BASÍLICA DA SAGRADA FAMÍLIA EM BARCELONA INAUGUROU A TORRE DA VIRGEM MARIA

BASÍLICA DA SAGRADA FAMÍLIA EM BARCELONA INAUGUROU A TORRE DA VIRGEM MARIA

“Estrela de Maria” é luz para o mundo

A um dia do Natal, centrados no nascimento do Menino Jesus e na Sagrada Família, recordamos a recente inauguração da “torre da Virgem Maria” na Basílica da Sagrada Família, em Barcelona, uma impressionante obra do arquitecto Antoni Gaudí. A torre de Nossa Senhora, a segunda mais alta com 138 metros, foi coroada com uma enorme estrela de doze pontas. O momento foi assinalado no passado dia 8 de Dezembro, com a celebração de missa, presidida pelo cardeal D. Joan Omella, arcebispo da cidade condal; bênção da torre e iluminação da estrela. O acontecimento coincidiu com a Festa da Imaculada Conceição e com o final do Ano de São José.

Apesar da conclusão da torre da Virgem Maria, a obra desta imponente e singular basílica ainda não está concluída. Muitas doações têm sido feitas, constituindo estas o grande motor para o final do projecto.

A “Fundació Junta Constructora del Temple Expiatori de la Sagrada Família” refere no “site” oficial da basílica que a primeira pedra do templo foi colocada há mais de cem anos, pelo bispo Urquinaona no dia 19 de Março de 1882.

A basílica é composta por três fachadas alusivas à Paixão, à Natividade – a única que Gaudí viu concluída – e à Glória (actualmente em construção).

Quando estiver concluído, o “monumento” contará com dezoito torres: a de Jesus (a mais alta com 172,5 metros), a da Virgem Maria – recentemente terminada –, mais doze torres que simbolizam os Doze Apóstolos e quatro torres referentes aos evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João.

Um vídeo disponível no canal do YouTube dedicado à basílica, “Basílica de la Sagrada Família”, prevê que os trabalhos encerrem em 2026, ano que coincide com o centenário do falecimento de Antoni Gaudí.

O primeiro desenho do projecto da Sagrada Família surgiu, em 1882, por meio de um arquitecto diocesano, Francisco de Paula del Villar, que seguiu as tendências da época ao introduzir elementos neogóticos. No entanto, divergências ao nível técnico, mais concretamente quanto ao custo dos materiais, fizeram com que Francisco Villar fosse substituído por Antoni Gaudí, que deu ao projecto um novo rumo, transformando-o numa proposta ambiciosa de arquitectura e engenharia; sustentado e guiado pela fé, tanto no desenho como nas soluções de construção.

Em 1883 Antoni Gaudí assume o projecto, e em 1914 dedica-se exclusivamente à Sagrada Família, até à sua morte.

No ano de 2005 a fachada dedicada à Natividade e a cripta da Sagrada Família foram classificadas como Património Mundial da UNESCO. Volvidos cinco anos, a 7 de Novembro de 2010, o Papa Bento XVI consagrou a basílica para o culto religioso, tendo-lhe concedido o estatuto de “basílica menor”.

Só em 2016 teve início a construção das torres dedicadas aos Evangelistas, à Virgem Maria e a Jesus Cristo. Segundo o referido “site” da Internet, as obras foram entretanto interrompidas devido à pandemia de Covid-19, em Março de 2020. No mesmo ano, em Outubro, os trabalhos foram retomados, com o foco a centrar-se na conclusão da torre da Virgem Maria. A 9 de Novembro deste ano foram colocadas doze estrelas de ferro forjado no cimo da torre. Em Apocalipse 12:1 podemos ler: «Apareceu no céu um grande sinal: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua debaixo dos pés, e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas».

MEMÓRIA DE BENTO XVI NA BASÍLICA

Na viagem apostólica do Papa Bento XVI a Santiago de Compostela e Barcelona, nos dias 6 e 7 de Novembro de 2010, na Santa Missa dedicada ao altar e à Basílica da Sagrada Família, o Pontífice revelou que se sentiu mais alegre ao saber que o templo, desde as suas origens, está vinculado à figura de São José: «Comoveu-me especialmente a segurança com que Gaudí, diante das inúmeras dificuldades que teve de enfrentar, exclamava, cheio de confiança na Providência Divina: “São José terminará o templo”. Por isso, não deixa de ser significativo que seja consagrado por um Papa, cujo nome de baptismo é José».

Na mesma ocasião, o Papa vincou que a basílica constitui um sinal visível do Deus invisível, a cuja glória se elevam as dezoito torres – setas que indicam o Absoluto da luz e daquele que é a Luz, a Altura e a Beleza. «Neste ambiente, Gaudí quis unir a inspiração que lhe chegava dos três grandes livros que o alimentaram como homem, como crente e como arquitecto: o livro da Natureza, o livro da Sagrada Escritura e o livro da Liturgia. Assim, uniu a realidade do mundo e a História da Salvação, tal como nos é narrada na Bíblia e actualizada na Liturgia. Introduziu pedras, árvores e vida humana no templo, para que toda a criação se transformasse em louvor divino, mas ao mesmo tempo tirou os retábulos, para pôr diante dos homens o mistério de Deus revelado no Nascimento, na Paixão, na Morte e na Ressurreição de Jesus Cristo», realçou Bento XVI.

O Santo Padre afirmou que Jesus Cristo é a pedra que suporta o peso do mundo, que mantém a coesão da Igreja e que recolhe na unidade final todas as conquistas da Humanidade: «Nele temos a Palavra e a presença de Deus, e é Dele que a Igreja recebe a sua vida, a sua doutrina e a sua missão».

Segundo o Papa, Gaudí mostra-nos com a sua obra que Deus é a verdadeira medida do homem. Como ele próprio dizia, o segredo da originalidade autêntica está em voltar à Origem… que é Deus. Para Bento XVI, ao entregar-se a Deus, o autor da obra foi capaz de criar um espaço de beleza, fé e esperança, capaz de levar o homem ao encontro com Aquele que é a Verdade e a própria Beleza. Daí as palavras de Gaudí: «Um templo [é]a única coisa digna de representar o sentimento de um povo, já que a religião é o que existe de mais elevado no homem», recordou o Pontífice.

A terminar, Joseph Ratzinger lembrou que a ideia de construir a basílica partiu da Associação dos Amigos de São José, para a dedicar à Sagrada Família de Nazaré. «Desde sempre, o lar formado por Jesus, Maria e José é considerado uma escola de amor, oração e trabalho. Os patrocinadores deste templo queriam mostrar ao mundo o amor, o trabalho e o serviço vividos diante de Deus, tal como os viveu a Sagrada Família de Nazaré», enalteceu o Santo Padre.

Perante a grandiosidade da obra, na sua dimensão arquitectónica e espiritual, o Papa transmitiu ainda um sentimento profundo e universal: «Ao contemplar admirado este ambiente sagrado de beleza surpreendente, com uma longa história de fé, peço a Deus que nesta terra catalã se multipliquem e consolidem novos testemunhos de santidade, que prestem ao mundo o grande serviço que a Igreja pode e deve oferecer à Humanidade: ser ícone da beleza divina, chama ardente de caridade, senda para que o mundo creia naquele que Deus enviou».

Miguel Augusto

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