A Liturgia à frente e no centro do pensamento de Bento XVI
A Liturgia é um dos aspectos da vivência da Fé a que o Papa Bento XVI, falecido a 31 de Dezembro de 2022, prestou maior atenção, tanto na sua vasta produção teológica, como durante o seu Magistério Pontifício. O tema dá o mote à terceira de cinco palestras que a Faculdade de Estudos Religiosos da Universidade de São José dedica à vida e ao legado do pontífice alemão.
Intitulada “Fonte e cume: a Liturgia como Teologia de Joseph Ratizinger”, a prelecção tem como orador o actual reitor da USJ. Stephen Morgan irá explorar o carácter central da Liturgia no pensamento de Bento XVII. O teólogo alemão entendia a Liturgia como o âmbito privilegiado por meio do qual Deus fala a cada um de nós, recorda o padre Franz Gassner, SVD. «O trabalho que desenvolveu no campo da Liturgia é altamente relevante. Ratzinger era um escritor brilhante que entendia o mundo moderno e conseguia explicar questões difíceis com muita clareza. Ele sempre tentou compreender e conectar diferentes correntes e diferentes desenvolvimentos. Fez sempre um grande esforço para manter o equilíbrio e para afirmar a autenticidade e a verdade», sublinha o director da Faculdade de Estudos Religiosos e Filosofia da Universidade de São José. «Por exemplo, todos nós sabemos que ele [Ratzinger]elevou o uso do Rito Romano pré-conciliar de uma “concessão” ou “permissão” para uma “forma extraordinária”. Mas também exigiu desde cedo a preservação da catolicidade da Igreja, quando escreveu sobre os encontros e as experiências positivas que teve com os membros dos Ritos Orientais no Concílio Vaticano II. Enfatizou a relevância desses Ritos Orientais para a Igreja Católica», exemplifica o padre Gassner.
A produção teológica de D. Joseph Ratzinger a respeito da Liturgia é marcada principalmente por duas obras, separadas por quase vinte anos: “A Festa da Fé”, publicada em 1981, e “O Espírito da Liturgia: uma introdução”, dado à estampa em 2000. A colecção que reúne a sua produção teológica dedica um dos volumes – o número 11 – ao lugar e à importância da Liturgia como a chave para uma vivência integral da fé. O tomo agrupa artigos, conferências e homilias sobre o tema, num total de mais de 750 páginas. Assertiva e fundamentada, a visão de Ratzinger sobre a Liturgia – defende o padre Gassner – deixou escola e vai continuar a moldar o futuro da Igreja. «Deu muitíssimos contributos importantes para a teologia litúrgica, sempre com o propósito de tornar a Liturgia mais autêntica. Nesse sentido, é importante estudar os seus trabalhos e o legado frutuoso que chegou até nós. É também importante que continuemos a esforçar-nos com ele, no sentido de alcançar uma liturgia mais sagrada e mais autêntica, que possa inspirar uma fé mais profunda, e esperança e amor nos fiéis. Só assim se consegue insuflar uma nova vida na Igreja para que ela possa cumprir melhor a sua missão no mundo moderno», conclui o sacerdote.
A palestra está agendada para o final da tarde de 20 de Abril. Quase um mês depois, a 18 de Maio, é a vez de Andrew Leong abordar a forma de ler a Bíblia proposta por Bento XVI, antes do próprio padre Gassner encerrar o ciclo de conferências, a 15 de Junho, com uma palestra sobre as reflexões de D. Joseph Ratzinger sobre a cultura e a música.
Marco Carvalho