A necessidade de ler
Algumas pessoas pensavam, ou ainda pensam, que a Igreja tem medo da Ciência. Muito pelo contrário: do que a Igreja tem medo é da Ignorância. Foi-nos ensinado nas aulas de Catecismo que a razão porque Deus nos criou foi “para O conhecer, amá-Lo, servi-Lo nesta vida, e desfrutar a Sua felicidade infinita no Paraíso”. Deus deu-nos uma mente com a qual podemos conhecê-Lo. Ele quer que saiamos da ignorância. Ele tirou-nos «das trevas para a sua luz admirável (I Pedro 2:9)».
Quando temos o hábito da leitura espiritual somos capazes de aprofundar o conhecimento da nossa fé. Sim, a Fé necessita ser conhecida, deve ser explorada. E apenas necessitamos de 10 ou 15 minutos diários para tal. Profissionais a sério estão sempre a tentar melhorar os seus conhecimentos: vão a seminários, procuram aconselhar-se profissionalmente, e lêem muito sobre a sua profissão. Então, porque não fazermos o mesmo com a nossa Fé? Será que queremos que os nossos conhecimentos se fiquem pelo nível da escola primária?
Para além disso, o que faremos se outras pessoas nos interrogarem sobre a nossa crença? Estaremos capacitados para lhes explicar aquilo em que acreditamos, e porque é que acreditamos? Algumas pessoas desafiar-nos-ão a responder. Estaremos em condições de nos defendermos?
São Pedro disse: «Estejam sempre preparados para se defenderem de alguém que vos desafie a defender a esperança que existe dentro de vós. No entanto respondam com gentileza e reverência (I Pedro 3:15)»
A leitura espiritual também nos guia na nossa vida de oração. Ao conhecermos melhor a Deus, ficamos a saber como conversar com Ele.
São Josemaría explicava que a leitura espiritual «leva-nos a armazenar combustível. Pode parecer que é um arquivo morto, mas muitas vezes eu reparo que a minha memória, de moto próprio, recupera dele material que enche a minha oração com vida e inflama a minha acção de graças após a Comunhão (Caminho, n. 117)». É por isso que ele conclui: «A Leitura formou muitos Santos (Caminho, n. 116)».
Se quisermos abraçar este saudável hábito espiritual deveremos falar com o nosso director espiritual. Sim, precisamos de falar com alguém que nos conheça bem (talvez o padre que ouve as vossas confissões, caso não tenham ainda um guia espiritual), que possa sugerir o livro mais adequado para nós. Existem livros para todos os estágios de vida espiritual, e necessitamos de ler aquele que se adapta à nossa situação em particular:
A VIDA DE CRISTO. De entre os livros que precisamos de ler devemos procurar um sobre a vida de Cristo. Esses livros ajudam-nos a aprofundar o nosso conhecimento dos Evangelhos, ajudam-nos a conhecer melhor Jesus.
LIVROS QUE EXPLIQUEM A DOUTRINA CATÓLICA. Seguindo-se na lista de livros, vêm os que clarificam a nossa Fé. Neste conjunto de livros não deveremos omitir o “Compêndio do Catecismo da Igreja Católica”.
LIVROS SOBRE A VIDA ESPIRITUAL. A nossa Fé não se limita a ser professada. Necessita ser vivida na nossa actividade diária. Um dos melhores livros que alguma vez li sobre a vida espiritual chama-se “Ascética Meditada”, de Salvador Canals, e está disponível em várias línguas.
VIDAS DE SANTOS. Ainda há pouco tempo, no ano passado, conheci um jovem que tinha sido encorajado pelo seu pastor a ler a Bíblia diariamente. Mas ele verificou que aprendia muito mais quando lhe explicavam a Bíblia, do que quando ele a lia sozinho. Mas como na sua Igreja apenas tinham serviços às quartas-feiras e Domingos, ele procurou uma Igreja onde a Bíblia fosse explicada diariamente. E foi assim que se viu dentro da Igreja Católica. E foi nela que ele aprendeu sobre os Santos. Ele começou a ler sobre as suas vidas e disse-me que foram os Santos que o convenceram que a Igreja Católica era “a sério”. Se uma Igreja é, na realidade, aquilo que diz ser – fundada por Cristo, para transformar os pecadores em Santos – então a existência dos Santos confirmam as suas alegações.
Quando lemos sobre os Santos vemos como a graça de Deus expõe o melhor de cada um de nós. Eles dão-nos esperança.
Assim, não percam mais tempo. Procurem o livro que vos sirva.
Pe. José Mario Mandía
(Tradução: António R. Martins)