Coisas e Loisas

COISAS E LOISAS

Início de temporada atribulado

Antes de prosseguir com a crónica desta semana, desejo a todos os leitores d’O CLARIM uma Santa Páscoa.

Feitas as devidas cortesias, digo-vos que as últimas semanas não foram as melhores a nível psicológico – no nosso caso, para quem depende de uma viatura para a sua actividade profissional.

Depois das lides jornalísticas em Macau, de ter trabalhado no “Governo Municipal” do território e dos anos embarcado nas Caraíbas, o retorno a Portugal contribuiu para abrir o primeiro food truck de comida tailandesa neste pequeno rectângulo, a que alguns chamam “luso”. Sinceramente, não acredito que sejamos lusitanos, mas isso é outra história…

Quando retornámos da nossa mais recente temporada a bordo do Dee, um tanto antecipada pelas razões que já tivemos oportunidade de explicar em crónicas anteriores – inicialmente deveríamos chegar apenas em Maio –, deparámos com um conjunto de tarefas por fazer, no que respeita ao restauro do veículo. Não atribuímos a totalidade da culpa à equipa de mecânicos, pois o nosso regresso foi repentino, mas as tarefas foram-se acumulando. E com eventos já em agenda, os dias foram escasseando. Não pudemos participar em pelo menos dois grandes acontecimentos desportivos, que teriam sido, certamente, uma boa oportunidade de negócio. Como em tudo na vida, paciência! Haverá mais marés.

Volvido mais de um mês de espera e de muito nervoso miudinho por peças que tardaram a chegar, e por tarefas que deste modo não se concluíram, chegámos a Abril, mês para o qual foi agendado um acontecimento em Arroios (Lisboa), que não dava para deixar passar. Tratou-se do “Dias da Liberdade”, que assinalou a Revolução dos Cravos, mais concretamente entre 23 e 25 de Abril. Acontece que duas semanas antes ainda o motor não estava pronto! Este só foi colocado no corpo da carrinha no sábado antes do início do evento. Para compor a situação, foi Sábado Santo, o dia anterior ao Domingo de Páscoa.

Ora, o referido sábado foi passado a ajudar os quatro mecânicos que colocaram o motor e efectuaram a ligação dos respectivos cabos e tubos. O trabalho hercúleo começou às nove da manhã e terminou já depois das quatro da tarde. Assim teve de ser, uma vez que no dia seguinte era Domingo de Páscoa e na segunda-feira os mecânicos gozavam folga por terem trabalhado na Sexta-feira Santa.

Acabou por ser um final de sábado com os nervos à flor da pele, tendo o Domingo servido para carregar a carrinha com tudo o necessário para o evento em Lisboa, não sem antes testarmos o motor para verificar se estava a funcionar e não havia fugas de qualquer espécie. Na segunda-feira, depois de terminados os preparativos para podermos cozinhar no food truck (ingredientes e equipamento), estivemos à espera do técnico da bancada frigorífica. Logo por azar, este decidiu deixar de trabalhar na Sexta-feira Santa. Para piorar o quadro, por erro meu, o congelador foi para o lixo…

Depois de instalarmos dois pequenos frigoríficos e do técnico ter substituído o compressor da refrigeração da bancada, fizemo-nos à estrada com o intuito de testar o comportamento da carrinha. O dia não podia terminar com mais emoção: durante o curto passeio tivemos de parar depois de ouvirmos o barulho de uma peça metálica a cair no asfalto. Como se havia desmontado e voltado a montar metade do veículo em menos de 24 horas, nada mais natural que estivesse a cair aos bocados. Felizmente, a dita peça metálica, que acabámos por encontrar na estrada, não era do nosso carro.

Mais descansados, voltámos ao food truck para regressarmos a casa, tomarmos banho, jantarmos e despedirmo-nos da Maria, que normalmente nestes dias fica com os avós paternos. No entanto, demos à chave e nada! Estávamos a meia-hora de casa, chovia, e sem motor. Telefonámos ao meu pai, que logo veio em nosso auxílio com uns cabos para ligar à bateria. Resolvido o problema, o carro pegou, mas assim que estacionámos na garagem já não voltou a ligar. Depois de verificarmos a bateria, chegámos à conclusão que estava a receber carga quando ligada a um carregador, mas com o motor a funcionar não acumulava energia. Muito provavelmente, o problema estava no alternador, o que a poucas horas de uma viagem com mais de duzentos quilómetros não nos deixou muito tranquilos.

A bateria ficou a carregar durante a noite, enquanto aproveitámos para apetrechar a carrinha com cabos e uma bateria de cem amperes, a qual retirámos da nossa auto-caravana para servir de reserva.

Quando estiverem a ler esta crónica já o “Dias da Liberdade” terminou. Depois revelamos aos leitores se a viagem correu bem, sem quaisquer sobressaltos. Com certeza, será mais uma aventura nesta “missão” de levar a comida tailandesa aos quatros cantos de Portugal. Para já, é caso para perguntar o que mais nos falta acontecer.

Só esperamos que todos estes problemas de início de actividade em 2019 sejam o prenúncio de algo de muito bom para esta temporada. Sinceramente, depois de tudo o que nos vem acontecendo, precisamos que algo de bom comece a vir ao nosso encontro.

Como somos optimistas por natureza, e temos fé, de certo que tudo irá correr de feição.

João Santos Gomes

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