Papa quer Igreja unida e sem mundanidade
O Papa afirmou, no Vaticano, que o «pior que pode acontecer» à Igreja é cair na «mundanidade», confiando no seu próprio poder.
«Eis como se anuncia: mostrando Jesus, não falando de Jesus. Em síntese, caminhando juntos, em comunidade: o Senhor envia todos os discípulos, mas ninguém vai sozinho. A Igreja apostólica é toda missionária e na missão encontra a sua unidade», disse, na audiência pública semanal da passada quarta-feira, que decorreu no Auditório Paulo VI.
«Portanto: ir mansos e bons como cordeiros, sem mundanidade, juntos. Eis a chave do anúncio, esta é a chave do sucesso da evangelização», acrescentou Francisco.
Numa reflexão sobre a “paixão de evangelizar”, o Papa partiu do Capítulo 10 do Evangelho, segundo São Mateus, em que Jesus apresenta os princípios da missão cristã.
«O anúncio nasce do encontro com o Senhor; toda a actividade cristã, especialmente a missão, começa a partir dali. Não se aprende na Universidade, não, começa do encontro com o Senhor», apontou.
Francisco sublinhou que a fé cristã implica serviço e missão, para poder crescer, dando o «primeiro lugar» a Deus.
«Aceitar o amor de Deus é mais difícil, porque queremos estar sempre no centro, ser protagonistas, estamos mais propensos a fazer do que a deixar-nos plasmar», precisou.
A reflexão destacou a passagem do Evangelho, segundo São Mateus, em que Jesus envia os discípulos «como ovelhas no meio de lobos», «mansos e com o desejo de ser inocentes, dispostos ao sacrifício».
«Pensaríamos assim: tornemo-nos relevantes, numerosos, prestigiosos, e o mundo ouvir-nos-á, respeitar-nos-á, venceremos os lobos. Não é assim: envio-vos como ovelhas, como cordeiros», insistiu.
O Papa sustentou que o anúncio cristão leva os missionários a anunciar com «equipamento ligeiro», porque Jesus pediu para ultrapassar «as certezas materiais, para ir ao mundo sem mundanidade».
UCRÂNIA: PAPA INCONFORMADO
No final da audiência pública semanal, o Papa recordou, mais uma vez, as vítimas da guerra da Ucrânia, iniciada a 24 de Fevereiro de 2022 com a invasão russa, tendo apelado ao fim do sofrimento da população: «Não nos esqueçamos do querido e martirizado povo da Ucrânia, rezando para que os seus cruéis sofrimentos possam terminar quanto antes». A intervenção foi saudada com uma salva de palmas, por parte dos participantes no encontro.
Depois de quase um ano de conflito, a Caritas Spes da Ucrânia recorda que centenas de milhares de pessoas lutam pela sobrevivência, enfrentando o frio e a falta de energia eléctrica.
“Há quase um ano, o projecto ‘Apelo Emergencial’ ajuda pessoas em situação de vulnerabilidade. Catorze mil 412 famílias já receberam ajuda humanitária: cestas básicas, de higiene e para o Inverno. A distribuição continua em quase todas as regiões”, indica a organização católica.
A Cáritas alerta, em particular, para a situação na região de Kherson, onde as pessoas estão “sem água, sem luz e sem aquecimento”.
A organização de solidariedade e ajuda humanitária tem ido ao encontro dos moradores para entregar fogões, cobertores quentes e comida.
As agências da ONU lançaram um plano de resposta às necessidades humanitárias da Ucrânia e pediram à comunidade internacional um montante estimado em 5,2 mil milhões de euros para ajudar 15,3 milhões de ucranianos em 2023.
In ECCLESIA