Cardeal D. John Tong esteve ontem em Macau

«Não podemos tolerar o extremismo islâmico»

O bispo de Hong Kong considera que «a comunidade internacional não pode tolerar o extremismo islâmico», devendo «precaver-se» de todas as formas de violência.

Em breves declarações a’O CLARIM, proferidas ontem no Paço Episcopal, o cardeal D. John Tong apelou a que «todos sem excepção» – católico e não católicos – «não violentem quem professa o Islamismo», tendo defendido, no entanto, que «[a Igreja Católica] deve opor-se ao extremismo professado no Médio Oriente».

Não querendo aprofundar a questão, rematou: «Amamos o nosso semelhante, por isso não lutamos contra ele. Claro que há excepções e a violência a que vimos assistindo tem de parar».

Questionado sobre o modo como decorreram os trabalhos da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e da Assembleia Popular Nacional, durante os quais a religião não foi tema de discussão, D. John Tong relativizou o assunto, afirmando: «A situação na China tem vindo a melhorar. Hoje os chineses podem viajar no estrangeiro; observam e conhecem outras realidades. Ao verem o que se passa lá fora, alargam os horizontes e trazem consigo a esperança de mais liberdade. Estou optimista».

Em jeito de comparação, o prelado recordou as «cerca de cem viagens» que realizou ao interior da China: «Depois da era Deng Xiaoping, em finais de 1979, viajei muito pela China. Nesse tempo o País era menos tolerante e aberto ao exterior. Os padres estavam proibidos de afixar a imagem do Papa nas igrejas. Desde então tenho seguido a evolução e as respectivas mudanças realizadas pelo Governo Central. Apesar de todos os problemas, as melhorias são significativas».

O bispo de Hong Kong esteve ontem em Macau para presidir a missa solene na igreja do Seminário de São José, integrada no programa de festejos do patrono da instituição de ensino. Antes da celebração litúrgica, D. John Tong encontrou-se com D. José Lai, bispo de Macau, no Paço Episcopal.

Também ele um antigo aluno do Seminário, resumiu o início do seu percurso de vida: «Sempre que venho a Macau recordo tempos antigos. Cheguei a Macau em Fevereiro de 1951, vindo de Cantão, ainda não tinha concluído a escola primária. Cantão ficou sob a alçada do regime comunista em 1949. Nos primeiros tempos nada aconteceu, até que começaram a expulsar os missionários e a perseguir os mais abastados. Embora a circulação das pessoas fosse vigiada, muitos conseguiram fugir. Eu tive a sorte de vir para o Seminário, onde pude estudar, apreender valores morais e éticos, e descobrir a minha vocação. De Macau segui para Hong Kong, onde estudei Filosofia e Teologia. Dali fui para Roma e regressei a Hong Kong já ordenado».

O cardeal regressou à ex-colónia britânica, ainda ontem, ao final do dia.

José Miguel Encarnação

jme888@gmail.com

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