A segunda semana em território francês foi passada entre trabalhos de manutenção da embarcação e algumas idas a terra para comprar baguetes e pastéis para o lanche. Houve ainda tempo para ir ao supermercado para trazer alguns produtos alimentares de primeira necessidade. No maior centro comercial da ilha, o La Galeria, até encontrámos sumos Compal. A superfície comercial fica a cerca de cinquenta quilómetros do local onde nos encontramos. Na ida fomos de autocarro; fizemo-lo em duas etapas, pois tivemos de nos desviar do percurso para, num outro local, ver se encontrávamos baterias de 12 volts. Já na volta, depois de esperarmos mais de duas horas, fomos obrigados a apanhar um táxi; os autocarros não passavam e estava a ficar de noite. Uma “corrida” que custou mais do que o dinheiro que havíamos gasto durante todo o dia. Da próxima vez talvez seja melhor pensarmos em alugar carro por um dia.
Centros comerciais à parte, esta semana cruzámo-nos novamente com a tripulação do catamaram português, Oceanus, que está a planear regressar a Portugal no final de Maio, colocando de lado o plano da volta ao mundo. Ficámos tristes, mas não quisemos saber qual a razão de tal decisão, uma vez que deve ser penosa e não nos diz respeito. Cada um decide o que considera ser melhor para si. Desejamos à tripulação bons ventos de regresso a águas lusas.
Durante estes dias andámos com o nosso bote a percorrer esta zona para aferir se valeria a pena entrar com o veleiro em Le Marin, a parte mais abrigada da baía, onde se encontra a marina e todos os negócios relacionados com barcos. A entrada é algo traiçoeira, com recife de ambos os lados (marcados com bóias) e corrente forte. Decidimos pois não arriscar. Quando tentámos atalhar caminho, pensando que o fundo do bote fosse suficientemente raso para passar numa zona de baixios, quase ficámos encalhados e com o motor no ar. Felizmente o motor fora-de-bordo levanta quando bate no fundo; fosse no veleiro e seria tal o rombo no casco que o faria afundar. A prová-lo estão inúmeros cascos no fundo do baixio. Da lição aprendemos que se há bóias de sinalização estas devem ser respeitadas por todos, seja em barcos de casco fundo ou raso. Felizmente nada de mal aconteceu ao bote e ao motor. Ficou o susto e a decisão tomada.
Do ancoradouro onde estamos, agora que o tempo está mais ameno, vamos seguir, possivelmente dentro de um ou dois dias, rumo à capital, Fort-de-France, onde iremos passar mais alguns dias para ficarmos a conhecer melhor esta zona, antes nos dirigirmos ao norte da ilha. O nosso destino final será um local chamado Sainte Pierre, onde dizem haver praias lindíssimas; queremos ver se é mesmo verdade.
Estamos tentados a alugar um carro para conhecer a ilha mais para o interior, visto que as estradas são de excelente qualidade. Aliás, as vias de circulação são algo que surpreende quem visita Martinica. Em nada ficam a dever às estradas da Europa, com a vantagem de serem todas gratuitas.
O custo de vida em Martinica é semelhante ao da Europa, com os bens de primeira necessidade a preços muito acessíveis. O pão, base da alimentação gaulesa, é barato. Uma baguete custa, no máximo, um euro. Uma refeição num restaurante custa cerca de dez euros. Um litro de leite custa dois euros. Já no que respeita a bens que não são de primeira necessidade – bebidas alcoólicas, doces e produtos de beleza – são caros. Em qualquer café ou bar uma cerveja custa cerca de cinco euros.
Para nós, que raramente comemos fora ou vamos a bares, ajuda-nos a poupar um pouco, dado que compramos, na maioria das vezes, alimentos e produtos de primeira necessidade para o dia-a-dia. Pela experiência destas duas semanas, o custo de vida é bem mais em conta do que em St. Lucia e a variedade é muito maior. Até há produtos portugueses!
João Santos Gomes