CISMAS, REFORMAS E DIVISÕES NA IGREJA – CCXIII

CISMAS, REFORMAS E DIVISÕES NA IGREJA – CCXIII

Adventistas do Sétimo Dia – X

Uma das mais importantes crenças entre os Adventistas é o Baptismo. Através deste, acreditam que se confessa a fé na Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, que se testemunha a morte para o pecado e o propósito de renovação nesta vida. É mais uma forma de reconhecimento de Cristo como Senhor e Salvador, do qual os crentes são o Seu povo e por Ele são recebidos como membros da Sua Igreja. O Baptismo é um símbolo de união com Cristo, representa o perdão dos pecados e o recebimento do Espírito Santo por parte de quem é baptizado. Este momento importante é realizado através de imersão em água e depende de uma afirmação de fé em Jesus e da evidência de arrependimento do pecado, seguindo as instruções das Sagradas Escrituras e a aceitação dos ensinamentos aí plasmados.

Os Adventistas do Sétimo Dia (ASD) acreditam de forma absoluta na Lei de Deus, cujos grandes princípios estão incorporados nos Dez Mandamentos e tornados exemplo e aplicação na vida de Cristo. Os Mandamentos são a expressão do amor, da vontade e do propósito de Deus em relação ao comportamento e relações humanas, sendo a sua observância obrigatória para todas as pessoas de todas as idades. Para os adventistas, estes preceitos constituem a base da aliança de Deus com o Seu povo e são o padrão do que se acredita ser o julgamento divino.

Através da acção do Espírito Santo, pelos Mandamentos se reconhece o pecado e se desperta e confirma o sentido da necessidade de um Salvador. A salvação, para os ASD, é conseguida inteiramente através da graça e não pelas obras, estribada na obediência rigorosa aos Mandamentos. Esta obediência desenvolve o carácter cristão do crente e resulta numa sensação de bem-estar. O cumprimento da Lei de Deus revela o amor dos crentes ao Senhor e a sua preocupação com os seus semelhantes. A obediência pela fé demonstra o poder de Cristo para transformar a vida de quem n’Ele crê e, portanto, fortalece o testemunho cristão. A teologia adventista assim o afirma desde o Século XIX, de forma imperativa.

SERVIÇO A DEUS

Todos somos servos de Deus, a quem foi confiado tempo e oportunidade, capacidades e bens, bem como as bênçãos da Terra e os seus recursos, ensinam os ASD. E todos somos responsáveis perante Deus pelo uso adequado de todos esses dons. Deus detém toda a propriedade, por isso Lhe é devido o serviço fiel, como aos nossos semelhantes. Aqui entra uma das consequências desta crença, que é a devolução do dízimo e das ofertas que os crentes dão para a proclamação do Evangelho e para o apoio e desenvolvimento da Igreja, justificam os adventistas. Este serviço, através desta forma de pagamento, é entendido como um privilégio dado por Deus para os fiéis crescerem no amor e alcançarem a vitória sobre o egoísmo e a ganância, partilhando e dando parte os ganhos à sua igreja. As bênçãos que todos recebem, regam os pastores ASD, serão o resultado da sua fidelidade.

Por falar em crenças, não se pode esquecer o inevitável sábado. Deus, após os seis dias da criação, descansou no sétimo dia, pelo que se instituiu o sábado para todos os homens como um memorial da criação. Dentro da Lei de Deus, recorde-se que o quarto mandamento impõe a observância do sétimo dia, o sábado, como dia de descanso, adoração e ministério, em harmonia com os ensinamentos e prática de Jesus, o Senhor do sábado, como referem os ASD. Para estes, o sábado é assim como que um dia de agradável comunhão com Deus e com os irmãos na fé. É um símbolo da sua redenção em Cristo, um sinal da sua santificação, mas também uma demonstração da sua lealdade, além de ser encarado como uma antecipação do futuro no eterno Reino de Deus. O sábado é visto também como o sinal perpétuo da aliança eterna entre Deus e o seu povo, pelo que se deverá celebrar de forma exultante.

Uma boa conduta cristã é também uma forte crença entre os ASD. Assim é porque se consideram chamados a serem um povo piedoso, que pensa, sente e age em harmonia com os princípios bíblicos em todos os aspectos da vida pessoal e social. Para que o Espírito recrie em cada crente o carácter de Deus, os fiéis devem envolver-se apenas nas coisas que irão produzir uma pureza cristã, saúde e alegria, suscitar obras pias e viver em conformidade com a Lei de Deus. As recreações e entretenimentos dos ASD deverão estar em harmonia com uma boa conduta piedosa e cristã. Embora reconheçam as diferenças culturais, defendem, por exemplo, que o vestuário deve ser simples, modesto, mas de bom gosto, como convém àqueles cuja verdadeira beleza não reside nos adornos exteriores, mas no “adorno imperecível de um espírito quieto e pacífico”, recordando as palavras dos fundadores.

Como acreditam também que cada corpo é um templo do Espírito Santo, defendem que se deve cuidar dele com inteligência e de forma saudável. Advogam a prática adequada de exercícios e também o descanso, além de uma dieta tão saudável quanto possível, da abstenção de alimentos impuros, tal como são identificados nas Escrituras. Como concordam que as bebidas alcoólicas, o tabaco e o uso irresponsável de drogas e narcóticos são prejudiciais à saúde do corpo, incentivam também a abstinência em relação aos mesmos. A mente, os pensamentos e o corpo devem estar em harmonia com a disciplina de Cristo, que, crêem os ASD, deseja que haja saúde, alegria e tudo o que é bom entre os que O seguem.

Outra crença importante é a do Ministério de Cristo no Santuário Celestial. Este é um Santuário no céu, algo como o verdadeiro Tabernáculo que o Senhor ergueu, não o Ser Humano. Nele, Cristo exerce o seu ministério a favor da Humanidade, através do exemplo e das graças que ofereceu no seu sacrifício expiatório na cruz. Em 1844, no fim do período profético de dois mil e 300 dias, teve início a segunda e última fase do ministério sagrado de Jesus. Esta fase é como que um Juízo, “Investigativo” nas palavras dos ASD, pelo qual se procura a eliminação definitiva do pecado, prenunciada pela purificação do antigo Santuário Hebraico no Dia da Expiação. No serviço simbólico, o Santuário foi purificado pelo sangue dos sacrifícios de animais, mas as “coisas celestiais” só podem ser purificadas pelo perfeito sacrifício do sangue de Jesus. Este Juízo Investigativo revela, aos seres celestiais, quem é que entre os mortos dorme em Cristo, sendo, portanto, considerado digno de participar na primeira ressurreição. Esse Juízo revela também quem, entre os vivos, permanece em Cristo, guardando os mandamentos de Deus e a fé de Jesus, estando pronto para ser transladado ao seu Reino eterno no Juízo Final. Este julgamento é o exemplo da justiça de Deus em salvar aqueles que crêem em Jesus, os que lhe permaneceram leais. A conclusão deste ministério de Cristo marcará o fim do tempo probatório concedido aos seres humanos antes de Sua segunda vinda, segundo os Adventistas do Sétimo Dia.

Vítor Teixeira

Universidade Católica Portuguesa

LEGENDA:

Réplica do Santuário Celestial

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