Fórmula 1 – Época de 2015

Monza e os problemas da Pirelli

Este fim de semana a Fórmula 1 regressa a um dos mais famosos – e perigosos – circuitos do desporto automóvel, o Autodromo Nazionale Monza. Uma pista onde já se registaram algumas tragédias, onde muitos pilotos de nomeada e espectadores deixaram as suas vidas, tanto em testes como nos treinos ou nas corridas. De facto, Monza é o circuito mais mortífero de todos os que são, ou foram, usados para o Campeonato do Mundo de Fórmula 1. De todos, o piloto mais famoso a perder a vida em Monza foi Jochen Rindt – piloto austríaco, senhor de uma condução muito agressiva, faleceu durante os treinos para o Grande Prémio de Itália de 1970 quando uma falha dos travões o atirou contra as barreiras de protecção a grande velocidade. Rindt, que comandava o mundial de pilotos, foi substituído pelo brasileiro Emerson Fittipaldi, num carro igual, com a missão de impedir os adversários de marcar pontos. O Lotus 72 e o piloto brasileiro cumpriram a missão, e Jochen Rindt foi até hoje o único piloto a sagrar-se campeão do mundo de pilotos de Fórmula 1 a título póstumo.

Muito rápido, com pouco apoio aerodinâmico, Monza ainda inclui na versão actual uma parte da terrível parabólica do circuito inicial, que faz a ligação entre duas grandes rectas. Para se reduzir a velocidade média foram introduzidas “variantes” compostas por curvas mais ou menos apertadas, normalmente conhecidas como “chicanes”. Ainda assim, o autódromo italiano é considerado o mais rápido da Europa.

Monza pode ser bom para os Ferrari de Vettel e Raikkonen, para os Mercedes de Hamilton e Rosberg, ou até mesmo para os Williams de Bottas e Massa.

Um dos grandes problemas será novamente os pneus, que este ano muita polémica têm dado. No último grande prémio, na Bélgica, Nico Rosberg, nos treinos, e Sebastian Vettel, a duas voltas do fim da corrida, escaparam por muito pouco de um daqueles acidentes que ficam na história e na mente de quem os presencia. Vettel foi vítima da explosão de um pneu que lhe acabou com a corrida, enquanto Rosberg sofreu idêntica falha, mas nos treinos livres. Vettel não se coibiu de acusar a Pirelli de fornecer “borracha” de má qualidade, no que foi apoiado, mais ou menos abertamente, por outros pilotos e jornalistas, incluindo o ex-piloto de Fórmula 1 David Coulthard. Se o incidente tivesse ocorrido cem metros antes, Vettel não teria saído ileso. Vettel é dos poucos pilotos que atingem cerca de 300 quilómetros por hora na famosa Eau Rouge. São poucos, mesmo muito poucos, os pilotos que cometem tal proeza.

A Pirelli defendeu-se como pôde, mas não convenceu. A Ferrari afirma que o técnico da marca italiana de pneus não terá avisado quanto a um possível desgaste exagerado dos pneus do carro de Vettel, acusando-o de não ter estado na “box” da Ferrari por se encontrar a mastigar Chiclets.

A Pirelli fornece pneus para a Fórmula 1 há cinco épocas, estando a fábrica francesa Michelin a tentar também regressar ao Grande Circo. Seria bom que ambas as marcas fossem autorizadas a fornecer pneus às equipas, por forma a que estas não fossem obrigadas a usar um único tipo de pneu, ainda para mais imposto por apenas um fabricante, sem qualquer concorrência. Há já alguns anos que não se veem duas marcas a fornecer pneus às equipas de Fórmula 1, o que faria aumentar a competitividade entre os diferentes bólides.

A terminar, uma triste nota: mais um piloto de carros de corrida foi vítima de um acidente fatal durante uma prova. Justin Wilson, ex-piloto de Fórmula 1 (Minardi e Jaguar), presentemente a disputar o Champ Car Series dos Estados Unidos, sofreu um estranho acidente que lhe custou a vida. À semelhança do que aconteceu a Felipe Massa no Grande Prémio da Hungria de 2009 – foi atingido por uma peça do carro de Rubens Barrichello, mas teve a sorte de ter batido principalmente no capacete – Wilson foi atingido na face por destroços do carro do líder da corrida, Sage Karam, depois deste ter batido num muro com o carro número 25 da Andretti Autosport. O piloto ficou inconsciente, tendo sido transportado de helicóptero para o hospital. Faleceu no dia seguinte.

Justin Wilson detinha um estranho recorde na Fórmula 1. Com 1,93 metros foi o piloto mais alto que alguma vez competiu na categoria rainha. Na época a Minardi teve de construir um carro com mais sete centímetros que os outros Fórmula 1.

Os responsáveis da Champ Car Series ponderam construir carros com “células de sobrevivência” iguais às dos aviões de combate para prevenir este tipo de situação. Haverá muitos prós e muitos contra… veremos…

Manuel dos Santos

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