Fórmula 1 – Época de 2016

Grande Circo arranca no Domingo

A Fórmula 1 regressa à “vida activa” este fim de semana, em Melbourne, na Austrália, após os testes oficiais, autorizados pela FIA, que como vem sendo hábito tiveram lugar no Circuito da Catalunha, em Espanha.

No final dos testes, que tiveram duas fases de quatro dias cada – ao invés das três fases do ano passado – ficou a saber-se mais ao menos o mesmo do que nos outros anos. Para além do que é absolutamente óbvio, todas as equipas dizem-se motivadas, esperançadas e confiantes, depois das prestações dos seus carros e pilotos. Mas no fundo essas afirmações reduzem-se a uma pequena frase: “Vamos ver como é na Austrália”.

Depois dos primeiros treinos livres, hoje, sexta-feira, já se poderá ter uma ideia mais concreta de quem é quem, sem no entanto se descurarem pequenas coisas que foram acontecendo ao longo dos ensaios.

O magnata americano Gene Haas, que se deveria ter apresentado na grelha de partida em Melbourne em 2015, vai finalmente colocar os seus carros na pista. Com motor Ferrari, os novos bólides tiveram duas sessões de testes bastante diferentes. Na primeira, pareceu que César estava com eles, com um convincente “Veni, Vidi, Vinci”, com tudo a correr bem, para espanto de muito boa gente presente no autódromo catalão. No segundo teste, porém, a equipa americana (a primeira em 25 anos) experimentou problemas de toda a ordem, normais para carros novos, o que serviu para os seus responsáveis acordarem para a realidade da Fórmula 1. Ainda assim, as máquinas revelaram-se muito rápidas e fiáveis, acima de tudo.

Por sua vez, Dietrich Mateschitz, o dono da Red Bull Racing e da Toro Rosso, confessou-se muito satisfeito com a prestação de ambas as equipas, afirmando mesmo que a Toro Rosso possui este ano um carro melhor, com possibilidade de lutar pelos lugares cimeiros. Apesar dos sinais positivos, Mateschitz não garantiu que as suas equipas continuem na Fórmula 1 por muito mais tempo…

A Mercedes Benz, que dominou o Mundial de Fórmula 1 nos últimos dois anos, aparenta querer estender, pelo menos por mais um ano, a condição de vencedor absoluto.

Toto Wolff, o director da Mercedes, só terá problemas se os seus dois pilotos se digladiarem “a sério”, depois da notícia de que a equipa alemã vai deixar os condutores lutarem pelos pontos sem condicionantes. Lewis Hamilton, agora com três títulos de campeão do mundo, poderá querer, muito naturalmente, um quarto triunfo, o que está bem ao seu alcance. Porém, há quem pergunte se o piloto britânico estará motivado para tal, uma vez que Nico Rosberg venceu as últimas três corridas de 2015 sem qualquer oposição. Para muitos, e nós corroboramos da mesma opinião, Lewis Hamilton terá “oferecido” esses triunfos a Nico Rosberg, pois já era campeão, e as corridas, como se costuma dizer em bom Português, eram “a feijões”. Veremos como se comportarão já este fim de semana. Se Hamilton estará desmotivado, ou se, pelo contrário, irá lutar por mais um título, desde o primeiro apagar das luzes.

Os pilotos da Mercedes têm opiniões contraditórias, no que respeita ao já famoso “Halo”, destinado a proteger a cabeça dos pilotos. O apêndice não é consensual, havendo tantos pilotos a favor como contra. Enquanto Rosberg elogia a ideia, Hamilton pede que seja opcional, pois não quer, não gosta e recusa-se a aceitá-lo. A Ferrari testou o “Halo” em Barcelona, no carro de Kimi Raikkonen, tendo considerado a solução muito positiva. Se recuarmos na história da Fórmula 1, encontramos posições muito semelhante, por parte de algumas “vedetas” da época, aquando da introdução dos cintos de segurança. Actualmente não há uma única prova do desporto automóvel, em qualquer parte do Mundo, seja em que categoria for, em que o cinto de segurança não seja obrigatório. Incontáveis pilotos de todas as categorias devem a vida a este mecanismo de segurança, outrora controverso.

E por falar em controverso, desde 2014 que os carros de Fórmula 1 têm sofrido alterações, com maior ou menor sucesso, sendo que com todos esses processos estão cada vez mais pesados; e o peso é o maior inimigo dos carros de corrida.

Também o acréscimo de uns poucos quilos num Fórmula 1 obriga ao emagrecimento compulsivo dos pilotos. Os que são mais pesados, devido à sua compleição física, têm que emagrecer. E porquê? A explicação é simples: Os carros têm um peso limite, que inclui o peso do piloto. Há dispositivos denominados “balastros”, que podem ser utilizados de muitas formas para “balancear” o carro. Os balastros são adicionados tendo em conta o peso total do carro e do piloto, o que leva os “artistas” a terem de emagrecer para poderem tirar o máximo partido das máquinas. Pode parecer caricato, mas Jean-Éric Vergne foi há dois anos hospitalizado na Austrália, depois de ter feito uma dieta violenta para perder peso. E tudo porque o seu companheiro de equipa, o russo Daniil Kvyat era mais leve e o seu carro portava-se melhor em pista.

Manuel dos Santos

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