De novo, o Velho Continente
O circo da Fórmula 1 regressa à Europa depois da digressão inicial pela Austrália, China, Bahrain e Rússia. O Grande Prémio de Espanha é disputado no Circuito de Barcelona-Catalunha desde 1991. Para além de ser utilizado pela Fórmula 1 há bastante tempo, o autódromo, que se encontra perto da cidade de Montmeló, serve como pista de testes oficiais da FIA (Federação Internacional do Automóvel) por todas as equipas da Fórmula 1, num mínimo de duas vezes por ano.
O fantástico conhecimento acumulado pelas equipas em centenas de quilómetros de testes pode resultar em corridas desinteressantes, monótonas, porque em princípio cada equipa já sabe, de antemão, o que poderá esperar dos seus carros e pilotos. Daí que possamos afirmar que em Barcelona as “procissões” são frequentes. A única surpresa poderá vir dos novos apêndices aerodinâmicos, desenvolvidos especialmente para esta corrida com base nos dados entretanto recolhidos nas quatro provas anteriores.
Depois da prestação da Mercedes na corrida de Sochi a equipa alemã tentará capitalizar o bom momento para se tentar afastar da Ferrari no Campeonato do Mundo de Construtores. Os problemas verificados no carro de Lewis Hamilton na Rússia deverão ser corrigidos e podemos assistir a novos duelos entre as duas equipas. Por sua vez, a Ferrari também leva para Espanha uma série de novos implementos que serão testados durante as três sessões de treinos livres. A melhor opção será usada nas qualificações, o que não garante que não haja novas alterações para a corrida. Mas este frenesim de testes não é exclusivo destas duas grandes marcas. Sem excepção, todas as equipas, até as mais humildes, terão algo de novo a apresentar na busca daquele milésimo de segundo que pode fazer a diferença.
A Red Bull, a Williams, a Force India e a Toro Rosso precisarão desesperadamente de pontos para se manterem no pelotão da frente. Tal vai obrigá-las a um esforço extra. A Renault tem apresentado progressos relevantes, mas mais devido ao virtuosismo de Nico Hulkenberg do que do próprio carro. A Haas tem desiludido; esperava-se mais desta nova equipa depois do que fez no ano passado. A McLaren atingiu o ponto mais baixo da sua carreira, recheada de vitórias em diversas categorias do desporto automóvel. Depois de Stoffel Vandoorne ter ficado a ver a corrida dos camarins da Honda no Bahrain, desta vez calhou a “mala pata” a Fernando Alonso. O piloto espanhol teve problemas em todas as sessões de treinos livres e de qualificação, e viu o motor do carro desligar-se no final da volta de formação. A humilhação nunca declarada, mas sentida por todos os que admiram Alonso, está a ir para além do que ele pode suportar, o que legitima a decisão de ir até aos “States” para tentar fazer algo muito difícil (vencer as 500 milhas de Indianápolis na primeira tentativa).
Alonso não recebeu qualquer tipo de tratamento especial e como todos os “rookies” (estreantes) do “Brickyard” (alcunha dada ao circuito oval onde se disputa anualmente a mítica prova, por no início ter sido pavimentada com tijolos – bricks. Ainda hoje a linha de meta é assinalada com tijolos de um lado ao outro da pista) teve que se submeter aos treinos sequenciais de acréscimo de velocidade, até atingir a média de 225 milhas por hora (cerca de 315 quilómetros por hora), algo que se pode equiparar à velocidade máxima de um carro de Fórmula 1 em Monza. O carro em si, pintado com a cor outrora ostentada por Bruce McLaren (laranja mamão), agradou muito a Alonso, que o caracterizou como simples e eficaz, e muito menos complicado do que os Fórmula 1. Segundo ele, os carros da Formula 1 são complicados e demasiado dependentes de tecnologias de ponta. «Em Indianápolis o piloto “salta” para dentro do carro, põe o motor a trabalhar e vai para a pista. Na Fórmula 1 perde-se muito tempo a verificar tudo e mais alguma coisa, antes que o piloto possa levar o carro para a pista», explicou o piloto espanhol, que corre em casa este fim de semana, sendo substituído por Jenson Button no Grande Prémio do Mónaco, para que possa tentar qualificar-se entre os 33 pilotos que disputam a prova norte-americana.
A agenda do Grande Prémio de Espanha está assim escalonada:
Treinos livres 1, hoje, 10 horas – 11 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 14 horas – 15 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 11 horas – 12 horas. Provas de qualificação: sábado, 14 horas – 15 horas. Corrida: Domingo, 14 horas – 16 horas.
A diferença horária de Barcelona para Macau é de seis horas. Previsão da meteorologia: hoje, céu muito nublado; sábado e Domingo, chuva fraca intermitente.
Manuel dos Santos