Se Deus é bom, por que existe o mal?
Todas as coisas criadas são intrinsecamente boas e reflectem a bondade infinita de Deus. A criação, na sua beleza e harmonia, testemunha a generosidade e perfeição do Criador, oferecendo-nos um vestígio da sua bondade inefável.
Então, se Deus é bom, por que razão existe o mal?
O mal moral que existe no mundo, diferente do mal físico, não é fruto de uma limitação da acção divina, mas sim da falta de sintonia da criatura livre com os planos de Deus.
Deus, na sua infinita sabedoria, concedeu a liberdade às suas criaturas racionais, permitindo-lhes agir de acordo com a sua própria vontade. O mal, portanto, não provém de Deus, mas do livre actuar do homem, que se deixa seduzir por ele.
O homem não inventa o mal. Ele é, muitas vezes, atraído por ele devido à sua natureza vulnerável. Seduzido pelo demónio, o homem permitiu que a confiança no Criador se apagasse no seu coração. Este afastamento inicial da vontade divina resultou na entrada do mal no mundo, e é uma realidade que continua a manifestar-se na actualidade.
O reconhecimento dessa vulnerabilidade é crucial para procurar uma maior sintonia com os desígnios divinos e resistir às tentações que afastam o homem de Deus e da sua verdadeira felicidade.
Assim, a bondade de Deus permanece intacta e imutável. O mal não é um reflexo da acção divina, mas sim um resultado da liberdade mal exercida pela criatura.
A verdadeira superação do mal consiste no retorno à confiança em Deus, redescobrindo a harmonia original da criação e procurando livremente que as nossas acções estejam de acordo com a vontade sapientíssima de Deus.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
Doutor em Teologia