Esta semana continuamos em Guadalupe e já passámos por dois locais diferentes. Depois de termos estado uns dias em Pointe à Pitre, mudámos para o ilhote de Gosier, que dista apenas três ou quatro milhas de distância mas que, ainda assim, foram feitas sempre com o motor ligado. Por ali ficámos três dias.
Entretanto, rumámos ao arquipélago de Les Saintes porque as condições junto à ilha de Guadalupe não eram as ideais e a ondulação estava a incomodar-nos, especialmente durante a noite, o que tornava o descanso muito complicado.
As vinte milhas entre Islet du Gosier e Les Saintes foram completadas em meia dúzia de horas, tendo a primeira parte da navegação sido muito técnica devido aos ventos contrários e por estarmos muito próximos da costa, numa zona muito baixa, o que origina um mar muito agitado mesmo com pouco vento.
Logo que entrámos no canal que separa a ilha de Guadalupe do arquipélago de Les Saintes tudo mudou e a rota seguiu em linha recta com ventos a rondar os 20 nós, o que nos proporcionou uma velocidade de cerca de sete nós. No final, já perto das ilhas, fomos obrigados a reduzir a velocidade porque as águas baixas tornaram o mar mais agitado, não havendo necessidade de forçar o andamento, com prejuízo para o nosso conforto. Decidimos rumar ao primeiro ancoradouro, no ilhote de Cabrit, onde passámos a noite, apesar de apenas haver bóias de amarração e não ser permitido usar âncora própria. Isto custou-nos onze euros, com a agravante da noite ter sido bastante ondulada devido aos ventos fortes que se fizeram sentir.
No dia seguinte fomos à ilha de Terre D’en Haut, por pensarmos ser ali possível ancorar. Zarpámos depois do pequeno-almoço para percorrer pouco mais de uma milha. Quando lá chegámos vimos que também todo o pontão estava preenchido com bóias de amarração. Há uma zona de ancoradouro, mas com mais de 30 pés de profundidade, o que torna a embarcação muito instável em caso de ventos fortes, como foi o caso. Não arriscando outra noite mal dormida, procurámos de novo uma bóia. Vamos ficar por aqui, possivelmente, mais um ou dois dias, antes de seguir para o Grand Ilêt, a nossa última paragem em águas de Guadalupe a caminho de Dominica.
Pois é! Decidimos novamente visitar Dominica. Desta vez iremos parar em Porthsmonth, a segunda maior cidade da ilha e o maior porto comercial do País, que fica na ponta norte da ilha. Esperamos ter a oportunidade de ir visitar o Indian River, uma das maravilhas da natureza, que nos tem sido aconselhado por todos os navegantes que param em Dominica. Também esperamos ser capazes de abastecer o nosso tanque de gás visto que nas ilhas “europeias” ninguém o faz. E sem o tanque cheio somos obrigados a utilizar botijas da CampingGaz. Se em Dominica não for possível resolver este problema teremos de ir a St. Lucia antes de rumarmos às ilhas holandesas em finais de Maio, princípios de Junho.
Antes de sairmos de Gosier fomos capazes de aceder à Internet e verificar as nossas mensagens. Ficámos a saber que a tripulação do El Caracol continua a rumar a Norte com destino a St. Martin. Está tudo bem com a tripulação, que espera voltar a Martinique a tempo de se juntar a nós para rumarmos a Aruba, Bonaire e Coracao.
No seguimento da promessa deixada na semana passada, relativamente ao navio de nome português e pavilhão luxemburguês, o Pedro Álvares Cabral, ficámos a saber que está nestas águas integrado numa equipa de cinco navios, entre os quais estão mais dois com nomes portugueses (Astrolábio e Santiago), e que está encarregado dos trabalhos de dragagem e de estudo do leito do porto de Pointe à Pitre. Segundo parece, as autoridades gaulesas têm planos para estas águas que passam pela transformação da estrutura portuária para que possa ser navegável por navios de cruzeiro e cargueiros de grande porte.
João Santos Gomes