Patriarca de Lisboa e Arcebispo de Braga manifestam-se contra a legalização
O cardeal patriarca de Lisboa e o arcebispo de Braga anteciparam a celebração do Dia Mundial do Doente, assinalado na terça-feira, com mensagens contra a legalização da eutanásia e em favor de uma sociedade que aposta na dimensão paliativa.
«A pessoa deve ser sempre acompanhada com um “não” rotundo a tudo aquilo que possa obviar à vida dessa pessoa. Não à eutanásia, não ao suicídio assistido», declarou D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, na homilia da missa a que presidiu na capela da Casa de Saúde da Idanha, das Irmãs Hospitaleiras, no passado Domingo.
«Quando uma sociedade entra por esses caminhos, essa mentalidade suicida alarga-se a toda a sociedade, que se torna ela própria suicidária», acrescentou o também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
O cardeal-patriarca partiu de uma passagem bíblica, “não voltes as costas ao teu semelhante”, para recordar quem «mais precisa» de cuidado, a «vida da pessoa fragilizada», que exige a criação de uma «sociedade paliativa» que cuide de todos.
O responsável elogiou exemplos como o da Casa de Saúde da Idanha, onde «ninguém desiste de ninguém, nas situações mais frágeis que possam existir».
«Esta frente da vida é uma frente de luz e esta luz não se pode extinguir», apontou, numa celebração em que foi ministrado o sacramento da Unção dos Doentes.
No sábado, o arcebispo de Braga sustentou que a vida «é inviolável» e os cuidados paliativos «são a única resposta para garantir uma morte digna».
«Em Portugal estamos a viver mais um momento histórico. Não podemos permitir que alguns deputados queiram decidir por nós, quando não apresentaram o assunto da eutanásia nos seus programas eleitorais», disseD. Jorge Ortiga, na missa a que presidiu no Centro de Acolhimento “O Poverello”, uma unidade de cuidados paliativos situada junto ao Convento de Montariol, em Braga.
A Assembleia da República agendou para 20 de Fevereiro o debate e votação de quatro projectos de lei com vista à legalização da eutanásia, apresentados pelo PS, Bloco de Esquerda, PAN e Os Verdes.
Um movimento de cidadãos lançou na sexta-feira uma recolha de assinaturas que tem como objectivo propor à Assembleia da República Portuguesa a realização de um referendo nacional sobre “a (des)penalização da morte a pedido”.
O movimento “#simavida” defende que “uma decisão tão grave e fraturante como a de despenalizar e legalizar certos casos de morte a pedido não deve ser tomada no interior dos partidos e nos corredores de São Bento”.
Na sua mensagem para o Dia Mundial do Doente 2020, o Papa reforça a sua oposição a quaisquer projectos de legalização da eutanásia.
In ECCLESIA