Fórmula 1 – Época de 2017

Mais uma temporada

Como dissemos antes, a Fórmula 1 foi submetida a grandes alterações. Desde a gestão ao aspecto dos carros, quase tudo mudou. Os novos “patrões” desta categoria do desporto automóvel irão em breve começar a fazer alterações de “auto-denominada” importância vital. Não se sabe o quê, como e quando.

As equipas com os seus novos carros, pessoal técnico, apoio logístico, esperanças e objectivos, seguidas por um exército de jornalistas, rumaram a Barcelona, ao Circuito da Catalunha, como sempre tem sido desde há cerca de trinta anos, sob a “batuta” do (então) maestro Bernie Ecclestone. O mago da Fórmula 1 foi entretanto despedido e no seu lugar encontra-se agora outro nome sonante deste desporto, Ross Brawn.

O alemão já começou a mostrar que quer alterar muita coisa, ao afirmar que poderá haver um «campeonato extra-campeonato», para testar novas ideias e carros. Disse também que os aficionados não gostam das “barbatanas” que todos os novos carros ostentam sobre a capota do motor, pelo que irá fazer os possíveis para que sejam retiradas. Opiniões pessoais, ou algo mais?

Os novos carros, para além da discutível “barbatana de tubarão”, têm em comum quase tudo o resto. São tão parecidos uns aos outros que nos leva a pensar se as novas alterações não serão já algo baseadas nos regulamentos de outras séries da terra do “Tio Sam”, onde os carros são iguais ao milímetro, só diferindo na parte da frente, motores, suspensões e caixas de velocidade. Referimo-nos aos carros da NASCAR – National Association for Stock Car Auto Racing. Não nos podemos esquecer que os novos “patrões” da Fórmula 1 são americanos. Nos novos bólides o único dado que os distingue, como acontece nos “stock” americanos, são as coloridas pinturas que ostentam. Temos que reconhecer que ficaram mais bonitos!

O objectivo principal das profundas alterações aos regulamentos foi tornar os carros mais rápidos, para que efectuassem menos cinco segundos por volta e, por arrasto, que os carros tivessem desempenhos semelhantes que provocassem alterações no pelotão.

Em primeiro lugar, depois do primeiro teste livre em Barcelona, vê-se que os tempos são quase iguais aos do ano passado. Em 2016, Kimi Raikkonen com o seu Ferrari estabeleceu no primeiro teste livre o melhor tempo, com 1 minuto, 22 segundos e 765 milésimos de segundo, e este ano Valtteri Bottas, em Mercedes, registou 1:19:70. Longe vão os tempos em que Michael Schumacher, ao volante de um Ferrari, fixou o tempo do Circuito da Catalunha em 1:14:637, decorria o ano de 2008.

Como os carros são mais leves, por força dos novos regulamentos, em que também foram reintroduzidos os reabastecimentos de combustível, deviam ser mais rápidos. Com depósitos mais pequenos e menos combustível são-no de facto, mas apenas nas curvas, onde os pilotos entram e saem mais depressa a ponto de terem problemas no pescoço, mesmo usando o equipamento “Hans” que suporta e reduz os movimentos da cabeça dos piloto nas curvas. Porque continuam então a ser mais lentos do que se esperava no computo geral? Nas aulas de aerodinâmica ensina-se que um objecto que se mova tem que vencer a resistência do ar. Ora, os pneus da nova Fórmula 1 são mais altos e mais largos em cerca de 25 por cento. A barreira provocada pelos pneus poderá ser responsável pela quebra de velocidade verificada nos primeiros testes.

Quanto aos carros, os Mercedes de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas voltaram a ser melhores, em termos de velocidade, distância percorrida e ausência de problemas, seguidos dos Ferrari de Sebastian Vettel e Kimi Raikkonen. Todas as outras equipas revelaram-se à altura das espectativas, à excepção da McLaren que voltou a ter problemas nos motores Honda. Algo que ninguém esperava, depois dos resultados dos testes realizados nas oficinas da Honda.

O jovem Lance Stroll, de apenas 18 anos, acabou mais cedo os testes da Williams, ao partir o carro na penúltima sessão de treinos. O piloto italiano Giovinazzi, reserva da Ferrari, tomou conta do trabalho que deveria de ter sido feito por Pascal Wehrlein da Sauber-Ferrari, devido a não ter recuperado de um acidente sofrido durante a Corrida dos Campeões no início do ano.

Em jeito de curiosidade, falemos do que acontece quando um ídolo nacional como Nico Rosberg (Finlândia e Alemanha) ou Lewis Hamilton (Reino Unido) ganha, perde ou se retira do desporto. A intempestiva saída de Rosberg do “Circo”, sejam quais forem as motivações, fez subir o nível da audiência televisiva dos desportos motorizados na Alemanha em 7,5 por cento. Já quanto a Hamilton, o seu fracasso (se assim se poderá chamar ao segundo lugar no Campeonato Mundial de Pilotos de Fórmula1) fez cair em mais de cinco milhões os valores das estatísticas da audiência no Reino de Sua Majestade.

Durante a semana que agora termina teve lugar o segundo teste livre da Fórmula 1, sobre o qual tentaremos falar ainda antes da primeira corrida na Austrália. Com os resultados do segundo teste já se poderá ter uma ideia mais concreta sobre o que acontecerá em Melbourne entre 24 e 26 deste mês.

Manuel dos Santos

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