Família e Fé

Para que serve a Filosofia?

Não sabia como começar a aula. Os alunos não tinham paciência. Alguns nem sabiam o que essa palavra significava. A cadeira era para eles, no mínimo, uma seca.

“Filosofia, para quê? Se ao menos servisse para alguma coisa”, pensavam os alunos.

«– Vamos fazer um jogo. Eu pergunto e vocês respondem. Acham bem?», propôs o professor.

«– Siiim», saiu a resposta como um grito.

«– Porque é que nós temos olhos?».

«– Para veeer, stor».

«– Porque é que nós temos ouvidos?».

«– Para ouviiir, stor».

Muito bem. Todos ao mesmo tempo e em coro.

«– Porque é que nós temos uma boca?».

«– Para comeeer, stor».

Alguns tentaram responder “para falar”, mas, naquele momento, a maioria estava com uma fome de leão.

«– E porque é que nós existimos?».

«– Para…».

Silêncio.

Talvez pela primeira vez naquele dia os seus neurónios estavam a tentar funcionar. Era preciso continuar a alimentar esse pensamento.

«– Porque é que nós desejamos ser felizes?».

Nada. Só silêncio.

«– Porque é que existe o mal?».

Para isto serve a Filosofia.

Para procurar respostas às perguntas que mais nos inquietam. É um conhecimento muito menos teórico do que parece. As respostas a estas perguntas afectam incrivelmente o nosso modo de actuar.

A Filosofia serve para procurar a verdade.

Todos nós temos sede de verdade. Só os animais têm sede somente de água. O homem não. É por natureza um filósofo.

Alguém colocou em nós, no nosso ser mais íntimo, um desejo profundíssimo de conhecer a verdade. No nosso coração arde uma exigência de sentido: “– Quem sou eu?”.

E, se nós fizermos a sério esta pergunta, descobriremos que somos um mistério. Por muito que procuremos, não encontraremos em nós a razão de ser da nossa existência.

A Filosofia configura a nossa vida.

Pode não produzir nada, mas influencia e orienta todas as nossas decisões.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria 

Doutor em Teologia

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