Pregador da Casa Pontifícia critica «morte de Deus» pelo mundo ocidental
O cardeal D. Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, alertou na passada Sexta-feira Santa (7 de Abril) para a «morte ideológica» no mundo ocidental de Deus.
«Não podemos fingir ignorar a existência desta narrativa diversa, sem deixar desconfiados tantos fiéis. Esta morte diversa de Deus encontrou a sua perfeita expressão no conhecido anúncio que Nietzsche põe na boca do “homem louco”, que chega sem fôlego à praça da cidade: Para onde foi Deus? É o que vou dizer. Nós o matámos – vocês e eu!… nunca houve acção mais grandiosa e aqueles que nascerem depois de nós pertencerão, por causa dela, a uma história mais elevada do que o foi alguma vez toda essa história», recordou.
«Não demorará, contudo, a se dar conta de que, ao ficar só, o homem não é nada», sublinhou D. Raniero Cantalamessa, durante a celebração da Paixão do Senhor, presidida pelo Papa Francisco, na Basílica de São Pedro.
O frade capuchinho criticou o «denominador comum a todas estas diversas declinações» do «total relativismo em todo o campo: ética, linguagem, filosofia, arte e, naturalmente, religião. Nada mais é sólido; tudo é líquido, ou mesmo vaporoso. Na época do romantismo, deleitava-se na melancolia, hoje, no niilismo».
O pregador da Casa Pontifícia, em funções desde 1982, pediu que os cristãos resistam ao niilismo, «o verdadeiro buraco negro do mundo espiritual».
«Como crentes, é nosso dever mostrar o que está por trás ou sob aquele anúncio, isto é, a trepidação de uma antiga chama, a erupção repentina de um vulcão jamais extinto desde o início do mundo», disse.
D. Raniero Cantalamessa destacou a humanidade de Jesus e a semelhança ao Ser Humano que quis assumir. «Deus conhece o nosso orgulho e veio ao nosso encontro, aniquilando-se, ele primeiro, diante dos nossos olhos. Cristo Jesus, existindo em forma divina, não considerou um privilégio ser igual a Deus, mas esvaziou-se, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante ao ser humano».
In ECCLESIA