«Temos a Igreja fresca; só precisamos de continuar a nossa missão»
As paróquias da Sé Catedral e de Nossa Senhora do Carmo enviaram 26 jovens da comunidade de língua portuguesa a Fátima e Lisboa, a fim de participarem na Jornada Mundial da Juventude. No caso deste grupo, a primeira etapa, denominada “Dias nas Dioceses”, decorreu na diocese de Leiria-Fátima, juntamente com outros sete mil e 500 jovens de cinquenta países. Os jovens de Macau ficaram instalados em Alqueidão da Serra, a treze quilómetros de Fátima. O pároco, padre Vítor Mira, conseguiu que várias famílias os acolhessem. Cada lar recebeu dois jovens ou duas jovens. A’O CLARIM, Adão e Maria do Rosário, pais de três filhas, concederam uma entrevista. Este casal acolheu Jack e Joel. Connosco partilharam a experiência tida com estes dois rapazes.
O CLARIM – Como descrevem a experiência que tiveram ao acolher o Jack e o Joel na vossa casa?
ADÃO – Quem abre a porta, abre o coração; e ao recebermos estes jovens ficámos muito mais ricos pois contactámos com outras culturas. Parece que alargámos a nossa família. Um dos jovens, o Jack, é da Guiné-Bissau, e o outro, o Joel, é macaense. Esta é uma riqueza insondável! As nossas três filhas cresceram habituadas a viajar e a partilhar com outras pessoas, com jovens da sua idade. Aliás, já recebemos em nossa casa, a pedido do padre Vítor, duas angolanas que ficaram connosco catorze meses.
MARIA – Os dois jovens que ficaram connosco são especiais. O Joel não parece ter catorze anos. Parece ser um jovem mais adulto, reflectido. O Jack, é dum carinho e duma ternura… é um rapaz já maduro, calmo. Parece que está ali um espírito de paz. Os dois são impecáveis!
ADÃO – Transmitem uma paz, uma tranquilidade…
MARIA – E sabem o que andam a fazer e o que procuram, um e outro.
CL – E você Joel, o que procura?
JOEL – O Reino de Deus.
CL – Temos jovens santos em Macau…
MARIA – Temos a Igreja fresca; só precisamos de continuar a nossa missão.
ADÃO – A Igreja é sempre um povo que caminha em direcção à perfeição. Tem altos e baixos, mas temos uma meta. Gostei muito da homilia do bispo na missa de ontem, em Leiria, e estava a pensar naqueles três pontos [mencionados pelo bispo de Leiria-Fátima]: Escutar Jesus, fazer Igreja neste mundo, e cuidar e servir. Nestes últimos meses em Portugal fala-se muito dos abusos dos padres na Igreja, de toda esta nuvem negra que paira sobre a Igreja. Seria bom, então, que os jornalistas, com o mesmo entusiasmo, falem do que se está a passar nestes dias com os jovens, aqui na Diocese.
CL – E vocês, jovens, como foi a vossa experiência nesta família?
JOEL – Encontrei amor e carinho de pessoas que não são da minha família de sangue, mas como católicos somos uma família e conseguimos partilhar a vida juntos. Eu gostaria de voltar um dia a Alqueidão da Serra para os visitar…
JACK – Estou sem palavras para descrever a alegria de ter vivido com esta família, porque é uma família que nos trata com muito carinho. Senti-me em casa, sem nenhuma diferença. Estou muito grato pelo acolhimento. É uma família muito unida, com uma coesão familiar que é para mim uma inspiração sobre como uma família cristã deve viver. Desde o momento em que chegámos a esta família, fiquei muito impressionado pela forma como convivemos e com a dinâmica que imprimem no seu relacionamento pessoal. Rezo à Virgem Maria para que todas as famílias cristãs tenham o mesmo espírito que encontrei nesta.
Pe. Eduardo Emilio Agüero, SCJ
Em Portugal