Fórmula 1 – Época de 2017

Batalha de Hungaroring

A FIA (Federação Internacional do Automóvel) habituou-nos, ao longo dos anos, a algumas decisões absurdas, sempre no “melhor interesse” do desporto automóvel. Algumas dessas decisões desaparecem cedo, sem deixar saudades, sendo que umas poucas vão sobrevivendo de ano para ano, com consequências estúpidas, muitas vezes sem que as pessoas se apercebam dos estragos causados.

No início desta nova era de carros com motores híbridos, foi decretado que certas peças deveriam ter um determinado tempo de vida, de acordo com padrões pré-definidos. Óptimo! Em nome da redução dos custos e busca da fiabilidade… Mas as contrapartidas da FIA não eram, nem são suaves. E se uma peça das tais listadas no menu estabelecido falha, há penalizações. Isto está bem? Não! Está mal! As penalizações acabam por ser aplicadas aos pilotos e não às equipas. Se um carro se avariar, porque uma das tais peças dá o berro, o piloto é penalizado com perda de lugares no “grid” de largada, até ao número máximo de quinze posições. Ora, estamos perante uma das maiores injustiças praticadas no desporto motorizado. Já vimos muitas vezes um piloto alcançar a “pole position” e ser relegado para o 5º, 10º ou 15º lugar.

Na realidade, que tem o piloto a ver com o facto do carro ter tido uma avaria? É ele o responsável pelo fabrico das peças, ou da montagem do carro? Não! Então por que é o piloto prejudicado, ele que arrisca a vida para nos dar espectáculo e executa o seu trabalho da melhor forma possível? A nosso ver – já o dissemos por diversas vezes – quem tem que ser penalizado é a equipa, seja ela qual for, e não o piloto. É a equipa que monta o gigantesco “mecano” que é um carro de Fórmula 1 moderno. Não é o piloto! Em vez da penalização de 5, 10, 15 lugares na grelha de partida, porque não deduzir 5, 10, 15 ou mais pontos aos já acumulados pelas equipas ao longo do campeonato? Claro que podem perguntar: “E as equipas que não têm pontos acumulados?” Pensamos que essas precisam de ajuda e não de penalizações. O pessoal da FIA é inteligente e mais tarde ou mais cedo irá pensar neste assunto, embora já com três anos de atraso. O espectador, esse, não entende o porquê da penalização, não gosta do que vê e deixa de assistir a este desporto. Faça-se os esforços que se fizerem, se alguém não entende o que vê, não pode gostar.

Outra polémica que se estabeleceu na Fórmula 1 resultou do facto da FIA ter decidido impor, a partir do primeiro Grande Prémio de 2018, o uso do “Halo” para proteger a cabeça dos pilotos. Depois de quase três anos de testes, com sucessivos falhanços, deu também negativo o teste do “Aeroscreen”. Este dispositivo foi montado no Ferrari de Sebastian Vettel nos primeiros treinos livres do Grande Prémio de Inglaterra, sendo que o piloto alemão disse sentir-se tonto e agoniado devido à distorção da imagem causada pela curvatura do vidro, com apenas uma volta na pista. Ainda assim, sem mais testes ou deliberações, a FIA decidiu pelo uso do “Halo”, dispositivo que foi imediatamente rejeitado por noventa por cento das equipas e que mereceu críticas por parte de Niki Lauda, três vezes campeão do mundo de pilotos e actual director não-executivo da Mercedes: «Estamos a tentar seriamente trazer mais espectadores a este desporto, com carros mais rápidos e levando os espectadores para mais perto [dos acontecimentos]. Neste momento, tudo é destruído por uma reacção exagerada».

Este fim de semana disputa-se o Grande Prémio da Hungria, um dos poucos países ditos de leste que tem tradição no desporto automóvel. O primeiro Grande Prémio da Hungria realizou-se em 1930. O circuito de Budapeste foi palco de corridas épicas até ao início da Segunda Guerra Mundial. Os grandes carros da Mercedes e da Auto Union, sem qualquer tipo de pintura no começo e mais tarde pintados de prateado, o que deu origem ao termo Flechas de Prata (Silberpfeile) – partilhado pelas duas marcas alemãs, e não só pela Mercedes como se pensa – dominaram tudo e todos. Depois da guerra o desporto automóvel desapareceu na Hungria, devido à imposição do Comunismo.

Em 1983 pensou-se realizar um Grande Prémio de Fórmula 1 nas ruas de Moscovo, mas a ideia caiu por terra. As autoridades húngaras decidiram então avançar com uma candidatura, tendo Budapeste como palco. No decorrer do processo os húngaros acabariam por decidir construir um autódromo de raiz a 19 quilómetros da capital. A escolha do local recaiu num anfiteatro natural. A recta da meta, plana, é seguida por uma sequência de duas curvas ligadas a uma recta, a descer, que faz a ligação ao miolo. Com sete curvas, que mal se notam, segue-se uma subida quase igual à descida, com duas curvas idênticas às da descida, que se ligam à recta da meta. Quase todas as equipas deverão “calçar” pneus macios e super-macios, de acordo com a escolha de todas equipas para este fim-de-semana. Nas primeiras sessões de treinos livres, em que se acertam as afinações, será utilizado um único jogo de pneus médios.

Os Mercedes continuam a ser favoritos, mas para além dos Ferrari devemos olhar com atenção para os dois Force India e para os Red Bull/Toro Rosso.

A diferença horária entre a Hungria e Macau é de seis horas, estando a agenda escalonada da seguinte forma: Treinos livres 1, hoje, 10 horas – 11 horas e 30; treinos livres 2, hoje, 14 horas – 15 horas e 30; treinos livres 3, sábado, 11 horas – 12 horas. Provas de qualificação: Sábado, 14 horas – 15 horas. Corrida: Domingo, 14 horas – 16 horas.

A meteorologia local prevê chuva fraca para os três dias, com a temperatura a cair entre sexta-feira e Domingo.

Manuel dos Santos

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