COVID-19 – AUXÍLIO PSICOLÓGICO AO ALCANCE DE UM CLIQUE

COVID-19 – AUXÍLIO PSICOLÓGICO AO ALCANCE DE UM CLIQUE

Fundação Grace EduCare faz chegar máscaras e ajuda a vários países

Uma pequena – e ainda amplamente desconhecida – organização presente em Macau uniu esforços com entidades da Índia e de Itália e ajudou a criar uma linha telefónica de acompanhamento psicológico com capacidade para facultar apoio sobre o Covid-19 em mais de uma dezena e meia de línguas. Mas o trabalho desenvolvido pela Fundação Grace EduCare não se fica por aí: ao longo dos últimos cinco anos, o organismo construiu uma dezena de casas no Sul da Índia, enviou máscaras para a China, Estados Unidos e até para o Vaticano, e ajudou mais de uma centena de alunos carenciados a prosseguirem os estudos.

Chama-se coronacare.life, agrupa profissionais que prestam apoio psicológico em mais de uma dezena e meia de línguas e surgiu com o propósito de dar resposta ao impacto que as medidas de contenção do novo coronavírus tiveram sobre milhões de pessoas um pouco por todo o mundo.

A plataforma, a que se pode ter acesso através de um computador ou de um “smartphone”, é o feliz resultado de uma parceria estabelecida entre uma dezena de instituições da Índia, de Itália e de Macau, entre as quais a Fundação Grace EduCare, uma organização de solidariedade social estabelecida no território há cinco anos.

Desde que o novo coronavírus se começou a propagar pelo mundo, no final de Janeiro, a linha de apoio assegurou ajuda a centenas de pessoas, disse o padre Jijo Kandamkulathy, em declarações a’O CLARIM. «Na altura, pareceu-nos essencial fazer chegar aconselhamento através da Internet a pessoas que pudessem necessitar de ajuda. E então, em conjunto com outras organizações da Índia, criámos o que denominámos de “coronacare.life”, uma plataforma que faz uso do tipo de “software” que é utilizado pelas centrais de atendimento telefónico», explicou o missionário claretiano. «As pessoas podem recorrer a este serviço onde quer que estejam no mundo. Providenciamos aconselhamento em quinze línguas e temos trinta voluntários a trabalhar connosco em países e territórios como a Alemanha, a Espanha, a Itália, a China, Hong Kong ou Macau. Facultamos ainda ajuda em algumas das maiores línguas indianas, bem como em alguns idiomas africanos. Ao longo dos últimos meses, assegurámos ajuda psicológica a muitas pessoas que foram afectadas por toda esta situação», acrescentou.

MÁSCARAS PARA O MUNDO

Mas o apoio dado à criação da linha de acompanhamento psicológico não foi um esforço ímpar. A Fundação Grace EduCare propôs-se fazer chegar ajuda às populações necessitadas antes ainda do surto epidémico se ter tornado um flagelo global. «Quando percebemos que as coisas estavam a ficar fora de controlo e que havia dificuldades em Wuhan, Ningbo e Anhui, decidimos agir. Quando contactámos os bispos e os padres destas regiões, o que nos disseram era que havia uma necessidade urgente de máscaras. Mas, na altura, Macau já tinha começado a racionar as máscaras existentes e já não se conseguiam encontrar nenhumas. Em Hong Kong também não havia nada e foi então que contactei a Índia para ver se nos podiam enviar algumas», referiu o padre Jijo Kandamkulathy.

Da Índia chegaram dez mil máscaras que foram canalizadas pela Cruz Vermelha de Macau para a província continental de Hebei e depois distribuídas por organizações de Wuhan, Ningbo, Huangshan e de Hefei. Quando a pandemia começou a ganhar contornos planetários, a Fundação direccionou primeiro a atenção para a Índia e, depois, para os Estados Unidos, país onde a Grace Educare tem as suas raízes. «Decidimos estender a nossa ajuda à Índia porque o País começava a dar sinais de que poderia ser fortemente atingido e, caso fosse, a situação dos migrantes tornar-se-ia um problema. E decidimos recolher comida para os ajudar», adiantou o actual responsável pela subsidiária local das Publicações Claretianas.

Em conjunto com os restantes responsáveis pela Fundação Grace EduCare em Macau, o sacerdote lançou uma campanha de angariação de fundos que conseguiu arrecadar quase 159 mil patacas. O montante foi utilizado para adquirir arroz e outros produtos de primeira necessidade que, no pico do confinamento, ajudaram a alimentar mais de setenta mil pessoas. «Antes mesmo do problema dos migrantes ter ganho contornos de crise, já tínhamos adquirido comida em quantidade suficiente para os ajudar. Adquirimos os alimentos antes de eles terem encarecido», disse o sacerdote. «Em Macau, conseguimos angariar cerca de um milhão e meio de rúpias indianas[158 mil 638 patacas, à taxa de câmbio de 23 de Junho]e, em conjunto com outras organizações que trabalham no terreno na Índia, conseguimos alimentar mais de setenta mil pessoas. Preparámos cerca de dez mil cabazes de comida que acabaram por amparar estas pessoas por pelo menos duas semana», contou ainda.

Para além da China continental e da Índia, a Fundação Grace EduCare também fez chegar ajuda aos Estados Unidos e ao Vaticano, através da “Editrice Vaticana”. Para os Estados Unidos – país onde o Covid-19 já infectou quase dois milhões e meio de pessoas e vitimou mais de 123 mil – a organização fundada pelo padre Jijo Kandamkulathy enviou mais de trinta mil máscaras, que foram direccionadas para lares de idosos que se encontram ao cuidado da comunidade franciscana: «Enviámos uma primeira remessa de quatro mil máscaras. Depois enviamos 22 mil e, posteriormente, uma terceira remessa de dez mil. Estas máscaras foram oferecidas por alguns dos amigos chineses que tínhamos ajudado e que decidiram, deste modo, retribuir a ajuda que lhes tínhamos dado».

Criada pelo padre Jijo Kandamkulathy e por Bobby George, um seu antigo colega de Seminário, a Fundação foi originalmente registada no Texas com o propósito de ajudar alunos sem disponibilidade financeira para prosseguir os estudos e frequentar a Universidade. Desde então, a Grace EduCare já fez chegar o seu apoio a mais de uma centena de estudantes, mas as frentes de intervenção do organismo não se ficam pela educação. «A primeira vez que a Grace EduCare lançou uma campanha pública de angariação de fundos foi há três anos, por causa das graves cheias que afectaram o Sul da Índia. Enviámos dinheiro para que fosse investido no socorro imediato das populações, mas mais tarde ocorreu-nos que devíamos promover intervenções mais duradouras e começámos a construir casas», sublinhou o padre Jijo Kandamkulathy. «Construímos casas para famílias que perderam tudo nas cheias. Contactámos os missionários claretianos na Índia e canalizámos esta ajuda através deles. Ainda estamos a construir casas. Terminámos uma na semana passada e já temos em mãos um outro pedido de ajuda», concluiu o missionário claretiano.

Marco Carvalho

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