de França neste fim-de-semana e, pelo menos, nos próximos cinco anos. Este autódromo foi palco do Grande Prémio de França de Fórmula 1 durante catorze anos, cedendo o seu lugar para o Circuito de Magny-Cours em 1991, que organizou a prova francesa até ao seu cancelamento em 2008.

O Circuito de Paul Ricard, situado na comuna de Le Castellet, foi construído em menos de um ano, apenas devido ao interesse de um milionário chamado Paul Ricard, que queria saber qual a sensação de construir e ter um autódromo de corridas de automóveis com o seu nome. O traçado foi supervisionado por dois dos mais famosos pilotos franceses da época, Henri Pescarolo e Jean-Pierre Beltoise. Equipado com tudo o que havia de melhor em termos de logística, contava com uma pista de aviação privada que obedecia a todos os requisitos das autoridades da aviação civil do País.

Muito perto de Marselha, histórica cidade turística, e a poucos minutos de carro da Riviera Francesa, Paul Ricard foi um sucesso instantâneo. Na época, tinha a recta mais longa de todos os circuitos de Formula 1 existentes – a famosa recta Mistral, com mais de mil 850 metros, que se fazia a fundo. Na primeira temporada dos motores turbo, introduzidos pela Renault, os turbos eram pouco resistentes e explodiam com frequência, mais ou menos a meio da recta Mistral. O acidente fatal do piloto italiano Elio de Angelis, durante um treino privado, e a necessidade de reduzir a velocidade dos carros à chegada da curva Signes, deu lugar a duas alterações no traçado: eliminou-se uma grande extensão do autódromo e introduziu-se a “variante” Mistral. Com o passar do tempo, Paul Ricard mudou de proprietário por duas vezes e a versão longa da pista foi reabilitada.

Nos últimos dez anos serviu para testes de grandes marcas e de empresas privadas do sector automóvel. A designação também mudou para Paul Ricard High Tech Test Track (Paul Ricard HTTT) e tem vindo a ser utilizado pela famosa série de carros de turismo “Blancpain GT Series”, que recorre à versão longa da pista (cinco mil 861 metros), a mesma que deverá ser aproveitada para o regresso da Formula 1 a Le Castellet. A título de curiosidade, Paul Ricard é o traçado mais versátil do mundo, com 167 configurações possíveis, desde um pequeno perímetro com apenas 826 metros até aos já referidos cinco mil 861 metros.

Há duas semanas o Grande Circo saltou o Atlântico e parou no Canadá para mais uma procissão. À semelhança do Mónaco, os pilotos limitaram-se a estar presentes com os seus carros, tentado chegar ao fim da “corrida”. No Circuito Gilles Villeneuve, praticamente desde a 18ª volta até à bandeira de xadrez nada mudou. Nem mesmo a famosa “estratégia dos pneus” foi suficiente para dar aos espectadores algo que valesse a pena.

Sebastian Vettel (Ferrari) venceu, secundado por Valtteri Bottas (Mercedes) e Max Verstappen (Red Bull) que compuseram o pódio, mantendo as posições da prova de qualificação do dia anterior. Lewis Hamilton (Mercedes), o actual campeão do mundo em título, quedou-se num modesto 5º lugar. Daniel Ricciardo (Red Bul) acabou em 4º. Vettel, que agora lidera o campeonato com apenas mais um ponto que Hamilton, queixou-se das corridas enfadonhas que a Fórmula 1 oferece aos seus adeptos, comparando-as com a emoção do Campeonato do Mundo de Futebol, em que os fãs sabem de antemão que haverá fortes emoções. Este “desabafo” de Vettel teve resposta por parte do director desportivo da Liberty Media, Ross Brawn. O antigo conselheiro da Ferrari e ex-campeão do mundo de construtores prometeu, uma vez mais, alterações na Fórmula 1 com o objectivo de a tornar mais atraente e competitiva. Mas como?

Muitas pessoas afirmam que em termos de espectáculo o motociclismo, os carros de turismo e as provas do mundial de Resistência há muito que são mais excitantes de se ver, tendo tantos ou mais pilotos “estrelas” do que a Fórmula 1, pois são eles que dão mais vida e cor ao desporto motorizado. Ao seguirmos todas estas categorias de corridas é difícil contra-argumentar, porque na realidade são disciplinas muito superiores em quase tudo: organização, entretenimento, informação, transmissão de imagem.

Com o Grande Prémio de França a Fórmula 1 regressa à Europa. A agenda para mais um fim-de-semana de lutas entre a Ferrari, a Mercedes e – porque não dizê-lo – a Red Bull está assim escalonada (horário de Macau): Treinos livres 1, hoje, 18 horas – 19 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 22 horas – 23 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 19 horas – 20 horas. Provas de qualificação: Sábado, 22 horas – 23 horas. Corrida: Domingo, 22 horas e 10.

 

Alonso vence 24 Horas de Le Mans (Caixa)

Depois de ter vencido as 6 horas de Spa-Francorchamps, Fernando Alonso “esmagou” a concorrência nas 24 Horas de Le Mans, disputadas no passado fim de semana. Mais rápido nos treinos livres, tanto no treino diurno como nocturno, liderou durante quase cinco horas no início da prova e terminou no lugar mais alto do pódio. Os companheiros de equipa, o suíço Sébastien Buemi e o japonês Kazuki Nakajima, afirmaram que o ex-campeão do mundo de pilotos de Fórmula 1 foi um excelente companheiro. Sendo a sua primeira participação na famosa corrida francesa, Alonso não foi menos do que extraordinário e deu assim mais um valioso passo para conseguir igualar Sir Graham Hill, o único detentor da Tríplice Coroa do automobilismo de competição (vencer no Mónaco, em Le Mans e Indianápolis). Tom Kristensen, vencedor por nove ocasiões no Circuito de La Sarthe (Le Mans), disse estar convencido que Fernando Alonso se sagrará campeão do mundo de Resistência este ano, ao volante do Toyota TS050 HYBRID. A próxima corrida é as 6 horas de Silverstone, em Inglaterra.

Manuel dos Santos

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