Papa Francisco, líder mundial indiscutível
O Papa Francisco tornou-se “o líder mundial de maior liberdade, inteligência, determinação e coragem”, no meio das incertezas que a humanidade enfrenta em tempos de pandemia. Isto afirma o Dr. Guzmán Carriquiry, advogado, escritor, um dos analistas mais importantes deste pontificado.
O momento simbólico da liderança moral e espiritual exercida pelo Papa materializou-se com a “sua impressionante oração na Praça de São Pedro vazia em 27 de Março”, o único evento planetário que ocorreu durante o confinamento de grande parte da população.
O especialista em Doutrina Social da Igreja disse que a pandemia pode deixar a humanidade prostrada em maior pobreza, injustiça, desespero… ou pode tornar-se um motivo de “regeneração moral, espiritual e, portanto, também de reconstrução social”.
O Papa Francisco tem apresentado propostas com as quais ele busca despertar a consciência moral da humanidade, e que foram colectadas por Guzmán Carriquiry numa conferência organizada pela Comissão Justiça e Paz da Argentina.
SÍNTESE DE TEMAS
Temas em que o Papa tem insistido: Guerra e paz – “A terceira guerra está em andamento, aqui e acolá, alimentada por uma corrida armamentista acelerada e intensa”; Justiça social – “Denunciou as desigualdades sociais na actual desordem mundial, e mostrou-se atento aos enormes movimentos migratórios”; Novas tecnologias – “Destacou os desafios éticos colocados pela revolução tecnológica nos campos biológico, do trabalho, da energia e das comunicações”; Economia desumana – “Soube identificar a irrupção de populismos e denunciou a idolatria do dinheiro que gera exclusão e descarta muitos, que mata”; Solidariedade trabalhista – “Em tempos de pandemia, fez apelo para que ninguém perca o emprego, por um rendimento de subsistência para os sectores mais desfavorecidos e pelo cancelamento da dívida externa”; Ecologia integral – “As calamidades naturais recaem sobre todos, mas afectam de maneira muito chocante os mais pobres, vulneráveis e indefesos”; Desenvolvimento sustentável – “Implica a criação de valor ambiental, mas também social e económico”; Respeito pela vida – “A ecologia natural deve sempre ser acompanhada por uma ecologia humana”.
ÚNICO FUTURO POSSÍVEL
Deus Criador é um Pai bondoso, com rosto de misericórdia. Confiou ao homem o cuidado das criaturas. O drama do homem foi e será sempre criar ídolos que o dominam e a quem serve, e seguir ideologias que aviltam a humanidade porque destruidoras dos valores incutidos por Deus nas suas criaturas. A humanidade está irreconhecível. Não há outro caminho que não seja o da mudança de itinerário. O coronavírus faz-nos pensar.
O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, arcebispo D. Vincenzo Paglia diz que, olhando para o futuro, a única resposta possível tem de ser construída sobre a fraternidade e a solidariedade, entendidas como fundamentos da sobrevivência da humanidade.
O coronavírus colocou perante todos a fragilidade humana da ciência e da técnica. Se o orgulho todo-poderoso do ser humano continuar a guiar o sentido da própria vida, os frutos estão finalmente sob os olhos de todos.
DEUS NO CENTRO
Na mensagem de Páscoa, o Patriarca de Moscovo Kirill escreveu ao Papa: “Compartilhando a alegria da Festa, unimo-nos aos esforços para afirmar na sociedade os valores morais permanentes, para ajudar os que sofrem injustiças, os que são perseguidos ou ameaçados pela difusão da infecção do coronavírus”.
Um cristão deve recordar que “o homem foi criado por Deus e que Deus, com a sua lei justa e infalível, deve ser o centro da vida do homem. Esta lei conduz à verdadeira felicidade, na sua vida pessoal e na construção de relações sociais, entre homem e natureza, entre homem e cosmos”.
O Covid-19 é “uma desgraça global”, como jamais houve antes na história. As pessoas temem pela própria vida. “O desenvolvimento da ciência” levou “à afirmação da autonomia humana, mesmo de Deus”. “A civilização antropocêntrica colocou o homem no centro, obrigando Deus a sair da sua vida”.
Cometeu-se um erro terrível. A tarefa do homem nunca será combater Deus, tirando-o do centro, mas aceitá-lo no próprio coração.
UNIDOS SEREMOS FORTES
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falou ao Vatican News e ao L’Osservatore Romanosobre os grandes temas actuais, na ocasião do Dia da Europa.
Referiu os apelos do Papa Francisco à unidade dos povos europeus, contra os egoísmos nacionalistas e ao papel que a União Europeia poderá ter depois do fim da pandemia em todo o mundo.
“É um bem precioso viver na prosperidade económica, na coesão social, no respeito dos direitos humanos, com liberdade e com saúde, mas só apreciamos estes verdadeiros valores só quando tememos perdê-los”, disse.
“Temos que continuar a trabalhar para uma Europa mais unida. Só unidos seremos fortes. O plano de recuperação da nossa União Europeia terá de ser forte e traçar com firmeza o caminho para o futuro baseado na solidariedade”.
Pe. Armando Soares
In Boa Nova – atualidade missionária