Ir para além do dever
«Quando alguém te forçar a fazeres aquela milha extra, vai com ele duas milhas (Mateus 5:41)».
George C. Boldt foi um imigrante pobre, oriundo da Europa Central, que chegou a Nova Iorque nos anos 60 do século XIX. No começo trabalhou como lavador de pratos no Hotel Merchant’s Exchange, depois foi para o Texas em busca de um emprego melhor, mas não conseguiu o que desejava. Regressou a Nova Iorque onde aceitou outro trabalho de cozinha e foi promovido à posição de cacheiro. O proprietário de um novo hotel, impressionado com o seu trabalho diligente e com a sua atenção aos pormenores no serviço, decidiu oferecer-lhe um cargo de gerente do hotel. Boldt transformou um hotel de 24 quartos, na Broad Street de Filadélfia, no Bellevue, na época o melhor hotel de Filadélfia.
Numa noite chuvosa, um homem e a sua esposa entraram no hotel, solicitando um quarto. Porém, naquela noite, o Bellevue estava totalmente lotado. Boldt não quis mandar embora o casal e ofereceu-lhes o seu próprio quarto. O casal hesitou em aceitar, mas Boldt convenceu-os a aceitar a sua oferta. Acontece que o homem que com a sua esposa aceitou o quarto de Boldt era o milionário William Waldorf Astor. Pouco tempo depois construiria, no local onde estivera a sua mansão, o Hotel Waldorf. E quem foi o seu primeiro gerente? George C. Boldt. Foi ele que introduziu o nível de serviço pelo qual o Waldorf (mais tarde rebaptizado Waldorf Astoria) se tornaria famoso em todo o mundo. E tudo começou com um gesto de generosidade, quando a prestação de um serviço foi para além do dever e entrou na “milha extra”.
A Wikipedia define a generosidade como a “virtude de não se estar ‘amarrado’ com preocupações inerentes às nossas posses. Frequentemente, tal significa ajudar os outros, dando-lhes um item (normalmente valioso) sem se pensar duas vezes”.
A generosidade é o hábito de dar gratuitamente – dinheiro, posses, tempo, atenção, assistência, encorajamento, um sorriso, disponibilidade emocional – sem esperar receber nada em troca.
O professor de Filosofia Donald DeMarco disse: «Na gratidão somos Humanos, na generosidade somos Divinos. “Recebe-se sem pagar, dá-se sem cobrar (Mateus 1:8)”».
Um dia, um rapazinho de dez anos foi a uma gelataria, sentou-se numa mesa e perguntou à empregada: «Quanto custa um cone de sorvete?», ela respondeu: «75 cêntimos». O menino começou a contar as moedas que tinha na mão. E então perguntou quanto custava um copinho de gelado. A empregada respondeu, impaciente, «65 cêntimos». Ele então disse: «Desejo um copinho de gelado». Comeu o gelado, pagou a conta e saiu da loja. Quando a empregada foi recolher o prato vazio, emocionou-se. Debaixo do papel da conta estava uma gorjeta de dez cêntimos.
A generosidade é contagiosa, ela inspira outros a também serem generosos. A generosidade espalha gratidão, alegra o coração, gera esperança.
Entre todos os presentes que podemos oferecer, o mais valioso é a oferta de nós próprios. E o melhor exemplo de doação própria é Jesus Cristo. Ninguém pode igualar a Sua generosidade em dar e em recompensar.
“Recebei, Senhor, toda a minha liberdade. Tome a minha memória, a minha compreensão e o meu todo. Qualquer coisa que eu tenha ou possua, Vós mo haveis dado; Eu dou-Vos tudo de volta e entrego-Vos na totalidade para ser gerido pela Vossa vontade. Dai-me apenas o Vosso amor a Vossa graça, e eu serei suficientemente rico e não Vos pedirei mais nada.” (Santo Inácio)
Pe. José Mario Mandía