CISMAS, REFORMAS E DIVISÕES NA IGREJA – CCI

CISMAS, REFORMAS E DIVISÕES NA IGREJA – CCI

Os Mórmons – XIII

Uma das marcas mais importantes da fé mórmon são os templos, inspirados a partir do modelo do grande templo em Salt Lake City. Os templos são elementos fundamentais para a fé. Mas o que têm assim de especial? E porque é que os não-mórmons não podem entrar nos templos? Estes são, pois, um elemento da vida mórmon que suscita curiosidade pela aura de mistério que o envolve.

Os tempos mórmons são considerados, para a sua “Igreja”, como um ponto terreno de contacto com as esferas superiores do ser. Com efeito, os Mórmons acreditam que Deus está presente no espaço de cada templo, o que o torna um lugar sagrado reservado à aprendizagem de coisas que permitem que as pessoas progridam e se tornem semelhantes a Deus. São disso exemplo as ordenações do templo, especialmente o casamento celestial, as quais tornam possível o “progresso eterno em direcção à Divindade”.

A unidade familiar é fundamental para os Mórmons, e a função ritual primária do templo é a de realizar cerimónias que selem as famílias, permitindo assim que vivam juntas para toda a eternidade quando passarem para o reino celestial. Os rituais específicos que apoiam esta função são cerimónias de selagem do casamento e da família – em que esposos e filhos são oficialmente unidos – e o baptismo pelos mortos – através do qual os indivíduos que morreram sem terem aceitado em vida o Evangelho dos Santos dos Últimos Dias e já não possuem o corpo físico necessário para o baptismo, são assim representados por procuradores vivos, através dos quais lhe é concedida (aos mortos) a oportunidade de se unirem às suas famílias no reino celestial.

UM ESPAÇO REFERENCIAL

O templo também é usado para realizar a cerimónia de investidura mórmon. Durante esse ritual, os mórmons adultos passam por uma série de lições e exercícios para aprofundar a sua fé e fazem convénios com Deus para guardar os seus mandamentos. Depois de receberem a investidura, os Mórmons usam uma roupa íntima diferenciada com marcas especiais bordadas. Conhecida como “vestimenta”, esse adereço, usado junto à pele em quase todos os momentos da vida, tem como objectivo lembrar os crentes sobre o seu compromisso com a fé e com Deus. Os homens recebem geralmente a sua investidura antes de irem para a missão e as mulheres antes de casarem. Não é, todavia, uma cerimónia única, como o baptismo. Os Mórmons são incentivados a regressar ao templo ao longo de toda a vida para continuarem a aumentar a sua fé através dos rituais de investidura.

Antes de irem ao templo receber a sua investidura, os Mórmons devem obter uma recomendação para esse efeito, um cartão de ordenação familiar assinado por um líder da igreja para certificar que o portador está em dia com a mesma. A “boa posição”, obtida por meio de uma entrevista, inclui pontos como o ter um forte testemunho da verdade do Evangelho, o cumprimento da lei do dízimo, seguir os Dez Mandamentos e a Palavra de Sabedoria, além de provar a fé e o compromisso de alguém. Dentro do templo, os homens usam fatos totalmente brancos e as mulheres usam vestidos compridos igualmente brancos, caracterizados por irem até ao chão.

As ordenações para os nomes de familiares têm de ser realizadas na sequência correcta: batismo, confirmação, ordenação ao Sacerdócio de Melquisedeque (homens), iniciação, investidura e depois selagem (ou selamento). Numa visita ao templo, pode-se cumprir todas estas ordenações, nesta sequência e em conformidade com o templo.

Os não-mórmons e os Mórmons sem uma recomendação para o templo não são ali permitidos. A igreja diz que este imperativo se destina a preservar a natureza sagrada das práticas que acontecem dentro do templo e evitar potenciais distracções e interrupções. No entanto, os não-mórmons são bem-vindos a frequentar as capelas dos Mórmons, onde têm lugar os cultos e reuniões dominicais semanais. O público em geral também pode visitar os templos recém-construídos durante o breve intervalo de tempo antes daqueles serem oficialmente dedicados. Depois, já não pode.

A adoração no templo ocorre todos os Domingos, em cerimónias de culto, em cerca de trinta mil congregações em 180 países, nações e territórios em todo o mundo. Adaptando-se às necessidades locais de diferentes congregações no mundo, esses serviços são assim realizados em mais de 180 idiomas e a maior parte das vezes permitindo a visita de não-mórmons, excepto nos templos.

A EDUCAÇÃO

Um dos maiores valores desta igreja é a Educação. É considerada como um imperativo espiritual, mas também secular. De acordo com o antigo presidente Gordon B. Hinckley, o mandato de Deus é o de aprender por meio do estudo e pela fé, procurando-se não apenas o conhecimento espiritual, o mais importante, mas também o conhecimento secular do mundo. A igreja oferece várias oportunidades educacionais aos seus membros. Por exemplo, o “seminário”, que é como um programa de quatro anos que prepara os alunos do Ensino Secundário para os desafios espirituais da vida; depois existem os Institutos de Religião, que fornecem instrução religiosa geral e um ambiente social para adultos em idade universitária. Mais de setecentos mil alunos estão matriculados nesses programas, estabelecidos em 132 países.

Além disso, a igreja criou o Fundo Perpétuo de Educação, que proporciona aos jovens mórmons nos países em desenvolvimento os meios para obter educação e formação. Esse fundo, que provém principalmente de contribuições dos membros da igreja, oferece empréstimos aos alunos, permitindo-lhes frequentar a escola e encontrar oportunidades de emprego nos seus próprios países e comunidades.

Importante é também a organização da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cuja matriz é a da Comunidade dos Apóstolos em torno de Jesus Cristo. Ou seja, é dirigida por um profeta, que é o presidente da Igreja. Este tem dois conselheiros; estes três líderes constituem a Primeira Presidência. Esta é assistida por pelos “doze apóstolos”, uma espécie de enviados especiais de Jesus Cristo por todo o mundo. São assistidos por um grupo de líderes chamados de “Setenta”, que servem os apóstolos também por todo o mundo. As congregações locais são dirigidas por “bispos”. A principal organização das mulheres mórmons é a Sociedade de Socorro, que foi fundada em 1842. Na actualidade, conta com mais de 5,5 milhões de mulheres adultas (mais de dezoito anos), em mais de 170 países.

Ao mesmo tempo, a igreja cresce graças a mais de 52 mil missionários activos em todo o mundo, voluntários a tempo inteiro, que pregam o Evangelho nas ruas e lares, onde podem. Cuidam também dos membros das suas igrejas, de forma a não tresmalharem.

Vítor Teixeira

Universidade Católica Portuguesa

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