O que é a Devoção das Primeiras Sextas-feiras?

DIÁLOGO COM O PADRE

O que é a Devoção das Primeiras Sextas-feiras?

Na vida de qualquer cidadão há recordações que marcam o seu presente e definem o seu futuro pela repercussão que têm no seu dia-a-dia. De alguma maneira, isto acontece também na vida espiritual. Há também santos que imprimiram a vida dos cristãos. Há, porém, alguns santos que propõem aos cristãos alguns modelos de oração a que habitualmente se atribuem graças especiais a viver na terra ou até para além da morte. Foi assim com Santa Margarida Maria Alacoque, uma carmelita do convento Paray-le-Monial, em França, que garante a toda a cristandade uma promessa feita por Jesus que assegurou especiais graças a quem fizer um determinado tipo de orações. Na visão que Jesus fez a Margarida Maria Alacoque, Ele prometeu-lhe que quem tenha uma devoção ao Santíssimo Sacramento de Jesus, e comungue nove meses seguidos, na primeira sexta-feira de cada mês, alcançará após a sua morte a graça de uma eternidade feliz. Esta garantia implica a ida para o céu, a partir do momento em que entra na posse da Bem-Aventurança eterna. Há no entanto algumas condições, que são: procurar a devoção mais profunda ao Sagrado Coração de Jesus, confessar-se e comungar nas primeiras sextas-feiras do mês ao longo de nove meses consecutivos e rezar pelas intenções do Santo Padre.

Este compromisso pode ser vivido a partir do uso da razão até ao fim da vida. Podendo, porém, uma só vez ser cumprido aquilo que Jesus revelou à carmelita Margarida Alacoque. Esta carmelita viveu no Século XVII (1647). A tradição das nove primeiras sextas-feiras do mês é muito antiga.

Em 1856, o Papa Pio IX já prescrevia a festa ao Sagrado Coração de Jesus, que já era uma tradição franciscana, para toda a Igreja; Leão XIII, em 1889, consagrou o mundo ao Sagrado Coração de Jesus; o Papa Pio XII, nas suas encíclicas, recomendou esta devoção que nos leva ao encontro do Coração Eucarístico de Jesus. São João Paulo II cultivou com grande esmero essa devoção e incentivou-a em todos os católicos. No dia do Sagrado Coração de 1980, ele afirmou: «Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, a liturgia da Igreja concentra-se, com adoração e amor especial, no mistério do Coração de Cristo. Quero dirigir hoje, com todos vós, o olhar do nosso coração ao mistério desse Coração. Ele falou-me desde a minha juventude. Todo ano, volto a esse mistério no ritmo litúrgico do tempo da Igreja».

Com o tempo, a devoção popular passou a dedicar ao Sagrado Coração de Jesus não apenas a primeira sexta-feira após a oitava de Corpus Christi, mas toda a primeira sexta de cada mês.

Curiosamente, a Irmã Lúcia, vidente de Fátima, quando era irmã doroteia no convento em Pontevedra, em Espanha, no ano de 1930, teve uma visão de nosso Senhor Jesus Cristo que lhe revelou a razão da devoção dos cinco primeiros sábados: «Minha filha, o motivo é simples: são cinco as espécies de ofensas e blasfémias contra o Imaculado Coração de Maria». Tais ofensas, enumeradas pela Irmã Lúcia, são as seguintes: 1. As blasfémias contra a Imaculada Conceição; 2. Contra a sua Virgindade; 3. Contra a Maternidade Divina, recusando ao mesmo tempo recebê-la como Mãe dos homens; 4. Os que procuram infundir nos corações das crianças a indiferença, o desprezo e até o ódio contra esta Imaculada Mãe; 5. Os que a ultrajem directamente nas suas sagradas imagens. Esta devoção consiste na participação numa Eucaristia, na recitação do Rosário e na Adoração ao Santíssimo. Uma vez que uma das condições para o cumprimento desta devoção é a prática do sacramento da Reconciliação, os fiéis são convidados a confessarem-se.

Com Santa Margarida Maria Alacoque temos a devoção ao Sagrado Coração de Jesus e com a Irmã Lúcia temos a devoção ao Sagrado Coração de Maria. Daí a profunda união da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

Monsenhor Feytor Pinto

Sacerdote da paróquia do Campo Grande, em Lisboa

In Família Cristã

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